Durante alguns anos, Vivian conseguiu sair do apartamento de sua mãe, vivendo no apartamento empoeirado a beira da linha do metro pela metade do preço, em troca de facilidades sexuais com o proprietário durante longos três meses.
Durante seu turno no café onde tinha um emprego medíocre de meio período, Vivian encontrou sua velha professora de dança e descobriu-se apta a dar aulas de ballet para crianças e dança de salão para iniciantes.
Afinal, foram quase quatro participando de competições de dança de salão e uma vida inteira sobre os palcos, na ponta de um par de sapatilhas de ballet. Prontamente aceitou o convite.
Livrando-se do emprego no Zaf's Coffee, mantendo apenas a boate._ Você desapareceu, querida. - Disse Marguerite um fim de tarde enquanto tomavam chá após um dia inteiro de aulas, Vivian começaria seu turno na Bach's só as dez. Tinha tempo de sobra. - Desapareceu das aulas. Algo lhe ocorre? Por que estava trabalhando em um café?
_ Muitas coisas. - disse vagamente enquanto bebicava da xícara fumegante.
_ Querida, sabe que pode contar comigo sempre, certo?
Ela olhou para a ex professora, a mesma mulher com olhos de felinos astutos, com um rabo de cavalo severo, segurando firmemente seu cabelo loiro e vibrante, o qual apresentava seus primeiros fios brancos. Ela continua imponente, densa, a mesma mulher de anos atrás.
_ Você soube que eu...
_ Sim. Eu soube, Viv. Como está a criança?
_ É uma menina. - Disse amargamente, olhando pela janela da cozinha do ateliê. - Tem sete anos e chama-se Aysha.
_ É um nome muito bonito. Espere, você disse sete?
_ Sim. - Confirmou desconfiada.
_ Traga-a.
_ O quê? - Levantou-se
_ Quero vê-la. Se ela tiver o mesmo potencial que você tem, minha cara, talvez possamos ter uma nova chance. Não acha?
O semblante da mãe de primeira viagem mudou.
_ Não tenho como pagar as aulas.
_ Quem está mandando você pagar algo?
_ Falo para ela vir amanhã depois da escola. - Disse enquanto to soltava os cabelos e pegava a bolsa. - Pede cuidar dela hoje por mim?
_ Algum problema?
_ Ela normalmente fica sozinha, mas acho que uma companhia não lhe faria mal.
_ SOZINHA? Por Deus, mulher, está louca? - Disse Meg exasperada.
_ Nunca estive em melhor sanidade.
Vivian rabiscou em um pedaço de papel o endereço e saiu do ateliê e passou no mercado e comprou arroz, pão, enlatados, algumas verduras e queijo.
O tempo estava mudando com o fim de outono e segundo a moça do jornal das sete, que apresentava as previsões do tempo, as coisas ficariam complicadas.Chegando em casa gritou o nome da criança sob o barulho do trem, que sacudia todas as paredes, esta apareceu prontamente, de banho tomado e com pijamas.
_ Uma amiga minha vem para ficar com você esta noite. - Anunciou colocando as compras na minúscula mesa de jantar de madeira gasta. - Comporte-se. Amanhã, depois da escola, você vai para o meu trabalho, peça para Marguerite te ensinar o local exato. - A menina confirmava a cada novo comando. - Faça o jantar. Logo. Quero comer algo antes de ir para o trabalho.
_ Mais alguma coisa, mamãe? - Questionou enquanto avaliava a sacola de compras. Pensou em uma sopa de legumes ou uma salada com frango que havia sobrado da noite anterior.
_ Não me chame de mamãe. Quantas vezes eu já lhe disse isso?
Vivian não deu tempo para resposta e foi para seu próprio quarto preparar-se, pois a noite seria longa, deixando Aysha na cozinha com seus próprios pensamentos.
Após um longo banho, colocou um vestido preto, curto e justo, saltos de salto agulha, arrumou seu cabelo e uma bolsa com batom, preservativos e pó compacto.
Estava pronta.Estava acostumada.
Aysha aprendera desde cedo o que deveria fazer - ou não - para manter sua mãe satisfeita e calma. Sua ira era terrível e ai da tinha as marcas da última vez que a despertara, há pouco mais de três meses. Foi por pouco que não fraturou o braço em dois segmentos. Chegando ao medico, teve de inventar uma desculpa sobre estar brincando em cima de uma árvore e ter perdido o equilíbrio e caído sobre o braço.
Ela e Vivian sabiam que era tudo mentira.
O jantar estava pronto quando a campainha soou, o chuveiro havia parado a uns cinco minutos. Isso significava que a mãe estava quase pronta. Saiu de perto da mesa e foi até a porta e a abiu.
_ Sim?
_ Você deve ser Aysha, certo?
Ela deve ser Marguerite, pensou. Ela era bonita, com corpo esguio e cabelo liso e solto caindo sobre os ombros da jaqueta de couro sobre a blusa branca, usava calças jeans escuras e botas de cavalaria marrons que combinavam com a bolsa grande.
_ E você deve ser Marguerite Fisher.
_ Ela é esperta Viv. - Aysha não havia percebido a chegada da mãe à sala. - Bonita e atenta.
_ Entre e feche a porta. - A mãe soava menos amarga. - Pode pendurar seu casaco no armário e venha para podermos jantar.
_ Certo.
O jantar foi cheio de vinho e risadas por parte das duas amigas. A garotinha tentava apenas acompanhar o ritmo mas acabou desistindo e se concentrando em seus restos de salada.
_ Aysha. - Disse a mãe pondo-se de pé. - Arrume tudo. Seu horário é as dez em ponto. Faça tudo o que tem de fazer para a escola e não apronte nada.
Despediu-se e saiu.
Meg ajudou a garotinha a arrumar toda a louça do jantar e depois sentaram-se no velho sofá laranja berrante da casa. Ash pegou seus materiais e esticou-se no chão de madeira gasta para fazer seus deveres e as horas se passaram.
_ Querida... Aysha? - a menina murmurou, ainda concentrada em seus afazeres. - Você gostaria de aprender a dançar?
Ela largou o lápis e olhou com aqueles grandes olhos verdes que pareciam examinar toda a alma da dançarina.
_ Dançar? - Ecoou
_ Sim, Aysha. Ballet. - a menina retribuiu a oferta com um sorriso e seus olhos brilharam com a determinação. - Perfeito, começaremos amanhã depois da escola.
VOCÊ ESTÁ LENDO
DIVISION - O Tempo não Para
Fantasia"Ela estava quebrada de mais para se preocupar com as consequências que viriam a seguir. Ela só queria que aquela dor acabasse e que alguém, em todo o universo, a ouvisse chorar e cuidasse de suas feridas." Aysha era nova de mais quando tudo começ...