Conversas

34 2 0
                                    


- Miguel O'hara. - Completei sua frase. Ele me olhou surpreso e ficamos um tempo em silêncio.

- Como você sabe?

- Não sei como começar a explicar isso. - Sentamos no sofá e expliquei desde meu primeiro encontro com o Miguel até o dia atual. Antony não escondia sua surpresa, mas não falou nada até eu terminar de explicar.

- E você ainda não contou a ele que é a Natureza Noturna

- Era. E não, não contei. Não sei como falar isso para ele, porque eu já não sou mais ela, qual o sentido de reviver tudo de novo?

- Eu entendo o seu lado, (S/n). Mas... Se vocês realmente vão embarcar nesse relacionamento, precisam conhecer o passado um do outro e ele vai descobrir quem você é logo com a reunião do Conselho se aproximando.

- Já tem data?

- Próxima segunda.

- Já estamos na quinta! 

- Você tem alguns dias para contar.

- Não é tão fácil. Eu sei que pode parecer besteira, mas eu não quero que ele me olhe com pena, como se eu fosse uma coitada. Eu já me sinto fracassada o suficiente.

- Não diga isso, (S/n). Você abdicou da sua magia para proteger o universo, existe maior demonstração de coragem? Você é a maior heroína que esse e todos os outros universos já conheceram. - Ele segura minha mão e sorrimos um para o outro.

- Obrigada, obrigada mesmo.

- Sempre estarei aqui, você sabe. Não queria nada disso tivesse acontecido, se eu tivesse chegado mais cedo naquele dia, talvez...

- A culpa não foi sua, Antony. Não sabíamos que aquilo iria acontecer.

Aproximei-me dele e o puxei para um abraço. A noite já estava chegando ao fim. Quando liguei para ele, não fazia nem uma hora desde o momento que dormi. Ele veio o mais rápido que podia usando sua magia para construir portais.

Sinto uma sensação estranha, como se tivesse sendo observada e Antony parece sentir o mesmo. Nos afastamos e quando olho para a porta da minha varanda, sinto como se meu coração fosse sair pela boca. O que ele estava fazendo aqui?

Miguel ainda estava trajado, parecia cansado pela noite de trabalho, mas mantinha sua postura firme. Não conseguia ver seu rosto por conta da máscara, mas pelo jeito que estava, ele não parecia muito feliz. 

Eu e Antony levantamos de uma vez pelo susto.

- Miguel... - Eu comecei a falar, mas ele me interrompeu.

- Eu vim verificar se você estava bem por causa do que aconteceu, mas creio que está sendo bem cuidada. - Sua voz era áspera.

- Não é isso. Vamos conversar.

- Conversar, (S/n)? Como você vai explicar está com ele no meio da madrugada sendo que quando eu sai daqui você estava dormindo? Não estou muito afim de ouvir desculpas.

- Você entendeu tudo errado. Deixe a (S/n) explicar. - Os dois se olharam por alguns segundos e  Miguel parece ter o reconhecido.

- A cada segundo parece que a situação piora. Não tenho qualquer interesse em ouvir vocês. Não queria atrapalhar. - Ele começa a se afastar e corro até a varanda para segurar sua mão.

- Miguel, por favor. Me deixe explicar.

- Você não me deve explicações, não temos nada de qualquer forma. 

Ele puxou sua mão e foi embora. Meu cérebro ainda processava suas palavras. 

- Merda, o que foi tudo isso? - Antony se aproximou.

𝓣𝓱𝓮 𝓹𝓸𝔀𝓮𝓻 𝓸𝓯 𝔂𝓸𝓾𝓻 𝓵𝓸𝓿𝓮 - 𝓜𝓲𝓰𝓾𝓮𝓵 𝓞'𝓱𝓪𝓻𝓪Onde histórias criam vida. Descubra agora