Waiting For The Shining Flare

Parte Dois - 11 - Jaymes Rockenback

Jaymes teve uma boa primeira noite no dormitório. No sábado de manhã, seu pai queria ir buscá-lo, mas o garoto não quis. Estava com vontade de explorar a Universidade, e era mais fácil quando ela estava quase toda vazia. Os prédios de sala de aula estavam fechados, mas a biblioteca estava aberta. Ele entra na mesma, dez vezes mais silenciosa do que normalmente é. Depois ele vai para o auditório. Era enorme. James ficaria lindo dançando naquele palco. Ele senta-se na primeira fila da plateia, com Minyard em mãos.

Quando era criança e vivia nos orfanatos, Jaymes nem sequer falava. Não que isso tenha mudado muito, ele ainda não falava mais do que o necessário, mas quando era criança, ele não falava nada mesmo, seu modo de comunicação era através de língua de sinais, o que já era algo.

Agora, sozinho ali naquela plateia, sentiu como se estivesse sem voz de novo.

O mais assustador era que o sentimento não era assustador de maneira alguma.

As vezes, sentia que poderia ficar dias sem dizer nada e não sentiria falta daquilo. Falar era cansativo. Ouvir era cansativo. Ver pessoas era cansativo. Queria poder ficar quieto por dias sem ninguém puxar qualquer tipo de assunto, mas agora aquilo era impossível. Tinha que falar com os professores. Tinha de falar com seus amigos. Tinha de tentar se comunicar com colegas.

Cansado. Cansado. Cansado.

Ele fica por minutos na plateia, ouvindo o silêncio. O quão reconfortante o silêncio era. O quão reconfortante era a solidão.

Depois de deixar o auditório, ele anda pelo campus. Não havia explorado o campus. Havia evitado muitas multidões desde que as aulas começaram. Agora, que podia vê-lo de verdade, se sentiu imensamente feliz por estar ali. Era uma boa Universidade. Era uma linda Universidade.

"Aberração." Wells bate em sua nuca, Jaymes sente o coração disparar com o susto repentino. "Me deixa ver isso." O garoto apanha Minyard sem muito esforço de suas mãos, Jaymes não estava esperando. Até cinco segundos atrás ele nem estava ali.

"Me devolve." Jaymes dita.

"Ele é muito feio." Wells responde, olhando para a cara do cavalo.

Minyard tinha olhos verdes esbugalhados, era de uma cor marrom extremamente desgastada pelo tempo, com uma crista também marrom, mas de fiozinhos. Jaymes usava um dos fiozinhos de crochê em seu dedo anular. Havia arrancado dois deles, e era sua aliança com James. O cavalo estava velho, muito velho, mas ele era adorável, e Jaymes se sentia seguro quando estava o segurando. Não se lembrava da última vez que dormiu ou saiu para qualquer lugar sem ele desde que o ganhara, aos seis anos de idade, no dia em que foi morar com seus pais.

"O que é isso?" Wells aponta para o dedo com a aliança de crista de cavalo, Jaymes esconde a própria mão com a outra. "Você é uma coisinha estranha, sabia disso?"

"Me devolve ele." Jaymes estava sentindo as mãos coçarem. Não era legal quando tinha surtos de raiva.

"Por que um cavalo?" Wells continuava olhando para Minyard, lhe girando de um lado a outro. "E por que tão feio? E velho? Eu pensei que você era rico."

"Realmente não é da sua conta. Me devolve ele, agora." Jaymes se aproxima, Wells levanta o cavalo para cima. Ele era alto de um modo estúpido.

"Ou o que, aberração?" Wells sorri. Jaymes odiava tanto o sorriso dele. Era ridículo. Ele era ridículo. Quem ele pensava que era para falar de Minyard daquele jeito?

Jaymes cerra os punhos. Primeiro um. Depois outro. Ele conta até dez em sua mente, antes de cometer algo que iria se arrepender. Wells percebe seus pulsos. Ele parece satisfeito. Deu outro sorriso. Então jogou Minyard à seis metros de distância, ao lado de uma lata de lixo. Ele bagunça os cabelos de Jaymes, então segue para seja lá onde estava indo.

Jaymes respira fundo. Uma. Duas. Três vezes. Mas sua respiração estava falhando. Ele respira com dificuldade em direção a Minyard, agarrando o cavalo e o abraçando, os olhos se tornando molhados. Ele respira novamente. Uma. Duas. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete vezes. Ele respira. Respira. Respira. E seu batimento vai voltando ao normal de pouco em pouco.

Jaymes não chora, mas ele sente vontade.