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Capítulo 4: Dorotéa, a Marceneira

Durante uma briga acalorada com Ângelo, a tensão atingiu seu ápice e uma cadeira de madeira foi brutalmente quebrada. Lisa se viu diante da necessidade de consertá-la e decidiu procurar os serviços de marcenaria para resolver o problema.

Foi então que Lisa ouviu falar de uma habilidosa marceneira chamada Dorotéa. No entanto, ao descobrir que Dorotéa era visivelmente lésbica, Lisa sentiu-se reticente e um certo preconceito se instalou em sua mente. Ela começou a duvidar da capacidade de Dorotéa em realizar um trabalho de qualidade, pois a aparência e a orientação sexual da marceneira não se encaixavam nos estereótipos que Lisa havia internalizado.

Apesar de suas reservas, Lisa estava ciente de que precisava resolver o problema da cadeira quebrada. Ela superou suas dúvidas e decidiu entrar em contato com Dorotéa para fazer um pedido.

Passadas algumas semanas, devido à alta demanda pelos serviços de Dorotéa, a cadeira finalmente ficou pronta. Lisa, que havia pago uma parte adiantada, ficou surpresa ao ver o resultado. A cadeira estava bem-feita, robusta e com um acabamento impecável. A habilidade de Dorotéa era inquestionável.

Ainda assim, Lisa manteve uma certa distância, não estendendo a conversa além do necessário. Ela sentia-se desconfortável com a presença de Dorotéa, uma mistura de preconceitos arraigados e a insegurança que permeava sua vida.

Dias depois, enquanto caminhava por uma rua escura e deserta, Dorotéa ouviu uma discussão acalorada. Ao se aproximar, percebeu que um homem estava agredindo brutalmente uma mulher. Sem hesitar, Dorotéa, que possuía uma faixa preta de karatê, agiu rapidamente para proteger a vítima. Com maestria e precisão, ela aplicou uma chave de braço no agressor, imobilizando-o.

Para sua surpresa, a mulher que estava sendo agredida era Lisa. Lisa, atordoada, pediu a Dorotéa que não se envolvesse e, segurando a mão de Ângelo, foi embora sem dizer uma palavra.

Dias depois desse incidente, Lisa, ainda com a imagem de Dorotéa em sua mente, decidiu enfrentar seus preconceitos e buscar entendimento. Ela se dirigiu até o local de trabalho de Dorotéa para pedir desculpas e justificar seu comportamento anterior.

Dorotéa, que não entendia a motivação por trás das ações de Lisa, foi franca e direta: "Olha, senhora, eu não tenho nada a ver com a sua vida. Não quero saber dos seus problemas,  é melhor a senhora ficar longe." Lisa, sem graça e ao mesmo tempo intrigada, deixou o local e seguiu para casa, com pensamentos confusos e uma semente de curiosidade plantada em sua mente.