6. Raio de Sol (II)

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— Não vá provocar o seu irmão. Faz tempo que ele não fica para dormir. Quero que isso se repita outras vezes.

— Vai se repetir. Em breve vou estar na minha casa... Com Robin Hood. — Pisquei. — Quer dizer, Robin Giordano — corrigi-me.

Eles me incomodavam tanto com Robin Hood que sem querer acabei repetindo o que tanto odiava, que eram as piadinhas sobre meu namorado.

Porque era assim: Ben e Babi perdiam os amigos mas não a piada.

Bati de leve na porta de Theo e não ouvi som do outro lado. Claro que eu não ia acordá-lo. Mas fazia tanto tempo que não o via e não queria que ele fosse embora sem me contar pessoalmente como estava sua vida.

Estava desistindo, virando as costas, quando a porta se abriu. Ele vestia uma calça de moletom e estava sem camisa e descalço.

— Quando você criou peito? — questionei-o, aturdida.

Theo olhou para o próprio peito e riu:

— Tenho me dedicado a ficar musculoso.

Gargalhei:

— Não é o seu tipo... Não vai ficar bem de músculos. Mas seu peitoral... Uau! — Me abanei, debochadamente.

O vi enrubescer e fiquei encarando-o. Adorava a timidez dele. Empurrei a porta e entrei no quarto, deitando na cama dele, sem cerimônia.

— Como você é educada, raio de sol — debochou.

— Não me chame assim, imbecil.

— Desde quando não gosta mais de ser chamada assim?

— Desde sempre, lá de quando a mamãe achou você no lixo. — Comecei a rir.

— Sim, já sei da história que ela fez caridade, me tirando da lata de lixo... — Ele riu e pegou um travesseiro, jogando sobre mim.

— Você sempre acreditava na minha história... E chorava. — Sentei na cama, rindo dele.

— Porque você era manipuladora... E digna de um prêmio de melhor atriz, mesmo quando era criança.

Ele colocou uma camiseta e fiz beicinho:

— Por que está se cobrindo, bonitão? Sou só a sua irmã...

— Não é minha irmã — falou seriamente.

— Quanta ironia... Passei anos atormentando-o que foi encontrado na lata de lixo... Quando na verdade, eu fui deixada lá.

Theo sentou ao meu lado e puxou meu queixo, fazendo-me encará-lo:

— Você não foi encontrada na lata de lixo e sabe muito bem disto. Nós crescemos, Maria Lua. E você não é mais uma adolescente para agir como tal.

— Me... Desculpe...

— Nunca lhe falou amor nesta família. E sempre foi criada como uma legítima Casanova. Nossos pais poderiam ter mentido a vida inteira que tinha nascido da barriga de Babi que você jamais duvidaria, já que é a cara dela.

— Devo ser parecida com meu pai... Já que minha mãe era meio ruiva. — Retirei a mão dele, que ainda estava no meu queixo.

— Não... Você é parecida com nossa mãe e eu com nosso pai. Ponto final.

— Heitor é mais bonito que você.

— Como você consegue me irritar tanto?

Deitei novamente na cama e perguntei, enquanto colocava os braços debaixo da cabeça:

Minha tentação usa terno (A História de Maria Lua Casanova)Onde histórias criam vida. Descubra agora