8. Me desculpe (II)

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— Sebastian não me deixa nem tomar café da manhã descansado. Nasceu para empatar a minha vida — reclamou.

— Ai! — gritei.

— O que houve? — Theo ficou preocupado.

— Minha cabeça está doendo... Muito!

Ele tocou minha cabeça:

— Deve ser porque não secou os cabelos.

— Claro que não, Theo. — Enruguei a testa. — Você não tem cérebro de gelatina para dizer isto.

— Cérebro de gelatina? — Ele ficou confuso.

— Estou tendo crise de pânico... — Levantei da cadeira. — Vou ao médico.

Babi levantou:

— Meu Deus... Eu vou com você.

Heitor olhava para o telefone, com os olhos arregalados, sem dizer uma palavra. Enquanto Babi vinha na minha direção, ele gritou:

— Não encoste nela, Bárbara!

Todos me olharam:

— Minha garganta está fechando... Eu vou morrer!

Tentei desmaiar, mas Heitor pegou-me, fazendo-me olhar nos seus olhos:

— Não morra pela alergia, Malu... Eu mesmo vou matar você. Com minhas próprias mãos.

— O que aconteceu? — Babi perguntou, preocupada.

— Olhe você mesma! — Heitor entregou o celular para ela, enquanto ainda me segurava em seus braços, impedindo-me de partir, para não sei onde, nem sei porque.

— Eu não sei o que é, pai... Mas eu posso explicar... — falei, num fio de voz.

A governanta entrou novamente, assistindo a cena, confusa. Heitor olhou-a e me soltou, finalmente.

— Senhor... O senhor Giordano mandou que atenda o telefone... E também a senhorita... — Olhou para mim.

— Eu estou morrendo... Do amendoim... — Fingi engasgo e Heitor bateu na mesa, com força, assustando-nos. — Quebre o telefone ao meio — ordenou para a empregada, que saiu apressadamente. — Sente-se, Maria Lua. Agora!

Sentei imediatamente. Por dois motivos:

Um – Ele me chamou de Maria Lua;

Dois – Nunca o vi tão irritado na vida.

— Pegue o seu celular agora e veja as notícias do dia de Noriah Norte — ele ordenou.

Retirei meu celular do bolso, já certa do que ele tinha descoberto. Theo pegou o próprio celular, que tinha deixado na ponta da mesa. Assisti imagens com tarjas tapando a bunda de Dimitry bem como vídeos pequenos com a cena. Sem contar os memes horríveis, que preferi não ler.

Respirei fundo e senti as lágrimas escorrerem pelas minhas faces, pondo o celular sobre a mesa.

— Me desculpe, pai — falei, num fio de voz.

— Dentre tantas porras, esta foi a pior que você já fez, Maria Lua.

— Ele é seu primo! — Babi gritou.

— Me desculpe, mãe.

— No dia do noivado? — Heitor bateu de novo na mesa. — O que você quer? Por que nos fazer passar esta vergonha? Tem noção de que Robin não é um garoto? Ele é um homem... Dono de uma das maiores empresas do país. Eu não gosto dele, mas isso vai destruí-lo... Assim como a você, porra.

— Alguém... Armou para mim — aleguei, de imediato.

Theo riu de forma sarcástica:

— Será que foi Dimitry? Talvez ele a tenha obrigado a abrir as pernas para ele na mesa do nosso pai.

— Você... Não sabe o que está dizendo.

— Tem certeza? Não sou cego.

— Barbará, ligue para Ben, imediatamente, e mande chamar todos os advogados e processar qualquer imagem de Maria Lua ou Dimitry em qualquer veículo de imprensa. Quero tudo fora da internet, agora! Pague o que for preciso, suborne quem for, pelo preço que pedir. O nome de Maria Lua Casanova deve desaparecer da internet. Se eu digitar o nome dela no Google quero que ele me responda: "Não sei quem é esta pessoa".

— Ligue você. Eu não sou sua empregada, Heitor. — Babi levantou e parou ao meu lado. — Você ama Dimitry... É isso?

— Ela não pode amar o filho do idiota do Sebastian! — reclamou Heitor.

— Meu irmão não é um idiota.

— Ele engravidou Milena só para o desgraçado do filho dele comer a minha filha.

— Heitor, você está louco? Em vez de apoiar nossa filha, vai achar que tudo foi pensado por Sebastian?

— Theo, coma a filha dele! — Heitor ordenou.

Babi começou a bater em Heitor, que se defendia com os braços.

— Você ama Dimitry? Ops, me enganei... É "Dimi"... — Theo reforçou o apelido, de forma irônica.

— Não. Eu não amo ele.

— Só gosta de fazer sexo, então? Ah, me enganei de novo! Você não faz sexo, não é mesmo? O que você gosta de fazer? Hum, nem vou pronunciar, já que papai e mamãe estão aqui e não merecem ouvir isso.

— Me... Perdoa — implorei, as lágrimas escorrendo.

— Não deve perdão a mim. Deve perdão aos nossos pais... E a você mesma por ter feito sexo com nosso primo.

Peguei a mão dele:

— Diz que não vai ficar chateado comigo...

Theo soltou a mão da minha e me encarou. Em seguida limpou minhas lágrimas:

— Você está longe de ser um raio de sol.

Babi parou de bater em Heitor, que me olhou:

— Na minha mesa, porra! Vou ter que mandar queimar a minha mesa preferida. E matar Dimitry. Bárbara, vamos ter um bom vinho chamado Dimitry... — Ele passou as mãos nos cabelos, nervosamente.

Levantei e olhei para Theo, que pegou uma fatia de pão e começou a passar manteiga, me ignorando por completo, como se eu sequer existisse.

"Você está longe de ser um raio de sol". Não lembro de uma frase ter me doído tanto na vida.

Heitor seguia frustrado... Não sei se por eu ter usado sua mesa ou escolhido Dimitry, já que ele ainda mantinha certa rivalidade com Sebastian, contida por Babi.

Babi, por sua vez, tentava me compreender. E isso me irritava profundamente, porque o que eu fiz era irreparável, indesculpável. Acabei com o nome da nossa família. E com Robin Hood, que era um cara legal.

E Theo me odiava e me achava uma vagabunda. E aquilo era pior do que morrer afogada na piscina pela madrasta de Heitor.

A questão é: Dimi teria armado tudo aquilo para mim? Quem filmou ou fotografou a cena? E o pior: se não foi ele, como nós dois não percebemos?

Levantei e saí correndo, sem olhar para trás.

Minha tentação usa terno (A História de Maria Lua Casanova)Onde histórias criam vida. Descubra agora