Sinto minha cabeça latejar, meus olhos estão pesados, meu corpo inteiro reclama de cansaço, tento abrir os olhos mas sinto como se estivessem colados, estou cansada, mas ao mesmo tempo não há razão para isso, já que estive dormindo esse tempo todo. Rolo na cama e me recordo de um sonho estranho que tive com Jasper, lembro da sua expressão assustada, lembro do desespero em sua voz para que eu fosse embora com ele, e então eu lembro de fechar os meus olhos pela letargia. Com um estalo abro meus olhos e a primeira coisa que me dou conta é que não estou em meu quarto, não reconheço onde estou. Sinto os lençóis com as mãos me certificando que estou realmente acordada. O quarto inteiro tem cheiro de lavanda, paredes brancas e móveis caros preenchem o ambiente, a luz está baixa e ouço um baixo som do aquecedor. Embaixo de mim os lençóis são macios como plumas, brancos e confortáveis. Nunca estive em um local assim, sinto meu estômago embrulhar quando começo a me dar conta do que aconteceu.
- Jasper! – Grito seu nome, mas tudo que recebo é o silêncio. Devagar ando até a porta do quarto que separa o outro cômodo e abro a mesma devagar, a passos lentos entro na grande sala do quarto de hotel, não me dou ao trabalho de procurar por Jasper já que seu cabelo dourado desponta logo acima do sofá de couro sintético na sala.
- Você pode me explicar o que está acontecendo aqui? – Caminho furiosa em sua direção. Ele levanta os olhos para mim e passa a mão pelo cabelo.
- Eu não queria ter que fazer isso, Isabella, mas você não me deu escolhas. Ficar em Forks é como assinar sua sentença de morte.
- Você... Você me sequestrou? – Olho ao redor, caminho até a porta da frente e puxo a maçaneta mas nada acontece, puxo novamente e a porta continua trancada. Ando em círculos pela sala e vou até a janela do quarto, elas não abrem, através do vidro fosco vejo que estamos no alto, uns 20 andares até o chão, ainda chove do lado de fora então acredito que não estamos muito longe de Forks.
- Eu não sequestrei você, eu estou salvando a sua vida. – Jasper fala em um suspiro. – Você pode me odiar se você quiser mas eu estou fazendo isso por você.
- Eu não pedi a sua ajuda, eu nem mesmo queria a sua ajuda. Meu deus, jasper! Eu quero ir para casa. – Digo procurando algum jeito de sair dali, Jasper continua sentado no sofá acompanhando meus movimentos com os olhos.
- Sinto muito Isabella. Alice está tentando descobrir uma maneira de lidar com isso, mas até lá seremos eu e você.
- Você pode por favor não citar o nome dela? – Digo ríspida. Toda vez que ele citava o nome de Alice eu me sentia culpada, um nó se formava em meu estômago e eu sentia raiva pelo seu cinismo em agir como se nada tivesse acontecido entre nós.
- Eu entendo seu ressentimento com Alice, mas ela só está tentando ajudar. – Jasper respondeu friamente.
- O meu ressentimento? É disso que se trata para você? – Falei não contendo a raiva. A situação era absurda. – Eu preciso ir para casa, Charlie vai colocar a polícia atrás de mim.
- Não me preocuparia com isso, Alice me ajudou a criar um plano, ligamos para sua casa avisando sobre uma visita a universidade do Alasca, Charlie acredita que você está em um avião nesse momento atravessando o país para conhecer a universidade com tudo pago por eles, suas notas são boas e era uma proposta irrecusável. Ele vai te ligar em breve.
- Ótimo, mal posso esperar para pedir socorro. – Falei ainda andando em círculos, procurando por uma chave, ou alguma coisa que me ajudasse a abrir a porta. Jasper levantou do sofá e veio calmante caminhando em minha direção. Dei uns passos para trás até senti a parede em minhas costas.
- Escute, Demetri foi até a sua casa procurar por você, o que significa que ele não tem medo que Charlie o veja por lá, sendo assim, quais a chances de Charlie chegar em casa depois do trabalho e encontrar um vampiro desconhecido na sala de jantar? Quais as chances de Demetri poupar a vida dele sendo que seu único objetivo é levar você para Volterra? – As palavras de jasper eram frias, seus olhos estavam fixos nos meus. Aos poucos eu ia entendendo a gravidade da situação. Jasper tinha razão, ficar perto de Charlie com um vampiro atrás de mim era talvez condená-lo a morte junto comigo, e ele realmente não merecia morrer drenado por um vampiro só porque meu orgulho se recusava a me deixar ouvir Jasper.
Respirei fundo e senti as lágrimas tomarem conta de mim, eu estava cansada, cansada de lutar contra o turbilhão de sentimentos que me afligiam a dias. Me afastei de Jasper e corri para o quarto caindo em um choro profundo, tranquei a porta e me permitir chorar tudo que tinha deixado guardado esse tempo todo. Me abracei aos travesseiros buscando algum conforto para minha alma. Meu celular vibrou e eu o peguei na mesinha ao lado da cama secando as lágrimas com a mão.
“ Não se preocupe cordeirinho, em breve eu acharei você. – Edward”
Um calafrio percorreu meu corpo, apesar do aquecedor está no máximo meu corpo começou a tremer, meu coração palpitava forte em meu peito e eu não conseguia respirar, comecei a buscar o ar desesperadamente mas era em vão, meu peito doía como se estivesse em brasas, lágrimas rolavam pelo meu rosto sem controle.
Com um estalo Jasper abriu a porta do quarto e se aproximou com cuidado sentando na borda da cama.
- Respire comigo, Isabella, 1... – Ele puxou o ar e eu tentei seguir seu ritmo enquanto ele contava até 10. Jasper segurou minha mão com certa força.
- E-Eu sinto como se eu fosse morrer e...e...
- É só um ataque de pânico, vamos lá de novo, respire. – E eu segui fazendo tudo de acordo com o que ele orientava. Aos poucos fui sentindo minha respiração se normalizando, e meu coração voltou a bater em um ritmo aceitável. Penso em contar para Jasper o motivo, penso em falar sobre as mensagens de Edward mas não digo nada, ao invés disso só agradeço.
- Obrigada. – olho para Jasper agradecendo, mas ele não olhava para mim e parecia que não estava respirando.
- Está tudo bem com você? – Sem perceber toco em sua mão, Jasper segue o movimento com os olhos e eu rapidamente as retiro, sentindo minhas bochechas corarem. Jasper da um pulo para trás se afastando de mim.
- É muito mais difícil ficar perto de você agora do que era antes. Lembro constantemente do sabor do seu sangue doce e quente descendo pela minha garganta. – Jasper levanta o rosto para olhar para mim, seus olhos em um tom de vermelho mais escuro que o carmim de antes, ele sorri de lado. – Toda hora eu penso como seria poder provar você de novo. – Sua voz é quase um sussurro. Ele anda devagar e se aproxima de mim, seus dedos tocam o meu rosto e eu fecho os olhos. Seu polegar desliza pela minha bochecha corada, eu deveria gritar para que ele se afaste, mas estou hipnotizada pela sua presença, sinto meu coração acelerado, o que provavelmente não facilita o trabalho de Jasper em me manter viva. Vejo o movimento em sua garganta quando ele engole o veneno em sua boca.
Ele abaixa em minha direção e aproxima seu rosto do meu pescoço, posso sentir sua respiração em minha pele, mordo o lábio em expectativa.
- Isabella... – Jasper chama meu nome mas eu não consigo responder, o som reverbera na minha pele me arrepiando, o sotaque sulista carregado transformando uma simples palavra em um deleite aos meus ouvidos. Com um movimento rápido Jasper me puxa para mais perto, sua mão envolve meu cabelo e ele puxa um pouco para o lado deixando meu pescoço exposto. Sinto quando seu lábio toca minha pele, um beijo demorado sobre a minha carótida pulsando, ele respira fundo e sinto sua língua deslizar na minha pele, mordo o lábio e suspiro. Quando sinto os dentes de Jasper raspando sutilmente minha pele um barulho estridente nos assusta e quebra o transe entre nós. Jasper se afasta devagar e seus olhos me encaram com espanto. Ele pega o celular no bolso e se afasta para atender.
- Alice, o que aconteceu? – ele olha para mim e caminha pelo quarto – Eu... Eu sei, eu sei, não deveria ser acontecido... Sim, eu sei, as coisas saíram do controle mas eu ia conseguir parar... eu não... tudo bem, não vai mais acontecer.
Estou parada no mesmo lugar, sinto meu corpo quente, meu coração descompensado, minha respiração cortada, eu deixaria Jasper me morder se ele quisesse, por mais difícil que fosse confiar nele, eu não tinha medo que ele não conseguisse parar, eu lembrava da sensação que tinha sentindo quando ele me mordeu da primeira vez, e eu queria sentir de novo. Levo a mão ao meu pescoço e sinto a pele arder. Jasper desliga o telefone e vira para mim.
- Eu preciso sair para caçar ou serei um perigo para você. – Jasper fala com a voz rouca virando para sair do quarto. Não quero que ele vá, não quero imaginar ele causando a mesma sensação em qualquer outra pessoa que não seja eu. Penso em pedir para que ele fique, mas por outro lado é a oportunidade perfeita para tentar sair daqui.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Marcada. Bella/Jasper
FanfictionEm uma tarde chuvosa, segredos obscuros podem surgir em meio ao prazer.