2 Capítulo 🦋

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-Levanta desse chão,garota - ouço Angélica falar secamente - a culpa é toda sua,chorar não resolverá o problema.
-Eu não fiz esse filho sozinha,não tente colocar seu filho em um pedestal. - digo buscando forças para levantar dali.
-Quem você pensa que é pra falar dessa forma comigo? Você está em minha casa.
-E quem você pensa que é pra simplesmente querer matar meu filho,como se fosse a coisa mais natural dessa terra.
-Onde estou errada? Nunca ouviu falar que tudo que não seja bem-vindo ou nos atrapalhe devemos tirar de nossas vidas?
-A criança é bem-vinda por mim,se não é pra você,não tem com o que se preocupar,ela está no meu ventre e não no seu.
-Abusada!
-Em mim você não pisa,e no meu filho você não mexe. - vou para o quarto do Apolo sem esperar resposta.
No mesmo instante que entro no quarto me jogo na cama. "Meu Deus,isso tudo é um pesadelo. Tudo que não poderia acontecer, aconteceu."
Meus pais nunca gostaram do Apolo,mas ao contrário do que eles pensam eu sei que ele gosta de mim de verdade,faz poucos meses que nos relacionamos e não me arrependo de ter vivido tudo que vivi ao lado dele. Nossas famílias nunca se deram bem,meus pais acham que o fato do Apolo ter sido criado apenas por sua mãe,ela nunca se importou em discipliná-lo e ele vive da forma que bem quer,apenas pelo fato dele em certo período da sua vida,passar várias noites fora,com uma fama não lá muito boa.Meu pai é bastante conhecido na cidade e sempre chegou em casa dizendo que algum amigo dele viu o Apolo com outras garotas o que eu acredito que não passe de mentiras para me ver bem longe dele.
Sempre me dediquei aos estudos e consegui uma bolsa em uma faculdade,minha intenção nunca foi decepcioná-los,mas aconteceu e mesmo a faculdade de direito sendo um sonho deles,eu como sempre darei o meu melhor.
O Apolo chegou em casa quando já se passavam das três horas da manhã, eu havia tentado ligar para ele várias vezes,mas o celular estava desligado então acabei adormecendo. Acordei quando senti o peso do seu corpo deitando na cama.
-Apolo!
-Desculpa ter acordado você. - diz baixinho
-Precisamos muito conversar. - falei sonolenta.
-Estou muito cansado, podemos fazer isso amanhã? - depositou um rápido beijo em minha testa - vamos dormir.
-Penso em como ele pode estar tão tranquilo,com certeza já devia saber o que estava acontecendo.
-Pela manhã,acordei primeiro,levantei com cuidado para não acordá-lo,fui até a cozinha onde a Angélica estava tomando café da manhã.
-Uau, a margarida acordou.
-Bom dia - tento ser educada ou pelo menos tento evitar uma discussão logo pela manhã .
-Contei ao Apolo sobre toda essa tragédia - falou levando uma xícara de café até a boca.
-Não sei ao certo se me assusto com essas suas palavras ou com a tranquilidade que ele estava quando chegou perto de mim. Não chegou a pensar que essa conversa deveria ser entre eu e ele?
-Eu sou a mãe do pai da criança que você carrega.
-Seu parentesco com ela já não me importa desde o momento em que você abriu a sua boca para falar que a melhor solução seria tirá-la.
-Eu fui honesta, e não estava pensando apenas no futuro do Apolo mas também no seu.
-Não, você não estava pensando no meu futuro, queria apenas se livrar do que você chama de tragédia. - falo um pouco alterada.
-Você deveria conter mais esta sua língua venenosa.
-O problema não é minha língua,e sim a sua, Angélica.
-O que está acontecendo? - Apolo intervém entrando na cozinha.
-Sua querida namorada não gostou das opções que eu dei para resolver a situação na última noite.
-Mãe, conversamos sobre isso, se a Annelise não quiser ir pra clínica não vou força-la. - diz com um ar de despreocupado,o que aumenta ainda mais minha irritação.
-Então também chegou a pensar em se livrar do bebê - questiono olhando em seus olhos.
-Não é bem assim, Annelise.
-Eu até imagino como foi essa conversa entre vocês dois. E não, eu não vou tirar o bebê nem que eu tenha que criá-lo sozinha - sai irritada da cozinha ignorando a voz do Apolo chamando o meu nome.
Em poucos minutos ele entra no quarto onde me encontro enxugando algumas lágrimas.
-Annelise,eu não irei deixar você ter o nosso filho sozinha, ficarei do seu lado e tentarei ser o melhor possível, um pai que eu nunca tive.
-Eu não sei se conseguirei viver no mesmo teto que sua mãe, ela é impossível.
-Nós vamos conseguir. Não será fácil,mas conseguiremos. - segura minhas mãos.
-Queria muito que você tivesse ouvido a notícia por mim.
-Não mudaria a sensação que senti no momento, isso eu garanto.
-E qual foi? - pergunto curiosa.
-Uma mistura louca de medo com alegria. Na verdade foi uma confusão de sentimentos e sensações, mas aí lembrei que nos damos bem juntos e que vamos conseguir cuidar dessa criança e amá-la.
-Vamos sim - falei acariciando minha barriga.

Cicatrizes de uma borboleta (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora