Incrédulo

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Costumo ser incrédulo, busco não acreditar...
Parte de mim se foi e eu ainda não consigo ver,
mas que parte foi essa?
Algo que eu perdi e que eu já o tinha?
Sofro assassinatos todos os dias,
pessoas me querem ver despido e frio em uma sala de necrotério.
O motivo disso? me querem morto por ser eu.
Um atentado contra a minha própria existência, o meu modo de ser, vestir, falar, andar, viver... Este sou eu "A ameaça".
Como posso destruir famílias?
Como posso destruir aquilo que nem ao menos consigo construir?
Não o quero, não quero saber me comportar,
não quero me sujeitar as suas regras,
não quero ajoelhar numa sala fria e vazia que vocês chamam de Salvação
e me salvar de mim?
Como posso me despir do que sou?
Como posso parar de acreditar que um dia posso ser...

Costumo ser incrédulo, busco não acreditar...
Não quero ser menos eu para suprir suas necessidades de um filho perfeito,
Não quero tentar me comportar de masculinidade para seus amigos não me verem com maus olhares.
E o que vão pensar?
O que vão falar?
O que vão achar de você?
Sou um péssimo filho...
perdido,
uma desgraça,
um erro,
um ultraje,
uma desonra...

Costumo ser incrédulo, busco não acreditar...
Parte de mim já morreu e eu não consigo ver,
será que foi minha fé?
A fé em acreditar na minha felicidade,
que posso conquistar,
que consigo me erguer dos olhares que me esfaqueiam pela rua,
das palavras que atravessam meus ouvidos,
dos pensamentos do que fui e do que não sou... 

Costumo ser incrédulo, buscar não acreditar...
Não posso acreditar em atentar contra a minha vida,
não quero ser menos,
quero estar aqui,
quero sorrir,
quero poder falar,
quero poder andar,
quero poder me comportar como quero,
quero poder falar com os meus amigos,
quero poder amar,
quero poder viver. 

Sob o azulOnde histórias criam vida. Descubra agora