4. Entre sílabas

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O sentimento que não se rega, morre

21/10/2022

Minha mente estava nublada, como se estivesse passando por um tempo ameno depois da tempestade e o vento frio que açoitava as flores, era o cafuné que agora recebia.

Diferente das últimas vezes eu não chorava mais, a única coisa que me perseguia era a angústia. A dor da saudade, a falta do tempo que eu não podia recordar e as memórias que não cansava de repetir.

Respirei fundo, lembrando das diversas vezes que prometi a mim que chorar não adiantava nada.

- Está melhor, Minnie? - A voz amena sussurrou, quase inofensiva.

- Estou sim... - Menti. E quando os olhos de Namjoon se encontraram com os meus tive a certeza que ele sabia que eu havia mentido, mas só pude ver sua covinha quando ele repuxou os lábios em um sorriso sútil. Ele não ia me forçar a nada.

Foi então que uma lágrima teimosa e solitária desceu por minha bochecha, e eu senti seus dedos a limpar gentilmente. Não pude deixar de sorrir, mesmo com os olhos marejados. Namjoon foi como um anjo da guarda na minha vida, apareceu no momento em que mais precisei e continua comigo até agora, depois de ter perdido algumas pessoas que achava que eram minhas amigas.

- Obrigado - Senti a necessidade de agradecer, eu sei o quão difícil é escutar os problemas dos outros e tentar de alguma forma ajudar.

- Você sabe que não precisa me agradecer por nada - Ele negou, sorrindo - Eu amo estar ao seu lado, Minnie. É uma honra saber que você confia em mim nos seus momentos vulneráveis.

Ele passou a mão em meus cabelos, bagunçando-os.

- Você é muito especial, Jimin. Não pode nunca se esquecer disso, não deixe que as pessoas te façam mal, as palavras rudes que elas dizem sobre você não significa nada.

- Não sou especial, você que me faz sentir assim. - Sorri e ajeitei o cabelo que ele havia bagunçado.

Estávamos no banco do colégio ao lado do parquinho infantil, já estava anoitecendo e eu esperava pelo meu pai para que pudesse ir embora, coisa que eu definitivamente não queria.

Era sexta-feira, e enquanto muitas pessoas da minha idade estavam animadas para alguma festa ou simplesmente porque teria o fim de semana como descanso, eu estava desanimado.

Não queria ficar em casa, sabia que isso significava ficar mais tempo com meu pai e ultimamente nossa relação não é a das melhores e anda me desgastando cada vez mais. Suspirei ao lembrar o motivo de minha angústia, queria sumir até que tudo ficasse bem.

- Jimin, quer brincar no balanço? - Namjoon não esperou minha resposta, apenas "invadiu" o parquinho de areia e me chamou com a mão. Me fazendo deixar de lado alguns pensamentos latentes.

Mesmo sem ânimo eu aceitei sua proposta. O balanço era uma das minhas coisas favoritas e mesmo que a areia entrando nos meus sapatos estivessem me incomodando, eu estava disposto a passar por isso só para brincar de me balançar.

Um pouco irônico eu diria, já que muitas vezes eu abdico dos meus incômodos somente para viver um pouco mais de algo que nem sempre vale o esforço.

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⏰ Última atualização: Aug 01, 2023 ⏰

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