[dulce veneno letal]

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O toque era gentil, calmo e delicado. Dedos macios deslizavam calmamente pela pele quente da bochecha, traçando uma bela constelação com as muitas sardas que dançavam em seu rosto. Era um toque conhecido, de mãos conhecidas, de um carinho e amor muito conhecido, era até estranho senti-lo em sua pele.

"Abra os olhos"

O abrir dos olhos foi lento e dolorido, mas doeu mais perceber que o toque que antes sentia havia sumido juntamente com o resto do mundo a sua volta. Ao abrir os olhos, ele viu que não havia nada além de um vacou escuro com água, muita água e muita escuridão...era como...se tivesse prendido no vazio da sua alma, no vazio que havia lhe consumido durante tantos anos, tomando aos poucos tudo aquilo que ele considerava para viver em um grande espaço vago com prateleiras vazias que esperaram por anos serem preenchidas, mas que nunca foram e que agora eram preenchidas por poeira e teias de aranha.

"Abra os olhos"

Ele tocou o chão sentindo a água se infiltrar pelos seus dedos. Ele observou como a água mão lhe molhava, como ela apenas existia e não tivesse proposito algum além de existir para tentar completar aquele vácuo, mas que no final não ajudaram em nada e apenas deixaram o lugar mais sombrio e solitário.

"Abra os olhos"

Ele se forçou a se levantar do chão para andar em meio aquela toda vasta escuridão e tentar compreender onde estava preso.

"Abra os olhos"

"Abra os olhos"

"abra os olhos"

Ele andou e andou e andou até parar em meio ao vacou e desistir de tanto andar, ele não aguentava mais andar, não era como se ele estivesse cansado fisicamente, pois andar tudo isso foi a mesma coisa que não andar nada, era como se ele tivesse numa caminhada infinita sem nem mesmo sair do lugar.

"abra os olhos "

A escuridão surgiu das extremidades de sua visão, lhe privando de enxergar o vasto nada, fazendo-o voltar a estar preso no escuro, dessa vez sem uma trilha de água para seguir...mas esse escuro era diferente, esse escuro era reconfortante, o que lhe privava da visão era macio e delicado como as mãos que antes lhe acariciaram a bochecha. Um frio lhe arrepiou a espinha ao ser soprado em sua orelha.

"Abra...seus olhos, hermano"

E ele abriu e quando ele o abriu, ele preferiu ter nunca saído do escuro, ter nunca deixado o toque caloroso, ter nunca deixado a segurança dos braços finos e quentes de sua hermana, ele desejou voltar ao escuro do que observar o que estava observando agora e sentir o que estava sentindo.

O que ele viu foi sangue, muito sangue e pele, além do forte cheiro de ferro, sal, ferrugem e cloro podre, se lhe perguntassem, ele diria que o cheiro a morte era esse. Havia pedaços de órgãos dentro de potes com líquidos amarelados, mas oque mais lhe causou arrepios foram os inúmeros pares de olhos perolados que lhe observavam atentamente dos potes nojentos e sujos. Os olhos pareciam ler sua mente, ler sua alma e julgá-lo por seus inúmeros pecados cometidos nessa vida e provavelmente nas anteriores.

𝘖𝘴 𝘋𝘦𝘧𝘦𝘪𝘵𝘰𝘴 𝘋𝘢 𝘔𝘪𝘯𝘩𝘢 𝘋𝘢𝘮𝘢 Onde histórias criam vida. Descubra agora