Capítulo Onze

41 3 1
                                    

     Estávamos ali, há três semanas inteiras, e só me dei conta porque o inspetor Williams veio nos "visitar". O tempo previsto para que ele pudesse investigar a fundo quem queria matar o paciente, estava acabando e sinceramente, eu não queria mais voltar para minha vida antiga. Não queria ficar longe do Paciente, na verdade, eu não conseguia ficar longe dele.

     Os últimos dias naquela casa, foram bem intensos, nossos corpos se queriam a todo momento. Era um desejo quase que incontrolável que sentíamos um pelo o outro. Eu estava feliz, e irrevogavelmente apaixonada pelo Paciente, e eu não me importava com o passado dele. O que importava era o presente, e tínhamos um ao outro. Haviam momentos de carinho, em que suas mãos delicadamente acariciavam partes do meu corpo, e momentos de sexo com puro desejo, e eu até diria que era sexo selvagem. Em qualquer lugar da casa, sem hora para acontecer, era só sentir o desejo e estávamos nós, sem qualquer pudor, fazendo amor, e saciando nossas vontades.

     A maior parte do tempo, eu usava apenas um vestido, sem a peça íntima, e eu adorava ver o quanto isso o excitava. Era mais fácil sentar no colo dele e fazermos amor no sofá. Ou ele me sentar na mesa e chegar ao orgasmo ali mesmo. Por vezes, ele ainda chegava silenciosamente por trás, enquanto eu preparava algo para comer, e distribuía beijos e leves mordidas em minhas nádegas, antes de me inclinar de bruços no balcão e satisfazer toda a excitação com um delicioso orgasmo. E ele nunca deixou de me fazer gozar uma só vez. Era lei. Eu tinha que ter um orgasmo em todas as vezes que fazíamos amor, se não fosse com seu membro rijo, podia ser com sua língua e toda sua experiência em satisfazer uma mulher. Eu era completamente dele. Tudo de mim pertencia à ele. Não queria mudar nada, estava tudo perfeito.

     Eu não estava ouvindo o inspetor Williams. Minha mente estava muito longe e vagava entre os dias e as noites maravilhosas em que eu e o Paciente estávamos passando juntos. Imaginei muitas coisas e uma delas em especial, era viver todos os meus dias ao lado dele. Não que eu tivesse noção do futuro, mas eu não enxergava mais a minha vida sem ele.

     - Eu preciso voltar! - Disse o Paciente, interrompendo o inspetor, enquanto ele falava coisas que minha mente não acompanhava. Isso me fez queimar por dentro. Saber que ele não queria ficar mais comigo ali, naquele lugar.

     - Não é seguro, e sabe disso Sr. Kasinsky. Já falamos sobre isso. Não podemos arriscar. - Então o Paciente já sabia que não poderia voltar? Na verdade, ali eu percebi que não sabia de nada.

     - Não me importo. Preciso voltar, e se desejam minha morte, preciso saber com quem estou lidando. Aliás, estou há um bom tempo sem respostas. Não sei quem sou, e não sei quem são meus familiares. Apenas estou preso, sem memória, e refém de um assassino que o senhor não conseguiu encontrar ainda. Não posso mais viver assim. - O Paciente desabafou.

     - Sr. Kasinsky, temos coletado muitas informações sobre o senhor e alguns de seus familiares também. As rotinas de algumas pessoas, também estão passando pela nossa monitoria.

     - E não encontrou nenhum suspeito? - O Paciente já estava ficando sem paciência.

     - Não sei como dizer isso, de uma forma mais sutil, mas temos um suspeito em potencial que é muito próximo do Senhor.

     - E quem é?

     - Sr. Kasinsky..

     - Vamos! Me diga logo!

     - Seu primo. Mas volto a dizer, são apenas suspeitas. Sua esposa também era considerada uma suspeita, mas depois das investigações, ela foi descartada. - Eu parei de ouvir neste momento e senti meu rosto arder. Meu corpo parecia uma pedra de gelo e por um instante, eu não sabia nem como respirar. Então ele sabia que tinha uma família? Ele era casado e nunca me contou?

     Esposa... E no fundo eu sabia que isso poderia acontecer. Ele não usava nenhuma aliança no dia que chegou no hospital, mas que diferença isso faria agora? O fato era que ele tinha uma mulher. E se tivesse filhos? Eu não conseguia ficar mais ali. Me levantei, e disse que não estava bem, que iria me recolher. Pedi licença e quase corri em direção ao meu quarto. Tranquei a porta e abafei meu choro no travesseiro.

     Isso muda tudo. Completamente tudo. Eu não tinha ninguém. Nem família e nem amigos para quem voltar, então não me importava em estar ali com ele. Mas saber dessa informação, me deixou atordoada. Comecei a me perguntar há quanto tempo ele sabia que tinha uma família? E por que nunca me disse nada? Me senti muito idiota. Eu queria entregar a minha vida nas mãos dele, mas descobri que apenas eu, e somente eu, estava em uma relação com ele.

     Haviam barreiras nessa parte da minha vida. Nunca quis me apaixonar ou me entregar para alguém, mas com o Paciente era totalmente diferente. Eu sabia que era ele no momento em que o vi naquele hospital. E agora, estávamos ali, prestes a voltarmos cada um com sua vida normal. Mas nada voltaria ao normal. Nada!

     Eu tinha que pensar em como me despedir do Paciente e em como seguir minha vida. Era como se o sonho tivesse terminado. Um vazio e ao mesmo tempo um mix de sentimentos tomavam conta de mim. Raiva, paixão, ódio, amor. Eu não sabia como ainda não explodi con tudo aquilo. Era certo que uma hora isso ia passar, mas o que eu faria enquanto esse sentimento não morria de vez?

     Estar ali com o Paciente, me fez ficar vulnerável em todos os sentidos. Eu prometi à mim mesma que não me envolveria com ninguém emocionalmente, e nem seria próxima de ninguém. As pessoas nos machucam das mais diferentes formas possíveis, e a prova era o que estava acontecendo naquele momento.

     Me odiar, não seria uma boa alternativa. Apenas seria torturante dia após dia. Aquela situação estava acabando comigo.

     Minha cabeça doía de tanto que eu chorei. Desolada, era a palavra certa para mim. Depois de algum tempo ouvi alguém bater na porta, mas não respondi. Adormeci sentindo meus olhos inchados e o travesseiro molhado com as minhas lágrimas.

***

Agora mudou tudo no relacionamento dos dois!
O Paciente é casado!
Quais surpresas mais nos revelarão os próximos capítulos?

Beijos da Thah. 💖

O Paciente (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora