Emily Dickinson

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"Isso tem gosto de folha." Peter resmungou, fazendo uma careta após comer um pedaço de pudim de camarão. Eu reviro os olhos, concentrada em algo além de mim, exatamente em Emily Dickinson.

Fazia dois desde desde a nossa briga em que não conversamos. Bem, eu não conversava. Ela estava tão afastada, distante e nem seus poemas eu recebia mais. Estava frustada que ela tenha passada semanas me ignorando e me evitando, nem sequer a coragem de dizer o motivo.

Agora, ela está ali, rindo enquanto conversava com seus amigos. Idiota. Agindo como se eu não estivesse há alguns metros dela e que a estava fuzilando com os olhos. Se eles fossem armas, havia certenas de furos em sua nuca.

Às vezes gostaria de não pensar nela como penso, mas seus malditos poemas e suas palavras ficavan presas em minha mente. Como diabos ela conseguia fazer isso comigo? Impregnar suas palavras em meu coração como se tivesse predendo uma placa nele com suas palavras escrita na placa? Emily Dickinson era a causa das minhas maiores dores de cabeças e algum dia, eu iria perder ela.

"Não reclame. Tem coisas piores que isso." William murmurou, tomando um gole de sua bebida e fazendo uma careta, provalmente porque ela queimou sua garganta. "Oh meu Deus, isso é demais!"

"Cuidado." eu aviso, atrasada, sabendo que aquela bebida tinha me causado uma ressaca uma semana atrás. Will revirou os olhos, pegando mais um corpo da garçonete que passava pela sala. Odeio esses eventos sociais, e odeio ainda mais quando sou obrigada a vim pelo meu pai. "Essa é forte."

"Obrigado pelo aviso atrasado, pequena Dick." ele zombou, e sentir uma imersa vontade de segurar a cabeça dele e bater contra a mesa e enfiar aquele pedaço de garrafa em seu olho. Mas óbvio, eu não fiz, assim como os outros cenários doentis que eu imaginei quando alguém me aborrecia.

A música clássica soava pelo salão da sala, o homem dedilhando e apreciando o toque suave do piano em que tocava. E eu, tudo que queria era enfiar a cabeça dele naquelas cordas afiadas e parti sua cabeça em dois. E é, não fiz, a vontade e a irritação só aumentava a cada vez que eu ficava naquele banheiro.

"Com licença, vou ao banheiro." digo aos meus melhores amigos, mas sabia que ambos estavam nem aí para onde eu ia, contanto que voltasse e os livrasse de alguma garota querendo cortejar eles.

O mundo tá mudando.

Atravesso o salão, ignorando meu pai que estava entretido em uma conversa com o Senador Buck, rindo e bebendo o champanhe caro, fingindo ser alguém rico e importante quando na verdade ele estava caindo na miséria e falecimento. Não que isso importasse, meu pai era um babaca, e passava metade do seu tempo sempre que podia me culpando pela morte de minha mãe, Anaberth, que morreu para que eu viesse ao mundo.

Os olhos de Emily se encontraram com os meus, mas foram tão rápido porque eu já tinha virado o rosto, ignorando a Dickinson. Ela que se dane, estava tentando fazer eu sofrer por me ignorar e fingir indiferença, então ela que sustente agora.

Os degraus da casa eram largos, o lustre que continha no meio do salão fazia eu questionar o quão perto estávamos da revolução. Será que existiriam carruagens voadoras? Piloto automático? Um novo tipo de transporte? Eu gostava de pensar que eu estaria aqui para ver isso, mas a cada dia que passava, esse sonho se ficava no esquecimento.

Virando o corredor, em alguns passos estou ao que pareceu ser o banheiro, e quando abro a porta e entrou, preste a fechá-la, a porta se rompe e Emily Dickinson entra no banheiro, trancando-a com rapidez.

"O que-"

Fui interrompida quando Emilly me empurrou contra o mármore da pia, suas mãos agarrando a minha cintura e apertando-as. Eu arfei, meus olhos se arregalando de surpresa com isso. Espera, que diabos? Sua boca devorou meu pescoço, e suas mãos apertava minha cintura, o seu maldito cheiro invadindo e me deixando confusa e desnorteada do mundo. Por uma fração de segundos, eu quase me deixei levar, mas foi então que me lembrei o porquê estava evitando ela e a discussão que tivemos.

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