Recorro a minha mente para pensar sobre os lugares que um dia visitei, estes lugares se parecem como a minha mente se recorda e reescreve no meu próprio cérebro aquilo que conseguiu gravar.
Eu não sou muito de viajar, mas já viajei, fui à casa da minha avó, das minhas tias, dos meus tios, e fui porque só se tinha uma única opção: a de ir.
Confesso, que era meio arrastado, odiava viajar. Neste cenário onde as folhas das árvores batiam na janela do ônibus, exalando o cheiro verde, misturado ao sobe e desce de uma estrada cheia de buracos, como poderia gostar disso?
Pensando bem, aquilo poderia até ser um lugar ou viria a ser, mas era de longe o meu preferido. E eu costumo me mudar sempre, então tenho vários lugares, como:
Quando morava numa casa com um chão vermelho de cera para piso, gostava muito de estar lá, tinha uma rua comprida onde todos se reuniam para brincar, não havia idade para cada um avivar sua infância. Nela tinha uma praça, que eu visitava aos fins de semana, comia pastel e andava de patins na quadra.
Lembro-me também das tardes tranquilas que para sua completude, fechava-se com uma ótima janta voltada a atenção para os desenhos animados na televisão, e não somente pelas tardes, mas às manhãs de sábado que eu e meus irmãos disputávamos o controle em busca da melhor programação, e a regra era uma: quem ligou a tevê primeiro, disfruta a sua escolha pelo paraíso do mundo animado.
Noutra casinha, essa que sem quintal sobrava uma grande rua repleta de crianças, onde haviam diversas brincadeiras, a melhor delas apresentava-se num corre-corre de esquina a esquina. Naquele lugar, só me lembro do meu deliciosa prato de macarrão com salsicha aos sábados acompanhado de um refrigerante. Tomando um postura adulta disso, não me parece tão saudável.
Mas ainda, morei em outros dois lugares, em que não me encaixava bem e pareciam... quadrados, não me levem a mal mas não curto coisas muito geométricas, sem geometrofobia, só não me encaixei bem.
Então, desde o lugar chão-vermelho ao quadriculado eu tive e tenho em meu coração recortes preferidos desses bons lugares de estar.
A escolher, prefiro estar no meu quarto pela noite, onde em minha preciosa cama posso viajar por todos os lugares que a minha mente inquieta consiga pensar, revisitar diálogos, sentir de novo outros gostos e outros sentimentos (ou pensar no que poderia ter feito e dito). E não se restringe somente aos lugares que conheço, àqueles que posso imaginar, seja o País das Maravilhas de Alice à qualquer outro universo mágico e fantasioso que eu consigo imaginar.
Meus lugares também podem estar em minha mente, quando escuto minhas músicas pareço estar fora de órbita, mas esta orbita é unicamente minha e me faz querer nunca mais sair dali.
A valer do meu coração, considero muito estar com a minha família, com os meus amigos, pois são lugares: Minha mãe é um lugar, meu pai é um lugar, minha irmã é um lugar, meus irmãos são dois lugares... bom, isso significa que eles fazem parte de mim, lugares para mim são casas, e às vezes pode ser temporárias.
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Sob o azul
Non-FictionDias atarefados não parecem tão interessantes quanto nossos ideais.