Capítulo Vinte e Um

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Já estava quase amanhecendo, e eu ainda achava que estava sonhando. Olhei para Mitchell, que dormia ao meu lado, e sorri. Ele era a personificação de um anjo. Do meu anjo.

Não sei bem quanto tempo permaneci olhando para ele e com um sorriso bobo na cara, mas creio que foi tempo suficiente para que ele acordasse.

- Gosta do que vê? - Ele perguntou abrindo os olhos lentamente.

- Sim. E muito. Vou fazer um café para nós.

- Não precisa. A cama parece melhor que um café.

- Sei que está com fome, e antes que fique de mau humor, vou preparar algo para você comer. - O mau humor matinal dele, era horrível, mas até isso eu amava nele.

Vesti uma camiseta velha e comprida, e fui preparar algo para comermos. Normalmente, eu não saía para comprar nada na parte da manhã, e se saísse, teria que levar um dos seguranças, então já tinha o necessário. Fiz ovos mexidos, torradas com geleia de amoras, mamão com mel e iogurte e café puro com pouco açúcar, do jeito que ele gostava. Enquanto ficamos presos naquela casa, eu notei cada detalhe das coisas que ele sempre comia e sobre cada pequena coisa que ele fazia e como fazia. Eu estava tão feliz, que queria agradá-lo de todas as formas possíveis. Arrumei a bandeja e levei na cama para ele.

- Desse jeito vou ficar mal acostumado. - Ele disse com um sorriso nos lábios.

- Não tem problema. Eu posso fazer isso todos os dias. Aliás, precisamos conversar sobre eu ir com você.

- Eu sei. Mas vamos terminar o café primeiro.

Basicamente eu não conseguia tirar os olhos dele. Sentia borboletas em meu estômago e mal conseguia parar de sorrir. Meus dias tristes e depressivos haviam chegado ao fim. Estava em paz, e estava feliz. Quase não consegui comer, só tomei o café e comi uma torradas. Terminamos e eu estava ansiosa para perguntar sobre a memória dele.

- Ainda não consigo me lembrar de nada! Estou me adaptando ao que os outros me dizem, mas não sei em quem posso realmente confiar. - Ele respondeu.

- E como vai ser? Digo, eu vou com você, mas não faço ideia de como vai ser.

- Simples! Você vai ser minha enfermeira.

- Você não parece doente. - Eu dei de ombros.

- Mas vou ficar doente sem os seus cuidados. - Ele fez uma cara de malícia.

- Não vai. Não se preocupe.

- Você precisa pedir demissão do hospital. Faça isso assim que possível. Não precisa levar nada. Só o que for importante para você. Você terá o que precisar lá. Sei que posso estar pedindo muito, mas se não quiser ficar na mesma casa que Abigail, você pode ficar na casa de hóspedes. - Fiz uma careta quando ele disse "Abigail".

- Abigail, sua mulher?

- Não a reconheço como minha mulher, então não há nada entre nós. - Ele disse com uma certa impaciência na voz.

- Você pode não se lembrar, mas não muda o fato que são casados. E quando você se lembrar, e descobrir que são perdidamente apaixonados?

- Isso não vai acontecer! Confie em mim. Posso garantir. Acha que se fosse assim, já não teria acontecido? Foram três longos e insuportáveis meses longe de você e perto dela. Não consegui em nenhum momento parar de pensar em você. Não pense nisso. Vamos fazer dar certo. O que não posso mais, é ficar sem alguém que confio ao meu lado. - E assim ele encerrou o assunto.

- Sei que não quer falar disso, mas preciso saber. Você tem filhos com ela? - Mitchell começou a rir.

- Claro que não! Por Deus! Bem, até onde eu sei não tenho filho algum. Mas se você quiser podemos ter vários. Você está pensando demais. Por acaso não mudou de ideia, não?

- Não mudei, mas isso me coloca na posição de amante. - Não havia pensado nisso até aquele instante. Eu seria a amante. E isso soava muito pior do que realmente era.

- Então case comigo!

- Você já é casado, se esqueceu?

- Vou resolver isso assim que voltar, eu prometo. Vou te dar três dias para pedir demissão e arrumar suas coisas. Só o essencial. Garanto que não vou deixar te faltar nada. - Ele disse com firmeza.

Isso seria o menor dos meus problemas ae nao fosse o fato de estar no mesmo lugar que a mulher dele. Minha mente estava um caos. Eu o amava tão incondicionalmente, que não iria me permitir nem um minuto sequer longe dele.

Já havia sofrido demais pelos últimos três meses que ele esteve longe, e que eu não havia tido notícias dele. Foi uma tortura sem fim. Agora que ele estava ali, e era real, não o deixaria ir mais.

-E quanto aos seguranças que me seguem onde quer que eu vá? Como posso me livrar deles? - Eu perguntei e realmente não sabia o que fazer.

- Não se preocupe com eles. Eu cuido disso. Agora preciso ir. Tenho que ajustar algumas coisas. Mas voltarei para te levar comigo. - E assim ele me beijou e se levantou. Vestiu a roupa, que lhe caía perfeitamente bem, mas antes, não pude deixar de admirar cada parte do seu corpo nu.

A despedida foi a parte mais dolorosa do meu dia. Ele me prometeu que voltaria, mas a dor da separação parecia arder em meu corpo. Era tão estranho e ao mesmo tempo normal me sentir assim, como se estivesse acostumada à sentir essa dor. Mas agora eu tinha muito o que fazer. Três dias para pedir demissão, arrumar minhas coisas. Parecia até adolescente e o primeiro amor. Não que eu já tivesse gostado de alguém antes, mas os sintomas eram os mesmos que estavam se manifestando agora.

Fiquei pensando em tudo o que tinha que fazer e pedir demissão era algo que me incomodava muito. Eu amava minha profissão e ter que deixar o hospital, era algo que me fazia balançar. Mas ja estava decidida e não voltaria atrás. E assim eu fiz. Pedi demissão alegando problemas pessoais. O que era bem ridículo, pois eu poderia pegar uma licença para resolvê-los, mas isso era muito além de um simples problema, eu estava seguindo meu coração pela primeira vez.

***

Agora é para valer!
Rose aceitou ficar com Mitchell, mas será que eles estarão seguros?

É o que vamos descobrir ao longo dessa jornada.

Até breve meus amores.

Beijos da Thah. 💖

O Paciente (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora