Combustível

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_ Quem é vivo sempre aparece... Não é isso o que dizem?

Se ele ouviu não deu nenhum indício estava parado, estático para ser mais exata. Não se parecia com o Stênio dela, estava com os cabelos mais compridos e a barba também estava maior do que a última vez que o viu, ele estava mais bronzeado e mais forte, os braços grandes e o peitoral definido lhe davam um ar totalmente diferente, agora ele não se parecia com o advogado que ela foi casada por mais da metade da sua vida, mas o maldito ainda estava bonito, Deus como podia ficar ainda mais bonito?!

Não sabia se aproximava dele, ou se falava algo, a verdade é que Heloísa não sabia o que fazer, ela também estava estática, tentava acalmar as batidas do seu coração que parecia que sairia correndo do seu peito, as mãos soavam, e podia sentir que tremiam. Outra coisa que Helô tantava controlar eram suas expressões, não queria mostrar o quanto estar ali de frente para ele a afetava, o quanto estava confusa, queria correr pra ele e o abraçar mas também queria lhe esbofetear o rosto, queria gritar pra ele o quanto o odiava, (o quanto odiava ainda amá-lo mesmo depois de tudo) mas estava igualmente parada querendo que ele tomasse alguma atitude.

Stênio se aproximou da delegada a passos vagarosos, parecia que estava com medo, não necessariamente dela, medo que ela se dissipasse no ar como sempre acontecia em seus sonhos.

_ O que você... Como... Como você me achou? - a voz dele era grave e saia quase num sussurro -

Heloísa quase sorriu daquela frase, quase, se ali coubesse algum nível de humor teria deixado a risada sair, porém não havia, não tinha sequer um átomo de humor dentro de si naquele momento.

_ Três anos Stênio... Três anos e essa é a primeira coisa que você me fala!

Ela esperava que ele fosse lhe pedir desculpas, ou abraçá-la, esperava que lhe fizesse aquele questionamento mas só depois.

O advogado deu um outro passo em sua direção mas assim que percebeu o que fez parou voltando a ficar quieto no mesmo lugar, a atmosfera em volta deles era um misto de antecipação, nervosismo, tensão e saudades. Ele tentava com todas as forças controlar o impulso de puxa-lá para perto de si e abraçar a mulher a sua frente mantê-la ali junto dele por tempo indeterminado.

Heloísa sempre foi a mulher mais bonita que Stênio já viu, todos seus pedaços se encaixavam de forma harmônica e a faziam ser aquele ser indescritível e exuberante que era, sempre tinha sido assim! Mas ela estava diferente da última vez que ele havia lhe visto, e estava ali, parada na sua frente, com um vestido que realçava a cor da pele e os olhos ávidos estudando cada respiração que ele dava, ela nunca esteve tão linda quanto agora, e isso o atordoava.

_ Stênio?... - a voz dela o despertou -

Como se ouvir o nome dele saindo dos lábios dela depois de tanto tempo o tivesse tirado do transe, a olhou novamente e tentou finalmente agir racionalmente, se encaminhando para mais perto dela mas ainda tentando manter uma distância segura, não conseguiria estar muito próximo dela e ter que lhe mandar embora.

_ Seja qual for o modo que você me achou... Você não devia ter vindo! - Stênio disse sem conseguir olhar nos olhos dela -

A delegada soltou o ar em uma risada desacreditada, ele realmente escolheria o caminho mais difícil e aquilo a enfurecia, ele realmente achava que tinha aquele direito?

Antes que o seu ex marido passasse por ela em direção a pequena casa atrás de si que antes observava a mão da delegada segurou o antebraço de Stênio, o toque era ríspido e firma, ela o segurava como segurava algum de seus presos.

O toque dela o paralisou, todos os músculos do corpo de Stênio retesaram e sua respiração estava presa na garganta, ele não podia respirar fundo sem sentir o cheiro dela e duvidava muito que fosse conseguir manter o controle com a mão dela o segurando e seu cheiro lhe invadindo os sentidos. Aquilo era uma tortura e ele só queria correr para seu refúgio solitário da casa de praia.

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