A dor inevitável

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Aviso de gatilho: Violência, descrição de cadáver, morte, descrição vaga de luto, assassinato, descrição de ferimentos, descrição explícita de tortura, assédio sexual, tentativa de homicidio, sangue e menções a sangue, tentativa de estupro, ataque de pânico, ideação suicida, discussão sobre morte, homofobia, uso não consensual de drogas.

Um dos novos passatempos favoritos de Neil era observar a forma com que a fumaça de seu cigarro era levada pelo vento. Tornou-se um costume para ele ir até o telhado e se sentar na borda da mureta de proteção quando precisava de um pouco de paz — normalmente Andrew pedia para se juntar a ele, mas hoje era quarta-feira, era um dos dias de Betsy.

Ele suspirou se lembrando do afinco que Andrew colocou em tentar convencê-lo a vê-la ao menos uma vez a cada duas semanas após a morte de Seth, alegando que conhecia Neil bem o suficiente para saber que ele se culparia pela morte do outro atacante.

Levando o cigarro aos lábios e dando uma longa tragada, Neil sentiu o sabor amargo da fumaça em sua língua — quase tão amargo quanto o sabor da falha. Era culpa de Neil que Seth tivesse sido morto, principalmente depois que Allison pediu a ele por ajuda para mantê-los a salvo durante a noite.

Neil soltou a fumaça pelo nariz vendo novamente a nuvem branca sendo varrida como se nunca tivesse estado ali em primeiro lugar.

Ver Bee acabou sendo menos terrível do que ele inicialmente pensou que seria — o que não deveria ser tão surpreendente levando em consideração o quanto Andrew gostava da mulher — mas num modo geral, não era eficaz. Neil não era bom em abrir a boca e, mesmo que Andrew tenha insistido em dizer a Betsy que ambos eram almas gêmeas e a maneira que eles se ligavam, ainda não havia muito que ele pudesse dizer sem colocar a ele mesmo, Andrew e Betsy em perigo.

Ele estava prestes a tragar o cigarro novamente quando ouviu o ruído metálico da porta do telhado se abrindo.

Neil não se virou, não era Andrew, então qualquer assunto que tivessem a tratar ali, não era de seu interesse.

— Vocês deveriam dar um jeito no barulho dessa coisa. Qualquer dia desses vai assustar um dos dois e vocês vão virar uma mancha na calçada.

Neil bufou, o ar saindo por seu nariz em uma risada antes que ele pudesse se conter.

A voz de Aaron era parecida com a de Andrew, muitas pessoas pareciam confundir — mas da mesma forma que Neil poderia diferenciar a aparência física de ambos sem sequer um segundo olhar, a voz não ficava para trás.

Ele trouxe o cigarro aos lábios, tragou a fumaça e fechou os olhos ao soltá-la novamente.

"Seu irmão está aqui"

"Onde você está?"

"Telhado"

"Diga a ele que eu não dou permissão para que ele te jogar da beirada"

— Ei, Aaron. — Ele falou, ainda segurando o cigarro perto do rosto. — Seu irmão diz que você não tem permissão para me jogar daqui.

— Estraga prazeres. — Respondeu, seu tom era bem-humorado e brincalhão. Neil ainda não havia se acostumado com o pensamento de que havia outra pessoa no mundo além de Stuart e Andrew que genuinamente pensava nele como família. Era uma pílula difícil de se engolir, mas não exatamente ruim. Era bom, mas não tornava menos estranho. — Como você está? — Ele deu de ombros, finalmente se virando para Aaron. — Certo, pergunta estúpida. — Neil ergueu uma sobrancelha para ele e Aaron revirou os olhos. — Você prefere arrancar o próprio braço que dizer a verdade. — Ele deu de ombros novamente, era meio que verdade. — Você faz parte da minha família também, idiota. Querendo ou não.

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⏰ Última atualização: Jun 10, 2023 ⏰

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