Capítulo 15. Ceifeiro

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Marinette observou, preocupada, o vilão perscrutar o pátio da escola e, em seguida, o cenário onde estavam, de forma lenta, quase desdenhosa.

E embora seu instinto, assim como o das pessoas ao seu redor, indicasse que deveria correr, todos permaneceram congelados, já que as raízes suspensas exibiam o quanto do local havia sido tomado. Era quase impossível se mover sem esbarrar em qualquer uma delas.

- Vejo que vocês construíram seu próprio jardim. - A voz trovejante do akumatizado ecoou, os olhos amarelados fixados nas flores de origami. - Estou cultivando um melhor, entretanto. - Anunciou.

Aproveitando-se do discurso, a mestiça olhou de soslaio para a cortina negra que cercava o cenário. Se ao menos pudesse chegar até ela...

Resoluta, ensaiou alguns passos para trás, de forma cautelosa.

- Nesse momento, lhes dou uma escolha. - O vilão continuou, satisfeito demais com sua audiência colaborativa para reparar na jovem sino-franca. - Vocês podem fazer parte dos meus planos como plantas do meu jardim, ou - fez uma pausa dramática - podem me entregar Chloé Bourgeois, e apenas desfrutá-lo. - Propôs.

- O quê? - A filha do prefeito, que ainda se encontrava em no posto de sua personagem, gritou, a voz aguda e afetada.

- Fala sério, de novo? - A indignação de Marinette era tanta que ela até se esquecera que deveria passar despercebida, fazendo com que seu plano de sair discretamente fosse por água abaixo. - Por que eu não estou surpresa? - Acrescentou e, embora estivesse frustrada com a própria estupidez, seu tom exalava desânimo mais que qualquer outro sentimento.

- Meta-se com seus negócios! - A loira rebateu, fitando com ira a jovem sino-franca, que não se deixou abalar. Não quando precisava se preocupar com a figura assustadora que flutuava logo acima.

- E então? - Insistiu o vilão, cortando a pequena discussão.

- Por mim, pode levar. - Alix, ainda irritada com a armação do dia anterior, opinou.

- Alix! - Em conjunto, Srta. Bustier e Marinette repreenderam a patinadora.

- O quê? A Ladybug salva ela depois. - Defendeu-se.

Um pigarrear, vindo de cima, calou o pequeno debate antes que se fomentasse. Aparentemente, a figura consideravelmente assustadora, não estava satisfeita com a casualidade com que aquelas pessoas estavam agindo. Mas ela não iria deixar por isso mesmo. Ah, não.

- Vejo que vocês não estão me tratando com a devida seriedade. - Observou, a voz imponente. - Uma pena. - Lamentou falsamente, fazendo um movimento circular com a sua foice, após o qual, as raízes reiniciaram seu ataque impiedoso.

Novamente, o caos instalou-se no cenário, sendo, provavelmente, refletido no pátio principal, vez que gritos emanavam de todos as direções.

E como se fossem alimentados pelo pânico, os inúmeros ramos continuavam se projetando em direção às vítimas, sendo que, aqueles que não conseguiam correr, eram suspensos, arrastados e sacudidos, até serem transformados nas árvores medonhas.

Marinette esgueirou-se pela parede do cenário, procurando a falha no tecido por onde havia entrado em cena, clamando em silêncio para que não fosse arrebatada por nenhuma das raízes. Já tinha problema de propularidade o suficiente para que ainda tivesse que se transformar na frente de todos.

Estranhamente, sua tática parecia estar funcionando, vez que os ramos se concentravam em perseguir aqueles que corriam ou se debatiam.

Interessante.

Sacudindo a cabeça, a mestiça afastou suas divagações. Não era hora para aquilo. Concentrando-se em alisar o pano negro, quase gritou de contentamento ao encontrar a abertura, tendo tempo, antes de se apressar em atravessar, de observar, com pesar, alguns de seus colegas de classe lutando contra as estranhas plantas, que mais pareciam serpentes.

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