6 | moleque apegado

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Jungkook acompanhou o homem até a cozinha, sem ter a mínima ideia de quem ele era, apesar de ter explicado com calma e gentileza o que havia acontecido com seu vizinho. Apesar da ameaça que sofreu para o seu próprio bem, não sabia se ficava com medo ou simplesmente deixava passar.

Seu vizinho era policial, então aquele homem deveria ser alguém bom também.

— Pode sentar ali, o chá já está pronto — disse o homem, e Jungkook sentou hesitante enquanto observava as costas dele. — Desde quando você conhece meu irmão?

Jungkook sentiu um alívio imensurável ao ouvir a palavra "irmão" sair da boca daquele homem alto, que estava vestido como algum político importante. Se seu vizinho era policial, aquele homem devia ser um juiz, então ele e seu filho estavam protegidos, pelo menos era o que queria acreditar.

— Desde que ele veio morar aqui — respondeu, aceitando a xícara de chá.

Ele nem sequer gostava de chá.

— É... é uma resposta bem óbvia. — Seokjin murmurou.

Jungkook sorriu como quem diz "sim" e forçou a garganta a engolir aquela água com açúcar.

— Você gosta do meu irmão — disse o homem, como se não precisasse de confirmação.

Jungkook engasgou com a água, que já não era muito boa, e com aquele assunto ficou ainda pior. Seokjin apenas olhou para ele, que estava morrendo engasgado, com um leve sorriso nos lábios, esperando ele se controlar.

— Não g-gosto!

— Gosta sim. Você ficou preocupado quando eu disse que ele estava no hospital.

— Porque sou vizinho dele, é claro que ficaria preocupado! — argumentou, procurando com os olhos por água normal naquela cozinha.

— Qualquer vizinho diria, no máximo, que esperava que ele ficasse bem logo. Você quase desmaiou e só voltou a respirar normal quando eu expliquei que ele estava bem e só esperando alta. Nenhum vizinho ficaria do jeito que você ficou. Você gosta dele, e realmente não precisa se esforçar pra negar isso. Consigo sentir o cheiro de paixão exalando a quilômetros de distância. — Seokjin franziu o nariz, realmente sentindo um cheiro enjoativo de flores e amor.

Era nojento.

Jungkook abaixou a cabeça, pensativo. Era a segunda vez que alguém dizia que ele gostava do vizinho. Talvez estivesse sendo cego e não percebendo o próprio sentimento.

— Eu nem sei o nome dele... — foi sua melhor resposta no momento.

Ele teria uma conversa consigo mesmo mais tarde, porque não era normal duas pessoas dizerem a mesma coisa. Mas Yoongi...

— O nome dele é... — Seokjin se interrompeu e suspirou, sorrindo gentil. — Não, vou deixar você descobrir por si mesmo. Se ele não te disse até agora, não serei eu a dizer.

Jungkook sorriu, sem saber se agradecia ou se ficava chateado.

Namjoon trabalhava com ele, mas nunca disse o nome do homem. Tratava-o por inspetor-chefe e Jungkook nunca percebeu que não sabia o nome dele. Aquela foi a segunda vez que ele notou. Era estranho. Poderia estar nutrindo uma paixão por alguém cujo nome ele sequer sabia. Pior ainda, cortava o cabelo de seu filho de uma maneira que quase o deixou com um ataque cardíaco.

— Sabe, ele pode ser bruto... não, ele é bruto, mas é assim que ele é. Sempre foi assim. Acredita que faz quase seis anos que ele não fala com nossos pais porque eles sacrificaram o cachorro dele, que estava velho demais? — perguntou, e Jungkook ficou incrédulo, sem saber por qual motivo. — Meu irmão é bruto e demora a demonstrar sentimentos reais por alguém, mas quando sente, sente muito. Então, se quiser tentar ganhar o coração daquela fera, vai precisar contar com muita sorte.

devolva o meu filho!, jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora