Capítulo 83

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Quando cheguei em casa, vasculhei tudo o que pude, procurando por qualquer prova, qualquer coisa. É complicado buscar algo quando não se sabe o que é, mas acredito que, assim que encontrar, saberei do que se trata. Cheguei a pensar em confrontar meus pais e perguntar sobre o que falavam, mas sei que provavelmente eles evitariam o assunto, a menos que eu tivesse provas.

Aproveitei que hoje era o dia em que minha mãe iria ao cemitério para levar flores ao tio Neji e vasculhei algumas caixas que estavam no sótão.

O sótão estava um pouco empoeirado, mas não a ponto de eu pensar que minha mãe havia limpado há alguns dias.

Abri caixa por caixa e retirei tudo o que tinha dentro. A maioria era composta por coisas de criança que eram minhas e da Hima, como brinquedos, roupas e até chupetas.

Depois de procurar bastante, eu já estava quase desistindo e indo embora. Afinal, era apenas uma questão de tempo até minha mãe chegar. Porém, quando eu estava prestes a sair, vi um livro grosso em uma estante, entre outros livros e fitas. Percebi que não havia checado nenhum dos livros, talvez porque não parecessem ter algo interessante. Mas ao ver aquele livro grosso, pensei que poderia ser um álbum de fotos ou um diário.

Assim que peguei o livro, percebi que era um álbum. Nele, havia várias fotos do tio Menma, e, ao chegar nas últimas páginas, vi várias fotos minhas quando era pequeno na maternidade, incluindo um ultrassom.

— O tio Menma esteve com a minha mãe desde que eu era recém-nascido? — perguntei ao ver algumas fotos do tio Menma abraçando minha mãe enquanto ela me carregava no colo. O abraço deles parecia muito íntimo, relembrando o quão próximos eles eram. Mas eu pensava que eles só tinham ficado juntos depois de alguns anos do meu nascimento. No entanto, pelas fotos, eles pareciam estar juntos muito antes.

Meu pai foi muito maduro em aceitar minha mãe ficar com meu tio logo depois de ela ter me dado à luz. Confesso que não esperava essa maturidade dele. Ao ver outra foto dos três juntos e sorrindo, com meu pai me carregando, lembrei dos tempos em que éramos nós quatro vivendo no antigo apartamento dos meus avós.

Porém, meu sorriso desapareceu ao ver outra foto. Nela, meu pai estava me carregando sentado em uma cama, ao lado de uma mulher loira.

— Tsuna? — perguntei, olhando para a mulher que tinha um pequeno sorriso. Ela parecia mais jovem, mas era muito parecida com a mulher do parque.

O que me deixou confuso foi o fato de haver uma foto dela comigo e meu pai. Meu questionamento durou milissegundos assim que percebi as roupas que eles usavam e a cama em que estavam sentados. A mulher usava um roupão médico, e eles estavam sentados em uma maca. No canto da foto, dava para ver um berçário com as iniciais "Boru".

Larguei o álbum de fotos e, nesse mesmo momento, ouvi uma voz vinda do andar de baixo.

— Chegamos em casa! — era minha mãe e minha irmã que tinham acabado de chegar.

Saí do sótão o mais rápido possível, ainda pensando na foto que tinha acabado de ver. Ao chegar ao andar de baixo, vi minha mãe colocando algumas sacolas na bancada, enquanto minha irmã ia em direção aos brinquedos.

— Olha, Boruto, o que a mamãe comprou! — ela estava animada, mostrando uma boneca de cabelos pretos. Não respondi nada, estava muito confuso com todos os meus pensamentos para prestar atenção no que Hima falava.

— Boruto, você está bem? — perguntou minha mãe, aproximando-se de mim e segurando meu rosto com uma expressão preocupada.

— Eu... — falei, enquanto milhões de pensamentos passavam pela minha cabeça, olhando para ela. — Eu estou bem. — disse por fim, forçando um sorriso.

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