Salmo 22:1-2

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"Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?

Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido?

Deus meu, eu clamo de dia, e tu não me ouves;

E de noite, e não tenho sossego."

Em silêncio, deitado em sua cama encolhido debaixo das pesadas cobertas no meio da fria madrugada que fazia no Vaticano a alma de Madara grita em sua mente, enquanto ao seu lado está quem sempre esteve ali, seu avô. Desde que o Uchiha chegou há dois dias atrás acompanhado de oficiais da Guarda Suíça, Paggio soube que tinha algo errado. Não apenas pelas companhias que estavam com seu neto, mas também pelo olhar perdido do jovem Uchiha.

Perdido em sua própria mente, Madara sentia que era oficialmente um pecador.

Não era mais digno.

Prometeu a seu avô que jamais mancharia sua batina e o que deixou acontecer? Deixou um porco colocar as mãos sujas em si. Não conseguir impedi-lo antes de ter os lábios violados. Há muito tempo os lábios do Uchiha estavam abandonados assim como o amor que esse era apenas a Deus. Resistiu ao seu amigo, naquele maravilhoso show, resistiu a tentação em forma de um belo investigador que o fazia sorrir cada dia mais, para enfim o destino o forçar a sucumbir nos braços desgraçados de um porco!

O que Madara fez para estar recebendo tudo que andava recebendo de punição ultimamente?! Será que suas saídas aos shows zangaram Deus? Sua rebeldia? Sua paixão platônica secreta por Tobias Forge e sua bela voz? Ou seria punição pelas vezes em que gaguejou na homilia quando via seu amigo tentando se esconder dentre a multidão na basílica? Ou talvez sejam justamente os pensamentos que vinha tendo apenas em sua mente com o Senju. Nada era realidade e nada nunca passou de pensamentos mas... Deus estava lhe punindo por causa de seus pensamentos? Ou era culpa de seu recente sonho?

Madara pensava em um milhão de possibilidades que zangaram Deus, mas sua mente não parava de mostrar o Senju... seu rosto bonito... seu sorriso grande e bonito... os cabelos longos e brilhantes... as mãos que tocavam a xícara de chocolate quente quando saiam juntos para comer algo. Os momentos com ele, Hashirama Senju, dominava sua mente e isso fez seu estômago esfriar como se diversas pedras de gelo estivessem repentinamente chego ali e lhe envolto em um arrepio gelado que o fez estremecer.

O que era isso?!

Madara abriu seus olhos enfim para o seu redor e observou Paggio sorrindo para si, enquanto esse segurava um terço em uma das mãos, sentado na confortável poltrona ao lado da cama de Madara, segurando a mão dele com a mão que não era ocupada pelo terço. E o Uchiha mais jovem sorriu ao avô e perguntou, sentando-se, apoiando as costas na cabeceira.

— Vovô, podemos conversar? — Perguntou o Uchiha e Paggio sorriu ao neto e disse. — Eu estava me perguntando quando iríamos ter essa conversa, meu querido. — O idoso se levantou e sentou na beira da cama batendo no lado para Madara sentar ali. O Uchiha não apenas sentou como deitou, encolheu as pernas sobre a cama e deitou no colo dele enquanto o simpático homem acariciava os cabelos de seu neto fraternalmente. — Pode falar o que deseja, querido.

— Eu desapontei Deus, vovô. — Disse Madara não contendo as lágrimas ao começar. — Deixei aquele bandido porco me beijar, manchar a minha batina eu não consegui escapar dos braços dele a tempo.

— Você já disse isso um milhão de vezes, desde aquele dia meu querido. E já conversamos sobre isso, você passou dois dias inteiros em jejum, orando pedindo perdão a Deus, rezou muito mais que o necessário e ainda diz isso meu neto?! Você sabe que não foi culpa sua, Deus entende que não manchou sua batina, fora o inimigo que colocou aqueles ... malditos... em seu caminho. Você não é culpado. E mesmo não sendo culpado você fez penitências que não precisavam ser feitas.

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