Oito

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Domingo

Acordei por volta do meio dia e fui direto para o banheiro fazer minhas higienes. Vesti um pijama e pedi uma marmita no IFood, estava faminta e minha mãe só chegaria as duas horas. Olhei meu celular para ver se tinha algo e havia duas mensagens de Molly....PUTA MERDA!

— O que eu fiz... -Murmurei e senti lágrimas brotarem nos meus olhos. 

Eu havia dormido com Zachary. O irmão da minha melhor amiga. O menino que zoou comigo por anos. Ouvi uma buzina de moto e desci correndo, paguei o entregador e peguei minha marmita, comendo enquanto chorava. Não sabia o que fazer. De um lado eu precisava contar, ela era minha melhor amiga e do outro eu não podia, ela iria me odiar. 

O portão da garagem foi aberto e enxuguei minhas lágrimas rapidamente, correndo para a pia lavar o prato. Senti-me abraçada por trás e sorri ao sentir o cheiro da minha mãe, ao qual depositei minha cabeça em seu ombro, sentindo beijinhos em minha cabeça. 

— Oi, mamãe, como foi o trabalho? -Perguntei. 

— O de sempre. -Sorriu.- Já almoçou? - Perguntou e eu assenti.- Okay, vou tomar um banho e colocar um pijama para podermos começar a fazer nossa seção de filmes. 

Ouvi os passos se distanciando e as lágrimas voltaram para o meu rosto.  Estava em conflito e não sabia o que fazer, mas, mesmo assim, não me arrependo de ter dormido com Zac. E também não quero perguntar a minha mãe sobre isso, acho que ela poderia influenciar um pouco nos meus sentimentos e isso não seria bom. Que merda. 

Preparei um pouco de pipoca, colocando-a na mesinha de centro e peguei meu cobertor de patinhos, me enrolando nele e sentando no sofá. Meu celular bipou e vi que havia uma notificação de mensagem, era Zachary. Abri a mesma e vi uma foto de um chupão -provavelmente dado por mim e logo abaixo seguia a mensagem: 

"Virou uma sanguessuga, raio da lua?"

Ri da mensagem e respondi, mandando uma foto das minhas pernas que estavam bastante marcadas. Zac me fazia rir e eu gostava do jeito que ele me fazia sentir leve, mas, ao mesmo tempo, não conseguia esquecer de todos os apelidos e do bullying que ele me fez, coisa que me deixava pesada e exausta. 

"Sabe qual é o dia da semana?" 

Franzi o cenho e olhei no calendário, era domingo e respondi.

"Domingo."

"Domingo começa com 'D' de Devemos nos beijar."

Comecei a gargalhar e senti lágrimas de risos saindo dos meus olhos, enxugando-as rapidamente. Senti um peso ao lado do sofá e mandei uma mensagem dizendo que depois nós conversávamos. 

— Parece que temos alguém feliz hoje. Quem é? -Perguntou mamãe. 

— A Molly. -Menti e guardei meu celular.- Vamos ver qual filme? -Perguntei.

Rolamos na listagem dos streamings e escolhemos algum filme aleatório, abracei mamãe com a cobertinha e pegamos o baldinho de pipoca. Não conseguia me concentrar no filme, o caso Zac X Molly estava rodando na minha cabeça e a enxaqueca já começava a querer aparecer. 

— Mamãe... -Chamei e ela me olhou.- Preciso de um conselho.  -Murmurei. 

Mamãe pausou o filme, colocou o balde de pipoca na mesinha de centro e me olhou, cruzando as pernas, esperando eu falar. Respirei fundo e encarei-a.

— Uma menina do meu colégio veio me pedir um conselho e eu não sabia o que dizer. -Murmurei.

— Se eu puder ajudar, eu estou aqui. -Sorriu e debruçou-se na mão, apoiando-a no sofá.- Qual o problema dela?

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