Capítulo 03

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[Flashback]
01/12/2017

Pov Marília

Outra vez
A sua boca fala
E o coração desmente
E aí, como é que você se sente?

Minha voz ecoa pelo pavilhão juntamente com as milhares de vozes que cantam a música que mudaria a minha vida para sempre.

Só me conta como foi sem mim
Na primeira farra
Quem deixou de beber
E dirigiu por você
Até sua casa?

Desvio meu olhar pra lateral do palco, onde se encontrava um dos compositores de "Transplante", a música que eu estava cantando.

Murilo Huff me encarava de uma maneira que tirava o meu fôlego, de forma que alternava seu olhar entre mim e o público. A medida que o público repetia cada estrofe que eu cantava, ele sorria e agradecia pela oportunidade de estar vivenciando isso. Seu olhar continha um misto de surpresa e encantamento, como se ele nunca tivesse visto nada parecido antes.

Só me conta quem vai dividir contigo
O último pedaço
E o outro lado do fone de ouvido, ô ô

Aponto o meu microfone em direção ao público e me surpreendo com o modo e com a força que as vozes se espalham pelo pavilhão...

Esse coração aí
'Tá se fazendo de bobo
Ele gosta mesmo é de mim
Esse coração aí
'Tá sendo ignorante
Pra me esquecer, vai precisar de um transplante

Repito a última estrofe e faço uma reverência, agradecendo por todo carinho.

— E aí, Huff... Qual foi a sensação de ouvir a música que você compôs, na boca do povo? - falo enquanto sigo em direção ao camarim com Murilo ao meu lado.

— Véi... sem explicação! Que sensação incrível que é assistir o seu show do palco. Muito obrigado por isso, Marília... Obrigado por ter respondido meu direct e aceitado a minha presença aqui nessa noite. - ele põe as mãos na minhas costas e sorri.

— Precisa agradecer não, homi. Sua música é sucesso! - falo enquanto sirvo meu copo com destilado e lhe ofereço. – Agora, bora beber!

— Sua música! É na sua voz que ela faz sucesso. - ele pega o copo da minha mão. – Já vou avisando que se me der Absolut, não saio daqui tão cedo hoje.

— Uai, você tá falando com a maior inimiga do fim, Ruffles. - Henrique Bahia fala se aproximando.

— Pois então somos dois! - ele me olha me desafiando.

— Depois não adianta chorar! - sento no sofá e pego meu celular.

***

Já se passavam das 7h00 da manhã quando o Bahia entrou no camarim informando que precisávamos ir, pois naquela noite teria show em outro estado e a viagem seria longa.

— Você não tá pensando em misturar pêra com whisky, né Murilo? Deixa de ser doido! - falo rindo quando vejo ele se aproximar da mesa de frutas.

Uma segunda chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora