Capítulo 2

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Quebra de tempo - manhã seguinte

Pete acordou após ouvir um pequeno barulho, quase se levantou da cama, mas relaxou e voltou a deitar assim que viu se tratar de Porsche entrando no quarto com um corpo de água.

- Bom dia, Pete, trouxe água e remédio pra você.

- Bom dia, pode deixar aí na mesinha que eu já tomo.

- Tá, mas não esquece, sei que fica com dor de cabeça depois de chorar. A propósito, gostaria de me dizer agora o que fez o meu melhor amigo chegar chorando daquele jeito no meio da noite? Suponho que tenha a ver com um certo estressadinho nanico...

- Porsche, eu não... – Não queria mesmo falar sobre isso agora depois da noite que teve.

- Sem essa, Pete, pode ir me contando tudo. O que te fez ficar desse jeito? Cara, você está horrível.

- Nossa, que sensível da sua parte, né? Mas tá, vou te contar tudo, senta aí – Desabafar agora não seria tão ruim, pensando bem.

Depois de ouvir toda a história, desde a ligação até o momento em que saiu de casa, Porsche estava mais do que chocado. Traição? Não parecia o Vegas que conhecia, claro que ele estava bem longe de ser o mais bondoso dos homens, mas ele praticamente idolatrava Pete. E sendo bem sincero, a reação dele ao final da briga não o surpreendia, Vegas morria de medo de perder o marido e um surto de raiva ao achar que seria abandonado não seria uma novidade.

- Pete, veja bem, não querendo passar pano pra essa merda que o Vegas fez, isso foi horrível, inaceitável e ele tem que se desculpar por isso, mas você não acha que essa ligação foi, no mínimo, estranha? Tipo, uma pessoa "anônima" tinha o seu número... E Vegas, que só faltava lamber o chão que você pisa, supostamente te traindo e depois fazendo esse show todo para você não ir embora de casa, não parece que tem algo errado?

Parecendo perceber isso só agora e juntar as peças em sua mente, Porsche tinha razão, quem teria feito essa ligação? Quem saberia exatamente onde Vegas estaria naquele momento e com quem? E por mais que esteja magoado e puto com Vegas, qual o sentido de ameaçá-lo de morte ao sair de casa se ele estava mesmo o traindo? Estava tão cego pela raiva que nem se questionou quem poderia ser o tal delator.

- Porra, Porsche, como eu não vi isso antes? – Se sentia meio idiota, desconfiar das pessoas sempre foi o seu forte.

- Ah, eu sei, o ciúme te cegou. Eu sei exatamente o que é isso, aquela cicatriz nova no pescoço do Kinn não surgiu do nada... – O olhou com certo calor nos olhos.

- Eu achava que o Vegas era o possessivo da família, agora eu tô com medo é de você...

- Ninguém mandou ele dar corda para aquela modelo magrela no último evento.... Enfim, o assunto aqui é você, Petezinho. Vamos tomar esse remédio, levantar dessa cama e bater um papo com o Arm. Deve ter algum jeito de rastrear essa tal ligação.

- Vamos, espero mesmo que você esteja certo.

- Eu também, Pete.

Quebra de tempo - manhã seguinte, lado do Vegas.

Voltando ao início, Vegas continuava em seu escritório, agora na presença de KimHam, que estava sentado na sua cadeira, assistindo ao vídeo de segurança do tal restaurante da noite passada, não é necessário perguntar como conseguiu. Não havia sequer cochilado, resolver essa história era a sua principal prioridade agora. Assim como um viciado, Vegas já apresentava os seus primeiros sinais de abstinência de Pete e estava insuportável.

- Ele disse que recebeu uma ligação anônima? - Pergunta Kim, ainda concentrado no vídeo.

- Sim, foi o que ele disse antes de descer a mão na minha cara no restaurante, por quê? – A bochecha direita ainda ardia um pouco.

- Amber estava no telefone cerca de 15 minutos antes da sua chegada, será que isso indica alguma coisa?

- O que? Você acha que foi ela? Mas por q...

- Tá vendo esse cara sentado na direita? Duas mesas atrás de você? Ele é o Henry, rival número um do Alex, o seu sócio. – Apontou, na tela do aparelho.

- Estranho, eles estavam no mesmo lugar e um não tentou matar o outro? – Arregalou os olhos um pouco ao receber essa notícia.

- Aí é que está, assim que o Pete começa a xingar a Amber, ele se levantou e foi embora... Não só isso, eles também trocaram alguns olhares antes de vocês chegarem, parece até um pouco sexy, na verdade. Que Porschay não me ouça falando isso...

- Espera, isso quer dizer que...

- É, ela pode ter armado pra vocês e aparentemente, tem um caso com o rival do próprio marido. Na máfia? Que corajosa, mas qual a finalidade? – Essa era a melhor qualidade de KimHam, sabia ler as pessoas como um livro qualquer.

- Puta merda, Kim! O meu acordo com o Alex, com certeza tem a ver com a nossa aliança. Agora tudo faz sentido, você é mesmo o mais inteligente da sua família, quem diria? – Tinha um largo sorriso no rosto, finalmente as coisas estavam se encaixando.

- Ei! Acabei de salvar o seu casamento, vai mesmo mandar essa? – Lançou um olhar debochado, quase presunçoso.

- Você acabou de conseguir provas circunstanciais que podem, talvez, salvar o meu casamento, agora se o Pete vai me perdoar, já é outra história.... - Vegas encara o chão, ainda se sentindo envergonhado pelo que fez.

- É, você fez uma grande merda, cara. – Vegas também havia desabafado.

- Eu sei...

The Call - VegasPeteOnde histórias criam vida. Descubra agora