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 O exército estava em formação diante da tempestade vermelha. Os soldados suavam frio, engolindo a seco, de mãos firmes segurando as armas, mas pernas frágeis, lutando para não desmoronarem.

— Nunca pensei que voltaria por vontade própria para um lugar como esse... — Disse Glórienn, segurando a mão de Kahn, diante das tropas.

Faerla se aproximou do jovem.

— Estamos prontos.

Kahn assentiu.

— Então que comece. — ele virou para as tropas — Defensores de Arton, me escutem! Hoje estamos reunidos aqui, como um só coração, um só povo! Nenhum de nós queria ter de entrar na Tormenta e enfrentar suas criaturas aberrantes! Nenhum de nós é culpado por essa invasão! — Faerla olhou de canto para Glórienn, que desviou o olhar — Nós não temos como sobreviver se deixarmos o lobo devorar nosso rebanho! Por isso, lutaremos! — ele virou para a Tormenta, apontando a mão em sua direção — Eu digo que venham! Pode vir todos os Lordes da Tormenta, nós estaremos prontos! Que venham como homens e nos enfrentem! Eu os desafio a se mostrarem e encarar a fúria de Arton que assume a forma de seus mais valentes guerreiros aqui, agora, nessa campina diante do forte vermelho! — ele olhou de canto para Faerla — Comece.

Ela assentiu e voltou a passos largos para junto das tropas.

— Comigo! — Faerla ergueu a espada, com as tropas vibrando, então olhou para Keila e Dun'Balar mais ao lado — Sabem o que fazer!

Keila pegou o elmo de escamas douradas que Alvuin lhe entregou e o vestiu. Alvuin assumiu sua forma de dragão, então Keila montou nela, com a espada em mão. Sem dar nenhuma ordem, ela levantou voo rumo a Tormenta, seguida pelos kobold, correndo como se tentassem alcançá-la.

Dun'Balar rugiu, bateu no peito e ergueu os braços diante de seus guerreiros, que vibravam, ferozes como ele. Eles avançaram rumo a tempestade como um bando de animais selvagens perseguindo a presa após dias de fome.

Glórienn viu os amigos que haviam sumido surgirem mais adiante, indo em direção a Kahn.

— Onde vocês...

— Não é o momento. — a interrompeu Kahn, avançando um passo em direção ao grupo — Meus amigos, sei que pedi muito. Estão preparados?

— Foi um sucesso. — disse Berthol — Vamos cortar lefeu e banir a Tormenta.

Kahn passou os olhos pelos demais, que assentiram. Ele então olhou para Faerla, que respirou fundo e apontou a espada em direção a tempestade. O exército avançou para a batalha, marchando com fé, cada um em seu deus, esperança e bravura ao irem onde muitos não ousavam nem mesmo passarem perto.

Kahn colocou um elmo sem viseira e formou Izanagi em sua mão.

— Vamos acompanhar.

— Atacar!! — Donna ergueu a mão ao alto, sendo alvo de estranheza do grupo — Eu sempre quis falar isso. — Ela deu uma risadinha, causando ainda mais estranheza em como conseguia rir diante da Tormenta.

Eles avançaram correndo. A respiração de Glórienn ficou acelerada, mas não hesitou, entrando na Tormenta, com o Lorde da Tormenta de Amarid parecendo já estar esperando, ao ter reunido o que parecia uma horda lefeu já na entrada, com a batalha acontecendo de forma caótica. Kahn estranhou as tropas já estarem misturadas, totalmente fora de formação e com vários corpos, tanto lefeu, mas muito mais de seu exército, espalhados, como se a luta já se arrastasse por muito mais tempo do que apenas os minutos que entrou depois do exército.

Apesar disso, sua força seguia avançando, abrindo caminho rumo ao forte. A chuva ácida era cruel, e os raios, como a fúria do céu vermelho. O cheiro forte de barata queimada causava repulsa, fermentando com o calor que era como se estivessem no Deserto da Perdição no mais quente dos dias de verão, e as poças ácidas criadas pelo sangue dos lefeu mortos, se tornavam armadilhas prontas, como um campo minado.

KAHNOnde histórias criam vida. Descubra agora