3. Lenitivo

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Ansiar por algo que nunca virá dói mais do que uma decepção.

21/02/19

Jimin tentava ser pragmático, queria por tudo se convencer de que aquela semana monótona era apenas uma leitura errada de sua mente. A parte chata e arrastada de um livro a qual tinha que enfrentar para chegar em um dos melhores capítulos. Entretanto tudo parecia passar por cima dele, informações demais as quais pouco dava importância.

As aulas do dia foram chatas, sua vontade era dormir em todas elas. Tinha professores que até a voz o dava sono, como se tivessem contando histórias para uma criança dormir. E aquela era a vontade de Jimin, voltar a ser uma criança com poucas preocupações e desilusões amorosas.

Como havia imaginado, Jeon parou de falar consigo, a única coisa que recebia dele eram olhares rápidos e indiferentes. Jimin queria muito entender o porquê do afastamento, por mais que a frase tenha o machucado, não queria que ele se afastasse.

Rabiscava algumas coisas em seu caderno enquanto esperava os cinco minutos que faltavam para o intervalo, que pareciam eternos. Vez ou outra se pegava pensando novamente nos olhos escuros e nas palavras cortantes que ouviu no aniversário, o sentimento repulsivo fazia questão de sinalizar que estava sempre ali.

Sem que percebesse o sinal do intervalo ressoou, mas ele continuou ali, quieto em sua cadeira olhando os rabisco sem sentido no caderno. As vozes dos alunos começaram a se embaralhar, altas e incessantes enquanto aos poucos iam saindo da sala e deixando só o silêncio na companhia de Jimin. Ao menos foi o que ele achou, que estava sozinho, até uma figura alta parar ao lado da sua cadeira.

- Vai ficar sozinho aí ou a gente pode te fazer companhia? - o sorriso suave do garoto esbanjava uma covinha sutil e adorável.

Jimin até se atreveria a negar, mas a energia que Namjoon estava transmitindo o irradiou com certo conforto. Então somente concordou com a cabeça.

- Por que você ficou aqui? - o barulho da cadeira sendo arrastada sobressaiu a voz feminina, Park olhou para o lado vendo a novata se sentar.

- As vezes eu tenho o costume de ficar na sala. - não era mentira, até uns anos atrás quando se sentia mais triste ele prezava pelo seu próprio isolamento. Se afogava ainda mais na culpa e mágoa, sentindo tudo de ruim lhe dilacerar o coração. Engraçado que agora, quando achou que tinha juntado todos os cacos de porcelana do seu coração destruído, quando finalmente acreditou ter consigo ficar feliz e sentir ele bombeando o sangue pelo novo sentimento de amor, acabou sendo destruído novamente.

Os cacos explodiram em um tremendo caos, cortando as veias e espalhando o sangue. E o resto bombeava o necessário para ser somente uma carcaça vazia vagando e fingindo sentimentos.

- Desfaz essa carinha de cachorro abandonado, até parece que não tem gente aqui. - disse Namjoon estalando os dedos na frente de seus olhos, o que fez acordar de seu transe. - Jimin, o que tá acontecendo contigo?

Queria dizer, sentia as palavras praticamente saindo cortantes de sua garganta, como se quisesse rasgar e sair gritando pra todo mundo. Que estava machucado, que não aguentava mais, que estava depositando todo o seu amor em Jungkook porque sabia que ele não ia retribuir. Sabia que ia sair mais machucado e aquilo o encantava, pois gostava da dor e achava que era aquilo que merecia.

Amava Jeon, mas amava ainda mais o sentimento doloroso que o amar lhe causava.

- É o sono... - mentiu com um sorriso falso no rosto, entretanto nem de longe aquilo enganou Namjoon. Não ele, que observava Jimin a algum tempo.

- Posso até ser só seu colega Jimin, mas estudo com você a muitos anos pra saber que esse seu jeito de se comportar está esquisito. - ele cruzou os braços, falava sério e parecia realmente preocupado. O que pra Jimin era tão estranho, se perguntava se Namjoon conseguia enxergar suas feridas emocionais, mas era impossível nem mesmo sua mãe percebia.

Nem por um segundo || PJM + JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora