Capítulo Quinze

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Sr. Kasinsky

     Era minha única saída, perder a memória e ganhar tempo para descobrir quem realmente eram meus inimigos. A noite em que sofri o acidente, eu tinha discutido com Travis, meu primo e sócio em alguns negócios.

     Não era como se eu não soubesse que Abigail me traía, mas não sabia com quem, na verdade não me interessava, pois haviam anos que não dormíamos juntos. Naquele mesmo dia, eu havia recebido fotos dos dois em um jantar romântico. Claro que ele negou tudo, mas as fotos falavam por si.

     - Eu jamais trairia sua confiança Mitchell. Não há nada entre nós, não vou negar que jantei com Abigail, mas não temos nada. - Ele mentiu.

     - Quero você fora da empresa. Eu confiei em você. Não vou ouvir mais nenhuma palavra sua. - Eu esbravejei em um momento de fúria. Não era por Abigail, e sim por ele. Era a pessoa que eu mais confiava.

     - Me escute, não é o que você está pensando. Abigail queria conversar sobre você, pergunte à ela. Pelo amor de Deus você tem que acreditar em mim. - Ele disse, mas eu o deixei falando sozinho. Foi nesse momento que, cheio de ódio por ter sido enganado por quem eu mais confiava,  eu fui para meu carro e dirigi sem rumo.

     Chovia forte naquela noite. Notei alguns intantes depois, que estava sendo seguido. Peguei a estrada em comecei a dirigir em alta velocidade, e assim o carro que me seguia, fez o mesmo. Em um determinado momento, ele tentou me empurrar da pista. Eu lutei e fiz o que pude para não perder o controle, mas foi em vão. Fui jogado na frente de um caminhão e por impulso joguei o volante. E assim, meu carro capotou várias vezes ladeira abaixo. Não sei quanto tempo demorou o socorro mas eu estava perdendo a consciência e sentia dores pelo corpo inteiro.

     Não lembro de muita coisa, mas sei que ao acordar, minha primeira visão foi a enfermeira Rosalie, desajeitada, falante e muito atraente. Era o tipo de pessoa que qualquer um queria ter por perto.

     Minha mente estava a mil por hora. E precisava fingir uma perda de memória para que não tentassem descobrir quem eu era. Estava sem documentos e não estava com celular. Havia deixado na minha sala no dia do acidente. Mas descobri que fiquei inconsciente por duas semanas e pensei que já haviam descoberto quem eu era. No entanto, por sorte ou intervenção do destino, não conseguiram me identificar antes que eu acordasse, mas o investigador já tinha descoberto e queria contatar minha família. Eu não podia deixar e também não podia confiar em ninguém. Agi rápido e pedi para manter segredo sobre a investigação.

     Ainda assim, com todo o segredo e cautela sobre a minha identidade, tentaram me matar no hospital. Mesmo com seguranças, o maldito conseguiu se disfarçar de enfermeiro e entrar no meu quarto. Se não fosse pela coragem de Rose, naquele dia teria sido meu fim.

     E foi assim que acabei preso naquela casa com Rose, em um programa de proteção à testemunha, proposto pelo inspetor Williams. Também pude viver os melhores dias da minha vida. Não lembrava mais como era ter alguém que se preocupasse comigo. Alguém que pudesse conversar, e o sexo era maravilhoso. Eu a queria em minha vida.

     Por outro lado, eu sabia que ainda estava preso à um casamento de mentiras e traições. Era apenas aparências e nada mais. Meu casamento com Abigail, era nada mais que um contrato de negócios. O pai dela havia se atolado em dívidas para manter a empresa da familia de pé, após perder muito dinheiro em jogos de aposta. Mas sem sucesso. O acordo era salvar a empresa unindo as duas famílias, e assim eu o fiz, por 94% das ações da empresa do pai dela. Foi o acordo por me casar com Abigail.

     Tenho uma infinita coleção de inimigos, a começar pelo pai dela. Os sócios, os concorrentes, e assim segue uma fila. O poder abre portas, mas também atrai muitos inimigos.

     Eu não queria mais voltar para Abigail, mas era isso que eu devia fazer. Não confiava em mais ninguém, e sozinho, como eu poderia me defender? Abigail não era nem de longe alguém que eu poderia confiar. E se fosse ela que estivesse por trás da tentativa de assassinato? Se ao menos Rosalie estivesse aqui, mas entendo o choque que ela levou ao saber que eu era casado. Mesmo que fosse aparência, e isso ela não sabia, entendo como Rosalie deve ter se sentido. Eu estava sentindo a falta dela, mais do que e pensei que sentiria. Ela fez eu me sentir vivo novamente. Eu estava feliz ao lado dela. Jamais senti isso por nenhuma mulher. A desejava mais que tudo, e sabia que não conseguiria ficar longe dela por muito tempo.

     O inspetor Williams não iria me dizer onde ela estava, afinal ele dizia que não seria seguro para nenhum de nós dois. Era uma bobagem. Ela tinha seguranças, e isso foi uma exigência minha. Então não havia motivos para que eu não soubesse onde encontrá-la. Havia em mim uma necessidade de tê-la por perto, de saber se ela estava bem e segura. Eu precisava protegê-la a qualquer custo.

     Embora eu estivesse vulnerável, haviam seguranças por toda a parte. Ainda não havia voltado à empresa e todos agiam como se estivesse tudo bem. Abigail parecia uma mulher dedicada à família, mas eu sabia bem que não era assim. Ela apenas estava se aproveitando da situação e tentando me fazer acreditar que nunca havíamos nos casado por um mero acordo. Minha mãe nem lembrava quem eu era, e com isso eu já estava acostumado, mas fingir que não a conhecia na frente das pessoas era como uma faca em meu peito. De todos ali, era a pessoa que mais me importava e quem eu sempre fiz questão de manter por perto. Me doeu ter que ficar longe, mas foi preciso. Se eu morresse, quem cuidaria dela? No mínimo a mandariam para uma casa de repouso.

     Eu precisava fazer tudo o que estava fazendo. Não desistiria no caminho. Precisava descobrir quem queria minha morte e quais os motivos, e para isso, fingir a perda de memoria foi uma saída para proteger, minha empresa, minha mãe, e agora mais que tudo, Rosalie.

***

Mas então descobrimos que a perda de memória era uma mentira!

Como será que Rose vai agir quando souber a verdade?

Só acompanhando a história mesmo!

Até breve meus amores!

Beijos da Thah...💖

O Paciente (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora