07 - Culpa

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(POV Luísa)

Chegamos no carro e Poliana pediu para ficar com ela no banco de trás, sentei ao lado dela e  ela me abraçou. Nós duas precisávamos daquilo. Fechei os olhos e acariciei os cabelos dela com a mão livre. Quando abri, Otto estava nos encarando pelo retrovisor, quando viu que eu tinha percebido, sorriu. Chegamos e quando entramos me deparo com Glória na sala.

- Luísa! Que bom que você está aqui! - Ela diz pegando em minha mão e sorrio. - O que aconteceu com seu rosto? 

- Longa história mãe, ela precisa descansar agora. - Otto intervém, agradeço mentalmente por isso porque eu realmente não queria explicar tudo, na frente de Poliana, não agora.

- Ah claro. Precisa de ajuda meu bem? - Ela se oferece para ajudar e eu aceito.

- Se você quiser eu posso te ajudar também tia. - Poliana também se oferece, mas eu queria conversar apenas com Glória no momento.

- Não precisa meu amor, você deve ter muito dever pra fazer. - Digo tentando convence-la a não ir.

- Tudo bem tia. Qualquer coisa é só me chamar. - Ela diz me dando um beijo na bochecha e saindo da sala.

- Nós também vamos indo meu filho. - Glória diz direcionando o olhar a Otto e cochicha alguma coisa em seu ouvido. - Vamos Luísa?

- Vamos. - Nós nos retiramos da sala e fomos em direção ao quarto de hóspedes. Optei pelo quarto em frente ao de Poliana.

- Luísa, agora que estamos sozinhas, pode me contar o que aconteceu? - Ela se senta na cama e faz um gesto me chamando. Fecho a porta e me sento ao seu lado. Levanto a manga da blusa e o curativo do maior corte é revelado. Glória me olha incrédula, sua boca formava um perfeito "O" - Luísa o que...

- Tânia.  - Digo com os olhos marejados.

- Como isso aconteceu meu amor? - Ela diz pegando em minhas mãos novamente, com mais cuidado dessa vez.

- Otto e eu voltamos para minha casa. Ele tinha escutado um barulho estranho, e Antônio não estava em casa. Antes que pudéssemos voltar Tânia apareceu com os capangas e nos cercou. Pela primeira vez eu senti medo dela, ela fazia cada vez mais ameaças e em um momento mandou um capanga me agarrar para fazer medo em Otto. Nós ficamos lá por horas, Tânia havia fechado todas as janelas e não nos deixou ao menos tomar água. - Digo com os olhos cheios de lágrimas querendo sair contra minha vontade. - Ela ameaçou Otto novamente, e dessa vez ela tinha entregado uma faca para o capanga. - Passo as mãos por cima da manga da blusa, e soltei todas aquelas lágrimas que estavam presas. Não queria chorar perto do Otto, sabia que aquilo o fazia se sentir culpado. Desabei na frente de Glória e ela me abraçou. - Eu tentei levantar Glória, eu tentei ir atrás deles, eu não consegui Glória... - Digo chorando e Glória me abraça mais forte.

- Ei... tá tudo bem agora Luísa. Nada disso foi culpa sua. - Ela diz me olhando nos olhos.

- Foi sim Glória.

(POV Otto)

Minha mãe me deu a ideia de fazer um lanche para Luísa com uma flor acompanhando. Estava preparando o lanche para ela e sou abordado por Poliana.

- O que tá acontecendo com a tia Luísa pai? Ela está chorando no quarto, minha vó tá lá dentro, eu não quis entrar, eu não gosto de ver a tia Luísa desse jeito. Faz alguma coisa pai, por favor! - Ela diz me abraçando.

- A sua tia sofreu muito, filha. Pode deixar que eu vou tentar resolver isso. - Dou um beijo em sua cabeça e vou em direção ao quarto em frente ao de Poliana. Ouço a voz de Luísa, ela realmente estava chorando.

(POV Luísa)

Ouço uma batida na porta, seguido por uma voz grossa chamando meu nome.

- Luísa? Posso entrar? - Otto diz do outro lado da porta. Limpo rapidamente as lágrimas e Glória olha para mim, e pediu permissão para abrir a porta, eu faço que sim e ela abre a porta. Ele vem até mim e Glória pede licença para se retirar do quarto.

- Fiz pra você. - Ele diz colocando a bandeja ao meu lado.

- Obrigada.

- Quer conversar? O que aconteceu?  - Ele me olha preocupado

- Otto, eu não queria... eu juro que eu não queria. - Digo com meus olhos já marejados.

- Não queria o que Luísa?

- Eu não queria ter provocado a Tânia, eu não queria ter ido atrás dela, eu juro, me desculpa. - Digo já chorando novamente.

Olhar Azul | LuottoOnde histórias criam vida. Descubra agora