Escolhas

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Já fazia um tempo que eu não dormia. Minha cabeça doía cada vez mais, mas eu não queria me render a isso. O medo de não voltar para a realidade e passar o resto da minha vida presa em um ciclo sem fim era avassalador. 

- Você está cada vez mais fraca, (S/n). - Adam falou após checar minha pressão. - É como se ele estivesse consumindo você. 

Miguel segurava minha mão e prestava atenção em cada palavra dita. Ele, Adam e Antony estavam em busca de uma solução dia e noite, porém, aos poucos estávamos perdendo as esperanças.

Ágatha, uma heroína com poder de cura, estava me ajudando muito. Ela aliviava parte das dores e havia se tornado uma boa amiga. 

- Quero passear um pouco. - Falei enquanto me sentava na cama.

- De jeito nenhum, você está com a imunidade muito baixa. O tempo frio pode fazer com que adoeça. - Adam repreendeu e apenas revirei os olhos voltando a me deitar na cama.

Andar poderia fazer com que esse sono fosse embora. Todos nós sabíamos que eu precisava dormir, mas todos também sabiam da possibilidade de eu não acordar novamente. 

Todos se retiraram do quarto, restando apenas eu e o Miguel.

- Você não tem uma cidade para salvar? 

- Você é a minha prioridade nesse momento. Tenho pessoas cuidando da cidade para mim.

- Sinto muito.

- Do que você está falando? - Ele segurou minha mão e a beijou.

- Desde que nos conhecemos, eu só tenho trazido problemas para você. Eu menti, atrapalhei seu trabalho...

- Por céus, (S/n). Você realmente acha que me incomodo com isso? Mi amore, desde que lhe conheci, você trouxe para mim uma felicidade que pensei nunca mais sentir. Cada dia ao seu lado, cada conversa, cada risada, todo momento com você é único. - Senti meus olhos lacrimejarem, mas eu não queria chorar, não queria preocupar ele. Entretanto, Miguel já me conhecia. Ele me puxou para seu peito e me permiti chorar.

- Eu estou com medo. - Meu corpo tremia e ele tentava me acalmar, mas eu sabia que ele também estava com medo.


...


- Já estava na hora. Pensei que conseguiria me divertir mais tempo com você aquele dia. - Novamente, eu estava em um enorme vazia branco. A voz de Alistair ecoava como se viesse de qualquer lugar.

Respirei fundo. Não vou deixar ele me controlar, não vou perder o controle. 

- Sabe... Quanto mais você demora para vir aqui, mais fraca você vai ficar. A mente tem um grande no nosso corpo e tenho certeza que você sabe bem disso. - Escutei passos atrás de mim. - Se você tivesse me dado a porcaria da magia, nada disso estaria acontecendo. 

- E deixar você acabar com o mundo? O universo?

- Não, querida. Seria apenas uma mudança... Uma nova hierarquia, as pessoas precisam de novidades. Eu devia ser o novo rei, eu deveria reter todo o universo, mas você... - Sua mão agarrou meu pescoço e me virou para si. - Você, sua vadia burra, acabou com tudo. então, seu eu não posso destruir esse mundo, irei destruir o seu mundo, a sua vida. Não se preocupe, você só vai morrer quando todos aqueles que ama morrerem primeiro. A começar por ele.

Alistair vira minha cabeça para o lado e posso ver Miguel. Ele estava com seu traje, mas seu peito estava perfurado como uma grande estaca de madeira. Eu tentava fechar os olhos, mas não conseguia. Um misto de emoções se passava pela minha mente. Sofrimento, dor, arrependimento, ódio.

- Olhe bem, (S/n), essas são as consequências de suas ações. Você pensou que teria uma vida feliz? Uma família? Eu dito o seu fim, eu controlo a sua vida.

Segurei seu rosto com uma mão e com a outra segurei seu braço que me segurava.

