O retorno para casa era sempre com a Milena, já que íamos até o terminal de ônibus juntas. Certo dia, após a última aula, fomos ao banheiro retocar a maquiagem para encontrar uma turma no bar. Enquanto eu retocava meu batom vermelho, ela chupava mais uma bala de menta.
— Cadê minha bala? — Perguntei cobrando.
Ela mostra a bala que está em sua boca entre os dentes.
— Essa era a última. Quer? — Ela oferece a bala de sua boca.
— Ah, sacanagem. Não guardou nenhuma pra mim. — Respondo desanimada.
Finalizo minha maquiagem e quando estava me aproximando da porta do banheiro para sair, sinto um puxão pelo braço me fazendo voltar e já me encostando contra a parede.
— Tem certeza que não quer essa bala? — perguntou com seu corpo colado ao meu. Seus olhos me encaram e sinto seu hálito de menta bem perto de mim, assim como seus lábios carnudos à centímetros de distância. Eu fiquei ofegante, com a respiração um pouco presa, saindo aos poucos e não respondi. Ela foi aproximando lentamente seus lábios dos meus, e enquanto os sentia úmidos, continuava a perder a respiração e não entender o que estava acontecendo. Ela encostou seus lábios junto com a bala nos meus, e empurrou a bala para dentro da minha boca, enquanto continuava a me olhar com seus olhos cor de mel e longos cílios escuros. Devagar ela se afastou, minha respiração ainda era desordenada. Minha mente estava confusa com tudo àquilo que acontecera nos últimos segundos que pareceram intermináveis.
— Fica com essa bala pra você. — ouvi-a dizer no meu ouvido, trazendo um arrepio para o meu corpo todo, além do frio no estômago que eu estava sentindo.Fomos pro bar, bebi pouco e fui pra casa, ainda pensando em tudo que aconteceu antes. Milena me acompanhou até o terminal onde cada uma seguia para seu ônibus, e percebeu que eu estava mais calada e contida.
— Desculpa se você não gostou do que eu fiz.
Fiquei em silêncio caminhando.
— Eu me empolguei, vi uma oportunidade e não consegui deixar passar. Gosto de você e às vezes algumas situações são mais difíceis que outras pra controlar.
Eis que levo outro susto agora. Gosta de mim? Desde quando isso que eu não sabia? Isso se repetia em minha mente. Ela sempre falava tudo de forma tão direta e sem rodeios que eu muitas vezes me assustava.
— Você não vai falar nada? — Pergunta em tom preocupado.
— Em uma única noite minha amiga me beija e diz que gosta de mim, me pegando de surpresa. O que quer que eu faça ou diga? — pergunto meia impaciente.
— Se eu fosse você me beijava. Eu gosto de você de verdade e seria um prazer imenso ficar com você Mika.
— Tá maluca Milena? Esqueceu que eu namoro? Tem o Breno nessa história toda.
— Eu sei, mas se ele gosta de você eu também gosto e acho justo você saber.
— Era por isso que você tanto me olhava quando entrou no curso? — Lembro daquela situação.
— Finalmente caiu a ficha... — Ela diz revirando os olhos.O silêncio impera entre nós. Fomos assim até o terminal e nos despedimos com um novo pedido de desculpas dela.
A caminho de casa tento falar com o Breno para pedir que ele vá lá pra casa essa noite. Infelizmente ele não consigo falar com ele e vou passar a noite sozinha com milhões de pensamentos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Improvável
RomanceUma grande amizade acontece. Porém, sentimentos inesperados podem acontecer e mudar toda uma história. Todos os direitos reservados. © Votos e comentários são importantes para saber o interesse de vocês pela história! Participem!