7 | moleque dos papais próximos

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Jimin vestiu um conjunto de moletom assim que saiu do banho. Aquela noite estava fria, mas ele ainda precisava trabalhar mais um pouco. Jogou os cabelos para trás e preparou um café, sentando-se à mesa da cozinha com o notebook aberto para começar a trabalhar. Estava perto de resolver outro caso e queria trabalhar nisso o mais rápido possível. Apesar de ainda estar de licença, ele estava se esforçando, mesmo estando proibido de ir a campo, o que não o impedia de trabalhar. Quando olhou as horas, já passava das onze, então resolveu descansar, já que acordava cedo.

Assim que levantou da cadeira, ouviu algo bater na janela da sacada. Olhou para lá pensando que era algum passarinho, mas o barulho continuou, então pegou a arma e se aproximou lentamente, arrastando um pedaço da cortina para ver o outro lado. Não tinha ninguém, mas percebeu pequenas pedras sendo jogadas.

Abaixou a arma e abriu a porta, indo para a sacada e observando seu vizinho na própria sacada com roupas folgadas e grossas.

— O que é? — perguntou, se aproximando da parede que separava as sacadas.

— Quer beber? — Jungkook ergueu uma pequena garrafa, tímido, desviando o olhar.

Jimin não podia beber, sabia disso, mas iria apenas fingir para não deixá-lo sozinho. Assentiu, colocando os cotovelos na parede e observando o vizinho derramar a bebida em dois copos de shot. Tomou um gole enquanto observava Jungkook virar a bebida em um gole só, enchendo o copo novamente.

— Problemas? — perguntou, segurando a cabeça com a mão.

— É.

— Trabalho?

— Dá trabalho, mas não é trabalho — sorriu sem vontade.

— É uma charada?

— Depende se você vai querer responder, mas se errar vai ter que tomar essa garrafa toda — avisou em tom sério.

— Então não vou tentar. — Deu de ombros. Jungkook sorriu, assentindo, olhando para o céu.

— O que te fez vir morar aqui? É uma cidade tão pequena em comparação às outras...

— Estabilidade.

— Estabilidade...? Oh... faz um tempo que não ouço essa palavra...

— Quem queria estabilidade? — Jimin perguntou apenas para ser gentil com o momento, não queria saber da vida dele.

— Hm... meu marido, ex... Ele queria estabilidade, mas acabou morrendo no mesmo ano que conseguiu. — Sorriu sem vontade, virando outro gole. — Ossos do ofício.

— É.

Jungkook voltou a olhar o céu, Jimin encarou as luzes da cidade, tomando outro gole pequeno. Seu ferimento já estava quase sarado, e logo tiraria os pontos, então não achava que alguns goles o matariam.

— E você? Já teve alguém especial? — Jungkook perguntou interessado, olhando curioso.

— Me casei uma vez, foi bem rápido e acredito que só fiz aquilo como um ato de rebeldia por sair de casa. O casamento não deu certo, queríamos seguir carreiras diferentes e até tentamos fazer dar certo, mas apenas nos encontrávamos pra fazer sexo — respondeu, encarando os olhos grandes cheios de curiosidade.

— Casamento não é só sexo.

— Sei disso, ela também sabia, mas era a única coisa que nos ligava, então nos agarramos naquele fio de esperança como se sexo fosse resolver tudo. Um dia acordamos e eu pedi o divórcio, ela já estava com os papéis na bolsa, então nos separamos.

— É bem triste, pra falar a verdade. Casamento deveria ser algo feliz, algo cúmplice, gentil e amoroso. Aprendi que você nunca deve se casar com a intenção de separação por causas não naturais, mas é quase impossível manter algo que não dá certo de nenhuma forma.

devolva o meu filho!, jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora