Quando as violetas retornam

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                             04:00AM

Um déjà-vu da noite anterior permanecia como um flash incômodo na frágil mente de Moira, não tinha certeza se era a bebida ou as borboletas no estômago. Porém, o que quer que fosse, a fazia ouvir risadas em sua cabeça, que soavam como unhas raspando a frágil estrutura de uma lousa verde escolar.

Específico, porém a sensação era de fato inquietante para a mulher, sentia que estava em um sonho naquele momento.

 

Abriu os olhos e se viu em um plano branco, completamente sereno, seu corpo flutuava enquanto sua cabeça levemente se movia, observando o ambiente, que até parecia uma cidade coberta de neve, ou até mesmo o próprio céu, só que sem todo o seu azul. Apenas um ríspido e desinteressante branco.

Como metáfora, poderia se dizer que a mulher que enquanto olhava, buscava naquele local, ao menos um pequeno tom de cinza cortando o horizonte.

Se ela poderia se mover ali? Definitivamente não, seu corpo estava congelado, era mera espectadora daquela prisão, que apesar de não aterrorizante, poderia se tornar.

Agora o que era um sonho confuso se tornou um pesadelo, quando tudo parecia bem, a gravidade decidiu abandonar Moira, e a lógica magicamente voltou, talvez nem Newton conseguiria explicar o que de fato estava acontecendo ali.

Quem antes estava flutuando, agora despencava dos "céus" na velocidade em que um avião corporativo fazia por hora, porém resumido em alguns segundos.

Nunca foi corajosa quando se tratava de altura, de fato, tinha fobia, uma fobia extrema, que mesmo em uma situação hipotética, ou nesse caso, em um pesadelo, seria bem pior do que sonhar com uma criatura sombria de 1 metro e 80 tentando te assassinar.

Tentava gritar, e sua garganta não respondia, sua voz até parecia ser bloqueada por uma mordaça, como se houvesse sido sequestrada pela criatura misteriosa que à deu poderes mágicos de vôo.

Quando de repente pareceu ver o fim de tudo aquilo. Se deparou com o solo, aquilo que poderia ser o único meio de parar aquela queda, apesar das consequências.

Restando poucos centímetros para atingir o chão, agora tendo controle do próprio corpo, olhou para os lados, ainda buscando respostas, completamente assustada, em um clima tenso, como se alguém à sua frente estivesse sendo morto.

Ela de longe avistou uma figura, uma silhueta de cor amarela, que se destacou pelo horizonte, o tom de branco ganhava cor, e tudo ao seu redor de repente inverteu.

Naquele momento ela parecia estar de cabeça para baixo, como se estivesse amarrada, mas antes de conseguir encontrar respostas, tal como aquele fatídico sonho de infância que temos onde caímos de uma grande altura e momentos depois acordamos, isso ganhou vida, e atingiu Moira com tudo.

Isso não importaria, pois tal qual a maioria dos sonhos absurdos que vivemos, em menos de duas horas iremos esquecer completamente deles, e voltar às nossas vidas cotidianas.

Sim.

O silêncio ecoa.

Nós vamos, não é?

Nós vamos, não é?

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Quando os girassóis partem (Re-up)Onde histórias criam vida. Descubra agora