Capítulo 71. A verdadeira vilã.

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Isso é um pesadelo, tem que ser um!

Eu vou acordar na minha cama daqui a pouco. Assustada, mas com Bruno ao meu lado dizendo que está tudo bem.

"quem é essa garota?"

"é sua amiga?"

"não, eu nunca a vi em toda a minha vida."

eu estava de joelhos no chão, chorando. Quando levantei minha cabeça, Yulla estava me olhando de cima abaixo como se eu fosse uma completa estranha.

Ao lado dela, Mikayil e Hyuan faziam o mesmo.

"pessoal... sou eu, Dahila! Vocês têm que se lembrar de mim!"

"não se aproxime dela!"

"guardas! Uma garota estranha invadiu a mansão!"

"eu não sou uma estranha! Chamem o duque, ele irá saber quem eu sou!"
eu ouvi barulhos de dezenas de pés tocando o chão. Não é normal gritarem por guardas nessa casa, então se o fizeram é porque é algo sério.

Não haveria um único guarda nessa propriedade a não vir averiguar o que está acontecendo, e entre eles estava o duque.

"oque é toda essa gritaria?"

"essa garota invadiu a casa. Nós não sabemos quem ela é. Ela afirma que o senhor a conhece."

"Eu definitivamente não conheço essa garota. É uma amiga sua, Yulla?"

"não. eu não conheço essa pessoa. Mas ela não fez nada, não precisam tratá-la dessa forma."
o duque, meu pai... me encarou como uma completa estranha.

Seus olhos vermelhos não brilhavam com amor, não eram os olhos que eu estava acostumada a ver.

Aquilo partiu meu coração, o quebrou em milhares de pedaços. Um sentimento tão ruim que eu cheguei a sentir dor física.

"essa garota não fez nada? Ela invadiu a propriedade da família real, isso já seria motivo suficiente para matá-la."

Eu não consegui o encarar nos olhos. era como se o meu pior pesadelo estivesse se tornando verdade na minha frente.

Tudo que eu construí, minhas relações, minha casa. Meu casamento.

"não faça algo tão cruel, pai. Eu não sei qual motivo ela teve para invadir nossa casa, mas eu tenho certeza de que ela não o fara de novo. Não é?"
mesmo não me reconhecendo, Yulla continuava com aquele coração puro.

Seus olhos suplicavam para eu concordar com ela. Eu baixei a cabeça, e enquanto segurava o choro afirmei.

"é... senhor, eu nunca mais voltarei a este lugar."

"de que família você é?"

"agora, nenhuma."

"nesse caso, eu lhe emprestarei uma carruagem. Ela irá lhe levar para onde você quiser ir. O único motivo pelo qual você está sendo poupada é porque Yulla pediu. não apareça mais na minha frente."

"como quiser..."

Escoltada pelos guardas eu fui levada para fora da casa próximo a uma carruagem luxuosa.

Eu não tive a chance de ver pela última vez nem Sika, a duquesa, o duque, Oriana e nem Bruno.

"por que isso está acontecendo agora?"

O que eu fiz de errado? Algo mudou do mais absoluto nada e todos esqueceram de mim.

"você deve estar pensando "é como se eu nunca tivesse existido" ou coisa parecida."

"...você!"

"sim. eu."
após ouvir uma risada com tom de satisfação, eu virei meu rosto para perceber que Amanda estava aqui esse tempo todo.

"você devia ver a sua cara agora, é impagável."

"o que você fez!?"

"eu? Nada demais. Apenas os resetei para os padrões de fábrica."

"...você disse que não interferiria na minha vida, não até o dia da minha morte."

"sabe o que é? Eu faço o que eu bem entender, foi mal."

"..."

"na verdade eu até pensei em te deixar em paz. Mas ouvir Bruno me ameaçando daquela forma me deixou com muito tesão nele. Aí uma coisa levou a outra, e eu acabei adiantando alguns acontecimentos do segundo livro."

"você pensa que vai se safar disso?"

"eu já me safei. Diga, o que você vai fazer?"

"ugh!"

minha atenção estava totalmente voltada para Amanda. Então eu não vi aquele homem alto com cara de poucos amigos se aproximar de mim.

Ele me deu um soco no rosto tão forte que foi suficiente para arrancar um de meus dentes.

"olha só para você, não consegue nem ficar de pé, é patético. Ainda assim eu acho que você merece os parabéns. Você é a primeira Dahila que eu vejo conseguir tanto amor dos personagens."

"por que diz isso?"

"eu não fiz nada demais com eles, eu apenas alterei as suas memorias importantes para elas serem comigo invés de serem com você. Isso normalmente faria com que eles a vissem com uma conhecida, ou uma amiga. Mas todos eles esquecerem de você completamente. É quase como se toda memoria em que você está presente, fosse uma memória importante."

As memorias da noite em que Bruno me pediu em casamento vieram a minha mente, como uma faca afiada marcando em meu peito a minha incapacidade de protegê-las. "Dahila, para mim todo o momento com você é um momento importante.".

"eu poderia te matar agora, Dahila. Mas isso não seria divertido. Hoje eu tenho um jantar com meu noivo, sabe, para preparar coisas relacionadas a festa de casamento. Seria bom poder lhe mandar um convite, mas você já estará muito longe daqui."

Amanda fez um sinal com a cabeça, e o homem que socou meu rosto me carregou como um saco de batatas.

"a sua sorte é que meu capataz fiel tem uma filha da sua idade e se recusou a fazê-lo, do contrário você seria o brinquedinho dele. Eu adoro esse tipo de coisa."

"...eu vou te matar, Amanda."

"Já passou da hora de parar de latir. Não acha?"

"mesmo que eu não consiga isso nessa vida, eu vou te matar com minhas próprias mãos!"

"certo, certo. Eu vou esperar por você então. Mas enquanto isso eu irei me deliciar com aqueles lábios carnudos e aquele pau enorme. Tente não morrer até eu chegar. Hugad, leve essa coisa daqui."

"sim senhorita."

"não, agora é senhora. Sou uma mulher que irá se casar."

"certo. Como a senhora desejar."

Eu não fui jogada naquela carruagem luxuosa. Invés disso o homem me levou na direção da floresta que há próximo a mansão que eu costumava chamar de lar.

Enquanto ele fazia isso, eu podia ler os lábios de Amanda se movendo enquanto ela olhava para mim com um sorriso macabro em seu rosto.

"adeus, Dahila."

On my way to a happy life!Onde histórias criam vida. Descubra agora