07- A sede de vida

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As luzes altas doem meus olhos, os sons a minha volta parecem pertos de mais, equalizados em meus ouvidos. 

— Henry — chamo meu irmão, é tudo o que se passa na minha cabeça. 

— Ele está bem, querida, você deve estar com fome. — me encolho enquanto ele se aproxima. Sua presença nunca me amedrontou tanto. — Lane, entre  — ele ordena, mas de uma forma que poderia ser considerada amigável se viesse de outro alguém, mas para Steve soava mais como uma piada. A garota que entra está com um pequeno corte sangrando em seu pescoço, seu rosto claro está sujo, provavelmente correu muito antes de ser pega. Seus pequenos olhos e as poucas partes do seu corpo ainda limpas denunciam suas origens coreanas. 

— Eu não vou me alimentar dela. — afirmo, o choro fino da garota não diminui, suas roupas escuras me lembra Elena, a combinação de roxo e branco faz parecer que é a mesma, até mesmo o jeans é idêntico, mas diferente da duplicata ela não parecia alguém precisava ser salva, mesmo com seus resmungos finos, ela lutava contra o medo. Seus olhos inocentes enfeitavam sua face, ela parece tão jovem. 

— Sabe por que escolhi ela? — ele faz uma pausa, provavelmente esperando minha resposta que não vem — Ela é uma garota de dezessete anos que está no país ilegalmente, fugindo de sua nação terrível — diz como se fosse piadas bobas saindo de sua boca, fala com a propriedade de um tolo —, é um alvo fácil, devo admitir, mas além disso ela me lembra alguém, que pelo o que sei você não se dá muito bem, talvez seja uma forma de...motivá-la. Sabe de quem estou falando, não sabe? 1,65, magra, cabelo escuro, orfã...— a menina se encolhi tanto quanto eu, ou até mais. 

— Ela é uma adolescente, pare de fazer isso...por favor. 

— O seu erro é apelar pela minha humanidade, querida, diferente dos seus amados namorados não tenho que desligar humanidade nenhumas, sou um psicopata e sentimentos nunca me afetaram. — ele joga a garota ao meu lado, machucando-a mais ainda, ela parou com o pescoço sangrando bem na minha frente e é nesse momento que sinto meu estômago roncar. — se virem.  — ele nos da as costas e começa a sair em passos lentos — sei que não aguentará de fome. 

— Não irei me alimentar dela! — esbravejo. 

Seu rosto se vira para mim, parcialmente, consigo ver apenas a silhueta de seus traços, o grande nariz, os olhos franzidos. 

— Então morra de fome. — sua voz mais fria e grossa do que nunca. 

— Você não deixará isso acontecer, precisa de mim. 

Ele me deixa sozinha, acelera seus passos e não olha para trás ao fechar a porta. 

Estou sozinha com uma desconhecida que não diz uma palavra, mexe os dedos formando uma frases.

Não posso falar, não tenho voz — seu sinal é claro, ainda bem que minha eletiva na escola foi libras, é tudo o que se passa na minha cabeça. 

Melhor, assim ele não nos ouve — faço o sinal para ela. — o que te deixou assim? — admito que tive medo de soar indelicada, mas estou curiosa e acredito que na nossa situação nada mais seja indelicado. 

Tenho distonia desde os meus quatro anos.

— Como veio parar aqui? — pergunto, talvez ela saiba onde estamos. — Se lembra de alguma coisa? 

Não, sinto muito. 

Tudo bem, não é sua culpa. — enquanto converso com ela, tudo o que me passa na mente é o gosto de seu sangue, estou com muita fome, mas não irei ceder para ele, nunca. — Prometo que quando sairmos daqui vai tudo melhorar para você.

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