E Se?

Capítulo 86

O Uzumaki mais velho olhou para o menino com uma grande convicção. Ele era seu filho, e disso não tinha dúvidas. Algo dentro de si dizia isso, era como se aquela afirmação fosse tão certa e verdadeira como afirmar que o sol nasce toda manhã. E observando bem o garoto de mais perto ele via muitas semelhanças além das mais óbvias. Via o formato do rosto e do nariz que era idêntico ao seu, aqueles risquinhos no rosto sendo sua marca que eram iguais aos do seu filho.

Filho. Pensando nisso, os dois possuíam não só o mesmo nome, mas características semelhantes. A cor do cabelo, por exemplo, era um loiro mais claro, herdado da Shion, e o tom do azul nos olhos era levemente mais claro, assim como seu pequeno Bolt. Vendo aquele menino, não podia evitar pensar que talvez seu pequeno Bolt se tornasse algo semelhante a ele.

— Então, Boruto... quer comer um ramen? — foi a primeira coisa que pensou enquanto via o rosto do seu novo filho. Agora que estava de frente para o mais novo, sentia uma grande vontade de conversar e falar com o mesmo. Queria mostrar as coisas que gostava e apresentar tudo o que fosse novidade para o garoto.

— Eh, ramen? — questionou o garoto confuso. Não estava entendendo nada, uma hora via uma tartaruga falante, em outra estava inconsciente na floresta, depois estava em um hospital velho e agora estava de frente para uma versão alternativa de seu pai que aparentemente possuía o mesmo gosto por ramen.

— Sim, aqui tem um lugar que vende um ramen muito gostoso. Demora um pouco pra ficar pronto, mas é porque ele ficou famoso e o cozinheiro já não tem mais idade pra isso, sabe. — falou, soltando uma risada no fim enquanto coçava a nuca. Boruto não entendia nada, aquele homem em sua frente estava soltando palavras ao vento e ele não conseguia entender sua linha de raciocínio. Mas seu peito se aqueceu ao ouvir aquele pedido e sentiu uma grande vontade de aceitar o convite.

— Naruto. — repreendeu a rosada sem entender como o loiro estava agindo de forma tão precipitada e irresponsável. Afinal, aquele menino poderia ser um experimento do Orochimaru. Mesmo tendo negado, nada garantia que ele tenha esquecido ou apenas estivesse mentindo para se safar das investigações e consequências.

— Ah, é mesmo. Boruto, a gente vai ter que ir até a sala do Hokage. Mas não se preocupa, vai ser rapidinho, o gabinete dele é aqui perto e isso só vai levar alguns minutos. Prometo que assim que tudo se resolver, eu te levo pra comer ramen. — explicou o Uzumaki, e o menino apenas concordou com a cabeça, ainda anestesiado pela situação.

— Tá. — respondeu, olhando para aquele homem com barba curta. Se perguntava como se meteu naquele tipo de situação e tudo que conseguia pensar é: foi a tartaruga. Não sabia o que ela tinha feito nem a que Universo paralelo ela o havia levado, mas até então iria apenas seguir o fluxo antes de começar a procurar uma forma de voltar para casa.

Casa. Pensando nisso, ele possuía mesmo uma casa? Um lar, um lugar para voltar? Lembrou da briga que teve com seus pais, lembrou de seus rostos tristes e um arrependimento o atingiu. Mas logo depois lembrou do motivo da briga, das mentiras contadas durante anos, dos segredos. Lembrar disso trazia um imenso sentimento de dor e revolta. Como puderam fazer isso? Como puderam mentir por tanto tempo e agir com tanta naturalidade?

O trio guiou o garoto até o escritório do Hokage, Sakura e Naruto iam na frente, conversando entre si, discutindo sobre como iriam fazer para cuidar do Boruto caso tivessem que fazer como fizeram com o Menma. Já Sasuke ficava atrás, junto a Boruto, ambos calados. Boruto estava perdido em seus pensamentos, então Sasuke o analisava.

O Uchiha não conseguia descrever a sensação que era estar ao lado daquele garoto. Era um misto de curiosidade e conforto. Temia o desconhecido e se perguntava se o garoto seria tão tranquilo quanto o Menma, mas por outro lado, por alguma razão que não conseguia explicar, sentia uma estranha calmaria, sensação essa que só sentiu algo parecido quando encontrou o Menma.