Capítulo 9

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Meus olhos se recusaram a deixar de olhar as palavras pintadas no para-brisa. Os traços destacavam a fúria com que as palavras haviam sido rabiscadas.

- I-isso... isso... isso.... - Eu não consegui terminar a frase porque minha mente ainda não conseguia processar o que tinha acontecido.

Achei que estávamos seguros. Brian Maslow nos enviou aqui porque ninguém aqui sabia quem éramos ou as acusações contra Gideon. Mas quando olhei para o carro, todas essas crenças viraram pó.

Não estávamos seguros. Não havia nenhum lugar que pudéssemos ir onde as pessoas não nos conhecessem. E com a forma como a mídia espalhava as histórias, eu tinha certeza de que as pessoas nas partes mais remotas do mundo sabiam quem éramos, agora.

E isso não era um bom presságio para nós.

- Entre no carro, - ordenou Gideon, desviando os olhos do para- brisa e marchando para o carro.

Ele abriu a porta e deslizou para dentro, enfiando a chave na ignição e ligando o carro. Eu rapidamente entrei e ele não perdeu tempo em dirigir de volta para casa.

- N-nós consertaremos isso. l-isso não significa nada, - eu disse, tentando tranquilizá-lo, o que foi em vão, pois nem eu acreditava em minhas próprias palavras.

E como eu poderia acreditar nelas, quando o mundo inteiro parecia estar contra nós.

- Não. Há. Nada. Para. Consertar. - Ele enunciou cada palavra, o que significava que era para eu calar a boca.

Não demorou muito para chegarmos em casa, principalmente porque Gideon estava dirigindo acima do limite de velocidade, e eu tinha certeza de que poderíamos esperar uma multa no futuro.

Assim que chegamos ao apartamento, Gideon tirou a chave da igniçãoe quase correu para dentro sem esperar por mim.

Corri atrás dele até chegar ao nosso apartamento, onde o vi entrar. Lily correu em direção a ele, seus pequenos braços estendidos, esperando que seu pai a pegasse.

O choque me rasgou quando Gideon passou por ela, claramente não percebendo o movimento de suas mãos enquanto empurrava Lily para o lado, fazendo-a cair, sua cabeça colidindo com o chão e ela explodindo em lágrimas.

O medo me atingiu bem no peito enquanto corria até Lily e a erguia em meus braços. Corri meus olhos sobre sua cabeça procurando por ferimentos antes de inspecionar o resto de seu corpo por qualquer possível hematoma.

Foi só quando não encontrei nada que soltei um suspiro de alívio e me concentrei en silenciá-la.

Lily lamentou enquanto grandes lágrimas rolavam por suas bochechas rechonchudas. Seus olhos verdes brilharam com mais lágrimas não derramadas. Eu a balancei para frente e para trás e beijei sua cabeça, esfregando o local com a minha mão. -Está tudo bem, querida. Você está bem, eu murmurei, fazendo o meu melhor para conter a fúria que queria estrangular meu marido.

Levei cerca de vinte minutos para fazer Lily parar de chorar.

E foi só depois que a sentei com seus irmãos e Nico e coloquei um monte de brinquedos ao redor dela que eu finalmente fui para o meu quarto, onde Gideon estava parado na frente da janela.

- Que diabos?!, - comecei assim que fechei a porta.

- O quê? Não tenho tempo para falar agora, pombinha. Preciso de tempo para pensar, - disse ele sem olhar para mim.

A raiva rosnou e soltou suas garras, o que me fez correr até ele de modo que ele não teve outra opção a não ser olhar para mim.

- Você sente o mínimo de culpa por suas ações?,-  eu exigi. Ele arqueou uma sobrancelha. - Como é culpa minha Lily ter chorado? Ela precisa entender o que está acontecendo. Não é hora para acessos de raiva.

Casando com o CEO - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora