Epílogo

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Doze anos depois...

Nicolas G. Romania

Algumas coisas mudaram durante esse tempo.
Aquele garotinho curioso foi   trocado por um homem de dezesseis anos, cheio de hormônios e transitando entre os dois sexos no vestimento.

Felizmente, meus pais e tio Pedro sempre me apoiaram nessa liberdade de expressão, permitindo que eu transitasse entre roupas femininas e masculinas, proporcionando um ambiente onde me sinto confortável sendo eu mesmo.

Acabo de tomar um banho rápido, saí do box de vidro e me enrolo a toalha branca em minha cintura e vou em direção ao espelho e percebo  que minha barba estava começando a crescer, embora ainda fosse rala.

Sinto uma leve frustração ao lembrar que não posso passar mais de três dias sem me barbear, pois os pelos começam a aparecer. Abri o espelho, que também servia de armário, peguei o creme de barbear e a lâmina.

Enquanto concluía meu barbear, meu melhor amigo, Benjamim, me ligou. Coloquei a ligação no viva-voz para continuar minha rotina matinal.

- O que foi?! - perguntei, segurando o telefone.

- Cara, tem como eu ir com você para a escola hoje? - Benjamim me pediu. - É que aqui em casa tá uma bagunça. - Pude ouvir xingamentos sendo dirigidos a ele. Dá para dizer que ele não tem uma das melhores relações familiares.

Ele passa mais tempo aqui em casa do que em sua própria residência, e meus pais, suspeitam que nossa amizade vá além do normal, amizade colorida, mas eles sabem que eu tenho namorado.

- Claro, cara. Não demora, porque você sabe como o Sr. João Vitor é estressado - respondi, rindo, e encerramos a ligação.

Rapidamente, vesti o uniforme escolar, composto por uma bermuda preta e uma camisa branca, coloquei meus anéis e um colar que foi dado pela minha mãe e desci para tomar café da manhã com meus pais.

- Papai - disse, me dirigindo a ele com carinho, abraçando-o por trás. Eles  estavam um tanto estressados por conta do trabalho.

- Seus abraços sempre me confortam, Nick - Meu pai Pedro  respondeu, bagunçando meu cabelo.

- Acho que obrigado é a resposta certa - disse, sorrindo. - Bom dia, pai.

- Bom dia, campeão - meu pai respondeu, tirando os olhos do computador. - Quer café? - perguntou, estendendo uma xícara. Olhei imediatamente para o papai  em busca de aprovação.

- Pode confiar, querido, está uma delícia - Pedro respondeu por mim.

- Então vou querer, pai - falei. Meu pai serviu o café, bebi enquanto os gatos estavam por perto, quase idosos. Fazendo carinho em Vicente com os pés, ouvi a campainha tocar.

Provavelmente, era o Benjamim. Eu estava prestes a me levantar, mas meu pai pediu para eu terminar de tomar café, pois ele iria atender a porta.

Benjamim e eu somos amigos há quase dez anos. Formamos um trio inseparável, juntamente com Bella. No entanto, como ela não havia mandado mensagem, presumi que ela não precisasse de carona.

- Oi, tio Jão - cumprimentou Benjamim, ao encontrar-se com meu pai. Seus cabelos castanhos curtos geralmente são arrumados e alinhados, mas hoje estavam um caos, provavelmente por conta da discussão que ouvi no telefone. Ele é um pouco mais baixo que eu, o que é normal, considerando que tenho uma altura considerável para minha idade: 1,9 metros. Benjamim tem a pele bronzeada, puxada para o moreno, e seus olhos são escuros e verdes.

Conhecendo meu pai ele iria fazer alguma piada, ou corrigir falando que era para chamá-lo de "sogro". 

Caetano é dois anos mais velho que eu, minhas tias adotaram ele há mais ou menos oito anos atrás quando ele tinha apenas 10. 

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