Capítulo 1 - O Nome Dele Era Jhonny

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1

Mary estava saindo do hospital quando a Bruxa roubou as estrelas.

Ela passou alguns minutos tentando encaixar a chave naquela merda de buraquinho e ligou o carro.

Qual era mesmo o acelerador?

É difícil de lembrar quando seu cérebro está entupido de álcool.

Direita!

Ela teria deixado morrer se aquela caçamba não fosse automática. Quantas garrafas ela tinha deixado no banco do passageiro? Três? Quatro? Isso importava?

Mary pisou fundo, deixando para trás aquele hospício de moribundos. O carro deu um tranco e começou a correr. A carroceria da Mercedes já arranhada e amassada, acostumada com passeios desse tipo.

Ela virou na rodovia e continuou a acelerar. 90. 100. 110.

Essa porcaria não anda mais rápido!?

Ela continuaria acelerando até chegar em casa. Aquela não era uma boa noite. Ela precisava de bebida. Algo bem forte. Ela podia morrer de tanto beber, não importava. Ela podia bater o carro. Talvez até quisesse isso. A dor, o estouro, o impacto, ela queria isso. O fim.

- No Pity, Baby! - Ela disse, acompanhando o som de Corey Taylor cantando o gancho de Custer.

Ela estava rasgando as faixas e os carros, provavelmente já na quinta marcha, quando um idiota cortou a sua frente sem dar seta. Ela estrangulou a buzina com toda vontade (se buzinas falassem, com certeza aquela estaria gritando um palavrão), freou e jogou o carro para a direita e para a esquerda, tentando voltar à pista, mas a roda traseira derrapou e o carro começou a dançar como Carlton Banks em Um Maluco No Pedaço.

Ela puxou o freio de mão e olhou para a pista, assustada, sabendo o que aconteceria.

Maldito, desgraçado, filho de uma boa mãe!

O carro bateu no guard rail. Seu corpo voou para frente, mas o airbag o empurrou de volta como que com um soco e ela apagou.


2

A luz...

Era a morte?

A luz era amarela e redonda, cheia de calor e neblina.

Sol?

Não. Fraca demais. Parecia a luz de uma vela em um quarto escuro. E tinha um homem. Um homem não. Um gnomo. Sim, era um gnomo, com certeza. A silhueta era de um gnomo.

Ela estendeu a mão tentando tocar o rosto da criatura. Tentou falar com ela.

"Oi seu gnomo!" Ela queria dizer. "Meu nome é Elisa e se eu não tô morta, então eu tô bem lokona!", mas sua voz acabou se perdendo em uma névoa de dor e "sei lá qual coisa maluca esse cara colocou em mim", se tornando algo do tipo:

- Huuuuuooooooooiiiiiiggghhhhhnnooooommmm!

O gnomo disse algo turvo que ela não entendeu. Algo relacionado a barulho. Ele fez o sinal de silêncio e pegou o braço dela. Foi quando ela notou que estava com um cotovelo a mais. Então ela gritou de novo. Mais alto dessa vez.

Ela começou a ouvir passos. Passos fortes, vindo do fundo da masmorra. Era um Brutamontes! Um Brutamontes com uma luz! Um Brutamontes de FOGO! Que merda toda era aquela!?

Se o Fim Não Fosse o PiorOnde histórias criam vida. Descubra agora