Capítulo 9 - Cartas

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Ellyzabeth

Estou em um pequeno quarto, olho ao redor e não encontro nenhuma porta ou janela. Não consigo raciocinar muito o que está acontecendo, me sinto confusa e perdida.

  Tento me levantar, mas vacilo... sinto uma dor imensa pelo meu corpo inteiro, cada movimento que eu faço vem acompanhado de um latejar agudo de dor. Meu coração bate acelerado e percebo algo viscoso e úmido entre meus dedos. Em um movimento de desespero fito os olhos em minhas mãos e as vejo cobertas por um vermelho forte, profundo arranhões percorrem pelos meus braços.

A confusão e o medo se apoderam da minha mente, mas não consigo reagir, apenas encaro estática o sangue escorregando de minhas mãos.

Toc toc...

Duas batidas ecoam da parede e com um esforço imenso consigo me levantar.

Abro meus olhos assustada, com a respiração ofegante. Percebo que ainda estou na mansão.

- Foi só um pesadelo Lizzy, está tudo bem. – Permaneço sentada na cama, minhas mãos tremem e meu coração bate forte, fecho os olhos e respiro fundo – foi apenas um pesadelo.

Por um breve momento, imagino ter visto um reflexo de uma borboleta na cabeceira de minha cama, mas logo essa sensação vai embora ao ouvir uma batida leve surgir na porta, a encaro rápido e aflita

- Lizzy, posso entrar?

Solto o ar que nem sabia que estava segurando quando ouço a voz de minha irmã atrás da porta.

- Claro

Irene abra a porta com delicadeza e a fecha dando apenas alguns passos para a frente.

- Você está bem? Dormiu praticamente o dia todo – Irene me olha com preocupação e escondo minhas mãos ainda tremulas de baixo da coberta.

- Sim, só estava um pouco cansada. Não estava nos meus planos cair em uma poça de lama durante a viagem - digo, fazendo-a rir. - A mamãe e o papai estão bem?

- Na medida do possível, sim. Eles tão na cozinha.

Sinto um alívio, pelo menos por agora não terei que ouvir nenhum surto.

- E você? – pergunto

- Tudo bem.

- Tomou seus remédios? – falo dessa vez, com mais seriedade

- Sim, aliás, eu queria te perguntar uma coisa - Irene se aproxima um pouco timidamente. - Tudo bem se eu ficar com você aqui hoje? Não sei se seria bom acordar sozinha em um lugar desconhecido.

Percebo os pés inquietos de minha irmã enquanto ela espera minha resposta.

- Claro que pode – dou um sorriso e me afasto um pouco, abrindo espaço para ela na cama.

Irene se ajeita na cama e permanecemos em silêncio. Nenhuma das duas sabe ao certo o que dizer. Nós éramos bem próximas antigamente, porém, depois de tudo o que aconteceu, acabamos nos afastando, e esse silêncio me machuca toda vez.

- Vovó achou uma biblioteca gigante lá embaixo, ela até veio te chamar, mas não quis te acordar.

Abro um sorriso quando a vejo iniciar a converso, porém antes de eu conseguir responder, ouço outra vez batidas vindo da porta. Dessa vez, levanto-me da cama e vou em direção a porta

A abro e vejo Maya

- Vocês combinaram uma reunião no meu quarto e eu não tava sabendo?

Maya ri e entra no quarto

A Ilha de PólisOnde histórias criam vida. Descubra agora