Capítulo 22 - Merry little Christmas

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Era madrugada da véspera de natal, Juliette não conseguiu dormir ao ouvir Sarah chorar mais uma vez no banheiro. Ela se levantou, exausta, batendo na porta:

- Amor? Fala comigo. - Disse com a testa encostada na porta.

- Eu tô bem, amor, volta a dormir. - Dizia entre leves soluços.

Juliette deitou em seu travesseiro tentando pensar em alguma forma de alegrar Sarah, e acabou pegando no sono no processo.

Era manhã e Sarah finalmente conseguiu dormir, Juliette a observava enquanto se levantava com todo cuidado do mundo, temendo acorda-la. Se vestiu em silêncio, escreveu um pequeno bilhete, deixando na sala de estar e foi colocar seu mais novo plano em ação.

...

Sarah acordou e fitou o teto, como de costume. Queria liga pra sua mãe, dizer que estava indo pra casa para o costumeiro natal, mas não conseguia, sempre que pegava o telefone, era bloqueada pelos pensamentos que a fizeram ter pesadelos durante toda sua vida, mesmo agora sabendo que a culpa não era de seus pais, sentia um ódio absoluto de qualquer pessoa envolvida naquela história.

Se levantou, percebendo a ausência de Juliette na cama, seguiu pra cozinha, passando pela mesa da sala de estar, onde tinha um bilhete:

"Meu amor, precisei resolver umas pendências da universidade, não demoro. "

Ela bufou, se incomodando com a falta da morena, mas tentou não se abalar. Juliette estava sendo completamente paciente com seu estado, não sabia o que seria de sua sanidade mental se não a tivesse em sua vida. Por isso, teve uma ideia de como agradece-la.

Se trocou rapidamente torcendo pra que houvessem lojas abertas. Desceu depressa, saindo na rua e pedindo um taxi, após entrar no taxi avistou o taxímetro e pensou:

"Todo dinheiro que uso, é deles, quão hipócrita isso me faz?".

Pensou em economizar e usar o menos possível, mas sabia que jamais conseguiria. Sacudiu a cabeça tentando tirar a reflexão de sua cabeça. Maturidade tinha limite.

...

Sarah chegou em uma loja de artefatos artísticos, quadros, papéis e lápis especiais, se animou ao perceber que estava aberta. Entrou certeira do que levaria. Ficou hipnotizada com as coisas que encontrou na loja, e ficou com vontade de levar absolutamente tudo, após alguns minutos pra ela, mas o que foram na verdade algumas horas de compras, retornou ao apartamento de Juliette, mas a morena ainda não havia voltado, o que a deixou aliviada. Do jeito que conhecia Juliette, ela levaria o dia todo se fosse preciso pra resolver tais "pendências". Pediu um almoço rápido pelo celular, nada que a distraísse.

Após seu almoço solitário, montou um pequeno estúdio em sua sala, colocou uma lona branca portátil que havia comprado na loja, no chão, mudou a mesa de centro de lugar, espalhando a lona por uma grande área e ali montou seu cavalete de madeira.

Depois de mais ou menos três ou quatro horas trabalhando nisso, Sarah presenciou seu trabalho pronto. Se sentia realizada quando pintava, quando desenhava, quando expressava o que sentia através da arte e Juliette reavivou isso nela, não só a vontade, mas o quanto podia e devia abraçar esse dom. Durante essas horas esquecera de todos os problemas que lhe atormentava nos últimos dias, esquecera tudo que lhe fizera mal, só pensar em Juliette e em como ela a fazia se sentir, seu quadro era colorido, transbordando vida, que era o efeito que Juliette lhe causava, cheia de vida, cheia de esperança, de perspectiva. Ela olhou sua obra finalizada e sentiu seu coração se encher de orgulho e expectativa pela reação da mulher. Dobrou a lona branca e colocou dentro de um grande saco, levando até o corredor na área de serviço, voltou ao apartamento e subiu até o andar de cima, onde tinha uma cobertura com uma média piscina. Ao lado da piscina havia um pequeno espaço para as espreguiçadeiras, lá ela colocou seu cavalete tampado com uma espessura fina de papel, para deixar a tinta secar.

Teach me (Sariette)Onde histórias criam vida. Descubra agora