04 - A história de Noma

52 8 295
                                    

No dia seguinte a sua chegada ao vilarejo, Aruna acordou sentindo-se mais disposta que nunca. Jogou as cobertas para o lado e foi até a grande janela de madeira para abri-la. Um céu azul claro com nuvens de algodão lhe recebeu. O sol cheio de afeto morno lhe cobriu a pele fazendo-a sorrir. Inclinou-se sobre a janela e viu lá embaixo o pasto vasto com vaquinhas e bois pastando. A vida na fazendo começava cedo.

Aruna decidiu vestir uma roupa mais confortável. Enquanto colocava a calça legging em uma perna observou ao redor do quarto. Noma, sua avó, lhe dissera que poderia decorar da forma que quisesse. Aruna, no entanto, não sentiu nenhuma vontade de alterar o ambiente. Lembrava a ela das visitas quando ainda era pequena e era li que dormia.

O quarto era simples em sua essência, muito diferente do que ela ocupava na antiga casa. Tinha um papel de parede florido e um teto baixo. Moveis e chão de madeira antigos. Era aconchegante a hospitaleiro.

Remexeu na grande mala de viagem em busca de uma camiseta de malha com a promessa de que depois guardaria suas roupas e seus pertences no lugar certo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Remexeu na grande mala de viagem em busca de uma camiseta de malha com a promessa de que depois guardaria suas roupas e seus pertences no lugar certo.

Com os cabelos volumosos soltos ao redor dos ombros desceu, descalça, pelas escadas que davam no andar de baixo. Como nos desenhos animados o cheiro delicioso a guiou, quase flutuando, para a cozinha onde a avó mexia algo no fogão enquanto cantarolava baixinho.

- Bom dia, vovó - disse animada. A mulher virou-se com um sorriso.

- Sente, Aruna. Estou preparando um chá para nós.

Ela fez como a mulher pediu. Noma, diferente do dia anterior, estava vestida com uma blusa de mangas até os cotovelos com estampa quadriculada e uma jardineira jeans larga, e um lenço na cabeça prendendo os cabelos. O visual do campo lhe caia bem e a deixava mais jovem.

- Tem pão fresquinho e brunost - anunciou colocando um bule e xícaras de porcelana sobre a mesa.

O estomago de Aruna roncou alto. Adorava as comidas feitas ali mesmo na fazenda. Todos os ingredientes vindo direto da fonte, fresquinhos. Ela cortou um pedaço do pão de centeio que ainda soltava fumaça e colocou uma fatia do queijo caramelado sobre ela.

- A senhora vai me ensinar suas receitas, não vai vovó ? - Aruna pediu de boca cheia. O sabor era incrível.

Aruna havia aprendido há muito tempo a apreciar a simplicidade da comida e ao mesmo tempo a complexidade do sabor. Ela sentia em cada mordida o sabor se transformando em sua boca e isso era o que mais gostava na comida. Era algo que muitos considerava como fonte de energia e forma adequada de sobreviver. Mas para Aruna a comida era mais do que isso. Era como a arte. Montar camadas. Transformar os sabores. Fazer de algo único outras milhares de formas. Era quase uma poesia.

- Claro querida - ela pousou a xícara na mesa de madeira. - Você já mandou sua inscrição para a universidade ?

- Sim. Estava com medo de não ser aceita depois de tantos anos fora do colégio. Mas eles me aceitaram, preciso ir lá ajustar os últimos detalhes - disse enquanto pegava outro pedaço de pão e passava geleia de amora.

Akarsana - O Encanto da FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora