Capítulo 5 - Dor

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15 de Julho de 2014

Ele podia ver o catarro se misturando com as lágrimas. Ela estava chorando, chorando de verdade. Ele imaginou quantas vezes os homens ao seu lado haviam visto cenas como essa. Ele se imaginou no lugar dela, ali, agachado atrás de uma arma, implorando pela vida.

- Por favor por favor eu faço o que vocês quiserem por favor por favor não puxa esse gatilho não atira em mim NÃO ATIRA EM MIM! - ela disse.

Diego estava paralisado. Ele tinha uma arma em sua mão direita e outra apontada para suas costas de dentro de um carro. Ele tremia, em choque. Aquela garota era inocente, bonita, experta pelo que parecia. Podia muito bem ser uma universitária e ter um belo futuro, talvez tratasse viciados como ele ou cuidasse de pessoas com necessidades especiais, ou ainda descobrisse a cura do câncer, ou melhor, da calvície, quem sabe?

Ele não queria matar ela, ele não conhecia ela, mas que escolha ele tinha?

- Aí - gritou Mikael da janela do carro, com a arma na mão - é ela ou você expertão. E nem inventa de fazer uma bobagem se não vai ser você também. Eu vou contar até três, e se quando eu terminar ela não estiver morta, nós teremos dois cadáveres aqui.

- Não, não, não, não, não, por favor moço... - ela disse.

- Um...

- Eu... Eu tenho amigos muito perigosos, que podem... Podem matar você e... E também a sua família! - ela disse.

- Dois...

- Desculpa... - ele disse.

Ele tirou a trava da arma e apontou para a cabeça dela.

- Três.


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- Diego...? - ela tentou chamá-lo

Ele continuou dormindo.

- Dieguinhooo? - ela o chutou de leve, e ele acordou.

- O quê... Quem é você? - ele perguntou.

- Eu sou a Marlett. Lembra de mim?

- Marlette? - esse nome lhe parecia um tanto familiar, mas ele não conseguia se lembrar onde o tinha ouvido. Ela fez cara de brava.

- Eii! Não é Marlette. É Maaaaarlett, como Scaaaaarlett, Maaaaarlett.

Diego ainda estava muito confuso quanto a tudo.

(Eu não tinha morrido?)

Ele tinha sobrevivido a um acidente pelo que parecia, mas não tinha nenhum ferimento, nenhuma dor. Mas ele tinha desmaiado e acordado do lado de fora do carro. E Ed e Mary? Onde eles estavam? Podiam tê-lo abandonado? Ou pior, podiam ter sido raptados? Ele não sabia. E quem era essa garota que o estava chamando pelo nome? Ele também não sabia.

- Tudo bem, Maaaarlett - ele falou, se sentando no chão. - Onde estão seus pais?

- Eu não sei.

- E o Ed e a... As outras duas pessoas que estavam comigo. Você sabe onde elas estão?

Ela franziu o cenho.

- Que outras pessoas?

- O Ed e a Mary. Deixa pra lá. Tem alguém com você?

- Você.

Se o Fim Não Fosse o PiorOnde histórias criam vida. Descubra agora