Júlia deixou a casa mais cedo naquela manhã. A rua estava silenciosa, exceto pelos sons distantes do tráfego e pelo canto dos pássaros, que pareciam celebrar o início de mais um dia. A caminho do trabalho, ela sentia uma leve brisa no rosto e uma sensação de liberdade. A cidade estava começando a despertar, e ela, como sempre, caminhava para o seu destino, com a cabeça cheia de pensamentos e o corpo seguindo automaticamente.
Ao passar por uma pequena loja de donuts, algo fez Júlia parar abruptamente. Ela olhou para dentro, e por um breve momento, seu olhar se encontrou com o de um homem que estava no balcão. O coração dela deu um salto, um arrepio percorreu sua espinha. O homem tinha traços familiares, um rosto que ela já conhecia muito bem. Era ele. O rosto do meu padrasto. Mas, no instante seguinte, ela fechou os olhos, como se tentando afastar aquela sensação estranha. Não pode ser ele. Não aqui, não agora. Ela respirou fundo e deu um passo adiante, afastando qualquer dúvida da sua mente. Era só coisa da sua cabeça, ela se disse.
O dia seguiu de maneira normal. Chegou ao trabalho, cumprimentou os colegas e foi para a cozinha, onde começaria sua rotina na lanchonete. Tudo estava tranquilo, sem grandes incidentes, e Júlia começava a se sentir mais à vontade com a ideia de ir atrás de novos projetos.
Quando a Dona Gilda entrou na cozinha para conversar com ela, Júlia sentiu um alívio. Ela já havia discutido a ideia com a dona da lanchonete de descontar o valor da cafeteira do seu salário, e parecia que finalmente seria resolvido.
— Júlia, eu estava pensando sobre o que você sugeriu — começou Dona Gilda, ajeitando os óculos enquanto olhava para ela com um sorriso amável. — Eu concordo com a sua proposta. O valor da cafeteira será descontado do seu salário, mas, para compensar, você vai ter que trabalhar um mês de graça. Isso é o suficiente para você encontrar alguém para ficar no seu lugar, e eu vou garantir que você receba todos os seus direitos, sem problemas.
Júlia assentiu, sentindo uma mistura de alívio e gratidão. Era um acordo justo, e agora ela tinha o tempo necessário para encontrar algo melhor.
O restante do expediente passou rapidamente, e ao final do dia, Júlia se sentou com Sarah em uma mesa do café ao lado da lanchonete. Sarah notou a expressão de cansaço, mas também de satisfação, no rosto da amiga, deram uma pequena pausa para tomar água.
— E aí? Como foi o dia? — perguntou Sarah, levantando a sobrancelha curiosa.
Júlia sorriu, um sorriso meio cansado, mas cheio de alívio.
— Aconteceu tudo o que eu esperava. A Dona Gilda concordou com a proposta, mas tem uma condição: preciso trabalhar um mês de graça para poder encontrar alguém para o meu lugar. Mas pelo menos tudo vai ser resolvido.
Sarah deu uma gargalhada, abrindo um sorriso travesso.
— Então, você já está pronta para a próxima etapa da sua vida, hein? O que me diz de sair para beber e comemorar isso? Eu pago a primeira rodada.
Júlia riu, sentindo-se um pouco mais leve.
— Acho que é uma excelente ideia. Vamos celebrar esse passo! - As duas levantaram os copos e brindaram, sabendo que, por mais que o caminho ainda fosse longo, pelo menos hoje o peso do futuro parecia um pouco mais leve.
A noite já começava a cair quando Júlia e Sarah chegaram ao apartamento de Júlia, que estava em um clima descontraído e bagunçado, com algumas roupas espalhadas pelo sofá e a luz suave da luminária criando uma atmosfera acolhedora. Sarah se jogou no sofá, enquanto Júlia, animada, abriu o armário e começou a vasculhar as roupas.
— Tá, se vamos sair para comemorar, você precisa me ajudar a escolher algo mais... animado — Júlia disse, olhando para Sarah enquanto segurava duas blusas diferentes.
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Por Acaso Amor
RomanceDizem que quando rimos sozinhos por alguém, significa que você encontrou a pessoa, aquela pessoa! Demorei muito pra entender meus sentimentos, mas você trouxe tanto caos para minha vida que pensei que nossos mundos não estavam destinados. Eu estava...