Seul- Coreia do Sul
26/06/23
Morto. Ele estava morto.
Flashes constantes machucavam meus olhos me fazendo questionar onde estava e o que acontecia. Pisquei algumas vezes perdido tentando focar em uma imagem clara, algum ponto para trazer uma memória recente, pois estava tudo tão confuso.
Olhei em volta lentamente. Tudo girava, mas consegui identificar alguns borrões sendo: pessoas filmando, fotografando, cochichando, gritando... meus ouvidos zumbiam com tanto barulho não identificado, aos fundos eu ouvi sirenes se aproximando. Todavia meu foco se voltou para o corpo jogado no asfalto, no corpo morto, frio, com o olhar coberto por uma sombra na qual não me permitia lhe visualizar, e então não consegui desprender minha atenção.
A dor pelo meu corpo só aumentava e nem sabia de onde vinha, mas diferentemente do comum, parecia estar anestesiado pelo luto de perder alguém que sequer sei quem é, ou, ao menos não reconhecia. Só que alguma coisa estava no meu subconsciente me condenando e inundando meus pensamentos de forma sufocante, uma sensação terrível e agoniante. Eu só queria sair dali.
Meu uniforme rasgado, coberto por sangue e poeira que, por muitas vezes, me transmitiu confiança e coragem, me deu a pior das sensações naquele momento. Não sabia ao certo o que ocorrera, não reconhecia o rosto pálido, mas era tudo tão familiar...
E isso me fez ter a certeza de que o causador daquilo, daquela morte, era eu.
O sentimento de impotência se apossou totalmente sobre mim. E nem me importei do meu rosto estar totalmente à mostra para todos, revelando minha identidade.
ㅡ Isso é culpa sua!
ㅡ O homem aranha é um bastardo!!
ㅡ Não estamos seguros!!
ㅡ Você o matou!
ㅡ Jeon Jungkook!
Sobressaltei sobre minha carteira, encarando a superfície na qual estava apoiado. Me encontrava desnorteado e suando frio pelo pesadelo que venho tendo a um tempo, do meu passado me atormentando, mas de uma forma diferente.
Pisquei algumas vezes e só então me recordei que estava em horário de aula. Fitei a professora de meia idade me olhando com cara feia, apenas lhe lancei um sorriso sem graça não querendo lhe dar satisfação. Antes dela prosseguir com a explicação da matéria, sussurrou que conversaria comigo no final da aula.
Senti olhares queimando a minha nuca, olhares dos meus colegas da faculdade, pouco me importando com eles. Definitivamente ligar para olhares alheios é o último tópico da minha lista de preocupações.
Suspirei lavando minhas mãos levemente tremulas para meu rosto inchado pelo sono e amassado, me ajeitando na cadeira lentamente, enquanto a voz de Hyojin era proferida, dando continuidade à sua matéria.
Esse pesadelo se tornou recorrente à alguns meses, não sei dizer ao certo quando, todavia era sempre a mesma coisa, e todas as vezes me sentia muito mal, péssimo. Me fazia lembrar de quando perdi uma das pessoas mais importantes na minha vida, e mesmo eu não tendo culpa diretamente pela sua morte, não consegui salvá-lo, então foi minha responsabilidade também...
Foi tão devastador na época que fiquei sem vestir o traje vermelho e azul por meses, e por algum motivo, quando resolvi dar uma segunda chance à mim mesmo, esses sonhos traumáticos vieram.
Sabia que não conseguiria focar no restante da aula, então apenas abri o caderno que eu estava dormindo em cima minutos atrás, começando a rabiscar na última página. Meus traços eram sem rumo e desajeitados, minha cabeça não funcionava direito, meio aérea, parecia estar no automático. Só seguia os movimentos involuntários das minhas mãos. Minha visão começou a desfocar como se tivesse em um transe. Apenas segui o ritmo esperando o tempo passar.
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Life is a comic - Taekook
Fiksi PenggemarJeon Jungkook, o amigo da vizinhança, se vê perdido quando Kim Taehyung, seu colega de faculdade, fica a beira de descobrir sua verdadeira indentidade. Não sabendo se poderia confiar nele, pôs-se a supervisionar o garoto. O relacionamento começa che...