Remember Who I Was

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Maraú - BA

Pov Helô

Já se passavam das três da tarde, fazia um calor insuportável, era quente e úmido, o sol parecia ser um para cada, e nem o ar condicionado da pequena pousada parecia refrescar a delegada, a atmosfera do lugar era alegre desde que desceu do avião, para onde olhava via cores vibrantes, tudo ao contrário do que Heloísa sentia dentro de si naquele momento.

O destino da delegada seria a vila de Barra Grande, tinha visto algumas fotos e não acreditou que ele estaria vivendo ali por 3 anos. Tinha feito uma escala e havia chego ao aeroporto de Ilhéus antes do meio dia, até Maraú eram pouco mais de 2 horas de carro e finalmente até a vila eram quase 1 hora de estrada de chão, ela entendia o porque ele tinha escolhido aquele lugar, um acesso não era tão fácil e Deus, como era longe!

Stênio era o tipo de homem que gostava da agitação do Rio, gostava da poluição sonora e desde que tinha conhecido ele na faculdade era o típico garoto do Rio. Imagina-ló ali era quase impensável, e talvez por isso ela demorou tanto em encontrar o paradeiro do advogado.

Assim que saiu daquele fatídico almoço com Laís ela foi pra delegacia, pediu que um técnico em informática da delegacia localizasse o endereço de e-mail, a verdade era que ela queria que ele acessasse o e-mail da advogada. Helô sabia o que estava fazendo, sabia que estava quebrando uma lei e o técnico também, ele tentou negar o "favor", tentou dissuadir a delegada, mas ela o tranquilizou, disse que estava tudo bem e que nada "pegaria" para ele. Mais um limite que ultrapassava por causa dele, Heloísa Sampaio tentava ser o mais ética e honesta que conseguia, a educação rígida que o pai militar e a mãe professora lhe deram não deixava espaço para mais nada diferente, mas quando o assunto era Stênio as coisas se deturpavam e ela quebrava mais regras do que deveria ou gostaria, do que sempre se permitiu. Localizar o paradeiro dele não foi fácil, mas o faro da delegada dificilmente falhava. Ele tinha sido cuidadoso, tinha que admitir isso.

Estava parada olhando para seu próprio reflexo no espelho, tinha decidido se hospedar na cidade pois que não ficaria na Vila tempo suficiente para precisar de mais roupas que vestia agora. Para ser sincera consigo mesma Helô se questionou muitas vezes o que estava fazendo ali, do que encontraria e o pior, como iria reagir. Ela não tinha certeza de como lidaria com as suas próprias emoções assim que olhasse nos olhos dele, não é que não tivesse imaginado aquele cenário uma dúzia de vezes, mas a cada vez que o fazia tinha uma reação diferente.

Helô tinha todos os seus sentidos em alerta, estava nervosa e ao mesmo tempo com uma determinação que era só dela, passou anos da sua vida enfrentando situações perigosas mas nenhuma delas tinha causado essa sensação em seu corpo, e o que quer que acontecesse ali naquela vila no meio da Bahia ia mudar sua vida.

A delegada usava um vestido longo coral, fluido, que deixava suas costas de fora, era leve e fresco, não dava pra usar suas roupas típicas naquele calor, então pegou o que tinha de mais fresco na mala. Helô estaria mentindo se dissesse que não se arrumou para ir até ele, queria lhe causar mais impacto do que só a própria presença já causaria, e não saberia dizer o porque, ou talvez soubesse.

Antes de sair do seu quarto da pequena pousada olhou uma última vez no espelho grande a sua frente, ela não se parecia em nada com a delegada Heloísa Sampaio que deixou o Rio de Janeiro naquela manhã, também não se parecia com a Helô mulher de Stênio, nem com a menina Heloísa que já tinha sido, ela estava confusa e não sabia em qual das suas versões era naquele momento...


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Vila de Barra Grande - Península de Maraú

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