Capítulo 2

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POV. LAUREN

            "Ele corria em minha direção, sorrindo, de braços abertos, um bebê, uma criança que aparentemente não tinha muito mais que dois anos de idade, um menininho branquinho, cabelos grandes, escuro, liso e levemente ondulados nas pontas, que balançavam conforme o movimento estava fazendo e o vento jogando parte do seu cabelo para trás. "Mamãe..." ele gritava. Eu o via correr, estávamos em um parque aberto, cheio de árvores, mas tudo estava embaçado ao nosso redor, eu focava o olhar apenas no meu menininho correndo, era tudo o que eu conseguia ver, tudo em escala de cinza, como se tivesse uma cortina de neblina em minha visão. Abri meus braços e me agachei para recebê-lo, que logo tratou de me abraçar pelo pescoço, fechei meus olhos e beijei sua cabeça. Meu menininho me abraçava tão forte, eu me sentia completa, nós éramos apenas um, dois em um. "Amor...", eu já estava em pé quando senti alguém me abraçar por trás, envolvendo seus braços em minha cintura, me virei, mas eu não conseguia ver o seu rosto, a neblina se fechou em minha frente,senti uma forte dor em minha nuca, eu estava no chão... comecei a ouvir o choro de agonia do meu menino, um choro de dor, ensurdecedor, me virei pra olhar, mas a dor me impedia de abrir meus olhos. Apenas ouvia o choro de meu filho ficando longe, cada vez mais longe e mais baixo. Alguém o tirara de mim.Comecei a chorar desesperadamente. Roubaram meu menininho e eu não pude fazer nada por causa da maldita dor, uma música começou a tocar, eu ainda chorava, alguém gritara meu nome, mas não conseguia olhar..."

 – Lauren, LAUREN! – Ouvi a voz de Taylor me chamando, instintivamente abri meus olhos, ela estava sentada na minha cama, do meu lado me balançando pelos ombros de um lado para o outro. – Acorda, você tava chorando e gritando...teve pesadelo? – balancei minha cabeça negativamente, sentei na cama, limpando meus olhos. Eu estava mesmo chorando. Taylor apenas me olhava com uma expressão preocupada.

Oh shit!

–Foi horrível... – foi tudo o que consegui dizer.

– Calma, já passou. – Ela me abraçou e me permiti derramar as lágrimas que teimavam em cair, fiquei ali abraçando minha irmã, chorando em silêncio. – Anda, você tem que ir pra faculdade, chorona. – Taylor saiu do abraço e deu um sorriso de canto de boca. Eu amava minha irmã, ela cuidava de mim, ela era tão nova e tão madura, era a irmã mais velha que eu queria ter e veio como caçula.

– Já vou. – dei um sorriso fraco de volta e passei a mão no meu rosto, limpando as lágrimas. – obrigada por me acordar desse pesadelo. – Ela assentiu, se levantou e saiu do meu quarto.

Fiquei sentada por uns vinte minutos pensando nesse sonho. "Por quê sonhei com isso? Qual era o motivo pra sonhar com isso? Eu nem tenho filho". Tentei lembrar do rosto do meu menininho, branquinho, com covinhas nas suas bochechas gordas. Tentei lembrar do rosto da pessoa que estava comigo ali, foi em vão. Eu nem havia visto o rosto no sonho... "mas quem será? Por que eu não o via?". Resolvi deixar esse sonho pra lá, eu tinha um dia pra enfrentar na faculdade. Me levantei e fui para o banheiro.

A faculdade não era nenhuma novidade para mim, eu já havia tentado uns cursos lá antes, então já conhecia alguns professores. Enfim me achei querendo Artes Cênicas, resolvi fazê-lo e tentar ir até o final.

– Lauren, não vai tomar seu café? – perguntou minha mãe quando desci a escada e passei pela cozinha direto pra sala. Ela me olhava com um prato de panquecas na mão, que pusera logo  no centro da mesa.

– Não dona Clara, estou sem fome. – sorri e me aproximei para beijá-la, ela me abraçou. – vou comer no caminho, tudo bem?

– Você quem sabe, bebê da mamãe. – ela sorriu e se afastou, sentando à mesa do lado de Chris, que avançou no prato de panquecas. Revirei os olhos. "Morto de fome!" pensei comigo mesma.

Yes or No (camren)Onde histórias criam vida. Descubra agora