- Eu dito o seu destino. Você era uma lenda e eu acabei com você, eu escolhi o seu final. Mesmo me matando, você nunca terá a minha magia. - Uma onda de energia corre meu corpo e o empurro. Ele me olhava perplexo, mas logo seus olhos vibram carregando um ódio intenso. 

- Você irá se arrepender.

- Posso não ter te matado aquele dia, Alistair, mas dessa vez, eu irei. Nem que seja a última coisa que eu faça. 


...


Sentia um vento frio bater em meu rosto e uma escutava uma voz.

- Acorde, por favor. - Sua mão tocou meu rosto e ele suspirou.

Lentamente, abri meus olhos e vi Miguel. Ou melhor, o Homem-Aranha. Não estávamos no quarto. Ele me abraça e agradece baixinho. Quando nos afastamos, olho ao redor e percebo que estamos no terraço.

- Você não está sonhando. - Olhei para ele com um sorriso. - Você passou o dia todo dormindo e começamos a ficar preocupados. Há 20 minutos atrás, você se mexeu muito e fiquei com medo do que poderia estar acontecendo e te trouxe para cá. Dá para ver toda Nueva York daqui.

- Obrigada, muito obrigada. - Segurei seu rosto e depositei um leve selar em seus lábios. Quando nos afastamos, Miguel me olhou surpreso por alguns segundos. - O que foi?

- Seus olhos... Eu tenho certeza que vi algo como uma luz verde brilhar... - Meu coração disparou com essa informação. 

- Precisamos encontrar o Antony. 


...


- Tem certeza disso? - Antony perguntava abismado para Miguel.

- Sim, já falei dez vezes que sim.

- Certo. Você sonhou?

- Sim. Esse não foi tão doloroso como o outro, eu acho que consegui entender os planos dele. - OS dois se sentaram a minha frente para escutar. - Ele disse que como eu o impedi de dominar o mundo, o universo ou seja lá o que ele queria, como consequência, ele iria destruir o meu mundo, tudo o que eu mais amava. Então, ele me mostrou o Miguel morto. - Respirei fundo relembrando da cena. - Eu acho que ele fez isso para me desestabilizar, para mexer com a minha cabeça. Só que o efeito foi contrário, eu fiquei irritada e consegui me afastar dele, como se o tivesse conseguido controle da situação. 

- Os seus sentimos pelo Miguel são muito fortes e isso deve estar gerando uma batalha interna dentro de você. Por isso que seus olhos brilharam quando se beijaram mais cedo, porque sua magia deve reconhecer o Miguel. 

- Como assim reconhecer?

- Pensem comigo, o Luke nunca conseguiu imitar o seu poder, porque a magia é sua e ela só se relaciona com você. Ela se relaciona com você em todos os aspectos, especialmente os sentimentais. Isso quer dizer que ela ainda está ai dentro, sua essência permanece ai, como uma pequena chama que precisa de um pouco de carvão. Você abriu mão dela, mas pelo jeito, ela não abriu mão de você. Ela se manifesta quando você se sente muito ameaçada ou quando alguém que você ama está sendo ameaçado. - Ele deu uma piscadinha.

- Então, para que ela volte de vez, esse sentimento tem que ser maior. - Miguel completou. - Você teria que entrar no jogo do Alistair, mas isso também abre caminhos para que ele a torture como fez no outro dia. É muito arriscado.

- De fato. - Antony concordou passando a mão nos cabelos como se já não soubesse o que fazer.

- Eu vou ter que arriscar. Eu estou morrendo aos poucos de qualquer forma. - Miguel parecia querer falar, mas nós dois sabíamos que eu estava certa. - Eu vou lutar. É a minha vez de lutar em busca da minha magia.



Notas autora


Desculpem-me pela demora. Peço perdão pelos erros ortográficos e agradeço pela leitura! Não esqueçam de comentar e votar!<3


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⏰ Última atualização: Jul 31, 2023 ⏰

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