1 Capítulo 🦋

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-Grávida? Você só pode está maluca, -Annelise. - gritou.
-Eu sinto muito, mãe. - chorava.
-Não vem com essa,garota. Eu te falei que não apoiava nenhum relacionamento seu nessa idade. Você acabou de encerrar o ensino médio,sua inconsequente! Você tem uma bolsa para faculdade e iniciará daqui a um mês e agora vem me dizer na maior cara dura que está grávida?
-Eu sei que fui displicente.
-Displicente? Você foi uma idiota! Como contarei isso ao seu pai? Me fala, Anne.
-Contar o que? - meu pai me pergunta entrando na sala,me pegando de surpresa,pois chegou mais cedo que de costume - o que está acontecendo aqui? - notou que ambas chorávamos.
-Pai,eu preciso que sente e me escute,por favor - soluço.
-Não quero sentar, Annelise, eu quero que me conte o que está acontecendo,e agora mesmo.
-Hugo,sua filha está grávida. - minha mãe diz sem arrodeios.
-Grávida? Do que a Laura está falando? - me olha incrédulo e sinto por alguns segundos meu corpo estremecer.
-Eu juro que isso não estava nos nossos planos,pai. Eu-
-Eu vou matar o Apolo - grita vindo em minha direção e segura meus braços - Onde você esperava chegar com toda essa desobediência? Fomos claros quando dissemos que não aceitávamos você com aquele idiota,olha a sua idade garota, planejamos todo seu futuro, dedicamos nossas vidas a você e é assim que você nos retribui? - me sacode forte.
-Hugo,não faz isso,ela está grávida.
-Não precisa repetir,eu já entendi que sua filha destruiu todo o futuro dela. - diz ainda bem alterado.
-Ela também é sua filha e machucá-la não vai resolver nada.
-Verdade, isso não vai resolver. - respiro aliviada assim que tenho meus braços soltos por ele - Arruma as coisas dela,agora!
-O quê? - eu e minha mãe falamos em uníssono.
-É o que você ouviu, arruma as coisas da Annelise que na minha casa ela não mora mais. ... Ela não mora mais - Meu coração erra o ritmo das batidas, mas logo o sinto acelerado. Meu pai não pode estar falando sério! Um nó fecha minha garganta e involuntariamente levo minha mão ao pescoço.
-Pai por favor,não faça isso comigo,eu não tenho para onde ir - suplico agora em soluços,mas percebo que meu desespero não importa já que sua decisão está tomada.
-Você tem sim e eu como pai farei o favor de te levar até lá.
-Lá onde,Hugo?O que pensa em fazer? São quase dez da noite. - olho para minha mãe com olhar de misericórdia.
-Não importa que horas são - diz pegando as chaves do carro e me puxando pelo braço até a garagem.
-Eu não sei o que fazer, estou em total desespero,e penso enquanto estava a caminho da casa do Apolo (pois é para lá que estamos indo) que deveria ter seguido o conselho da Paloma,tirar o bebê, pois assim eu estava livre de toda essa humilhação. Eu estava com poucas semanas, ninguém notaria.
-Meu pai bate a porta da casa do Apolo até alguém atendê-lo e para piorar toda a situação quem nos atende é a Angélica.
-Boa noite-
-Quero falar com seu filho. - permaneço segurada pelo meu pai e de cabeça baixa.
-Ele não está.
-É claro que não,o que um inconsequente como ele estaria fazendo a essas horas em casa.
-Acho que você deve pensar bem antes de falar. Porque não entra e vamos conversar? - meu pai não responde,apenas entra e me leva junto com ele. - O que faz a essas horas em minha casa falando o que bem pensa do meu filho?
-Eu pensei que estivesse sido claro quando disse a você que aconselhasse o seu filho a ficar longe da Annelise.
-Tive uma conversa com o Apolo e fui franca,disse que não apoiava o relacionamento deles dois assim como você e a Marta. Mas vamos ser honestos que ambos sabem bem o que fazem da vida. - revira os olhos.
-Eu tenho minhas dúvidas já que seu filho e minha filha serão pais. - parecia bem mais absurdo quando eu ouvia aquilo em voz alta.
-O quê? - Por muito pouco não a vejo pular do sofá que está. Percebo naquele instante toda a calma que exalava segundos atrás ir embora como fumaça.
-A Annelise tem apenas 17 anos, e acabou de finalizar o ensino médio, a sua faculdade começará no próximo mês. E o seu filho,o Apolo? Ele é um filhinho da mamãe que não tem um emprego decente e muito menos responsabilidades com a vida. Então se eles sabem bem o que fazem da vida deles eu confesso que se tem alguém que não sabe nada da vida esse alguém sou eu.
-Não pode ser - diz paralisada e o seu nervosismo é notado no tom de sua voz - você tem certeza que o filho é do Apolo?
-É claro que o filho é dele - falo pela primeira vez desde que cheguei.
-Conheço uma boa clínica,agendarei um horário para retirada do feto amanhã mesmo,o quanto antes melhor. E tudo será resolvido. - levanta e começa a falar rapidamente uma palavra após a outra.
-O que? - me assusto com suas palavras e o meu pai arqueia as sobrancelhas antes de falar.
-Minha filha não vai passar por procedimento algum. Ela terá esse filho e o Apolo vai assumi-lo, ele terá que ter responsabilidade uma vez na vida e lidar com as consequências de suas atitudes, afinal a Annelise não fez essa criança sozinha.
-Não seja louco, olhe a idade desses dois. - me olha de cima a baixo.
-Estou pouco me importando para isso. Não vim lhe perguntar sobre o que devemos fazer e sim comunicar o que faremos. A partir de hoje a Annelise morará com vocês.
-Pai - o olho de olhos arregalados, bem no fundo eu acreditei que eu voltaria para casa depois de uma boa bronca.
-Você só pode estar brincando. - ri com desdém e cruza os braços.
-Minha casa não tem espaço pra mais dois e eu não sei o que faria todas as vezes que olhasse para seu filho. - responde levantando do sofá.
-Pai,você não pode me deixar aqui - falo entre soluços segurando suas mãos.
-E você não poderia ter feito isso comigo, Annelise.- solta as minhas mãos e vai em direção a saída - amanhã sua mãe trará suas coisas.
-Eu cometi um erro,pai. Não me tira da sua vida e nem da mamãe,por favor - suplico indo em sua direção.
-A consequência do seu "erro" é um filho,um filho aos 17 anos de idade com um rapaz que nem gosta de você de verdade,um cara que está às onze horas da noite de um dia de semana em alguma balada da cidade, enquanto você estava em casa sozinha dizendo ao seus pais estar grávida de um filho dele. Como pai te desejo toda sorte do mundo,pois não só eu como toda a sociedade ao saber vai te dizer que sua vida a partir de agora não será nada fácil. - ele vai embora sem olhar para trás enquanto eu caio no chão em lágrimas,sentindo cada molécula do meu corpo ser consumida por tristeza.

Cicatrizes de uma borboleta (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora