Capítulo 1.

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MARGOT

Ele ruboriza ao passar por ela no corredor.

Margot pisca os olhos, fingindo inocência, não é possível que ele ache que ela não o vê.

- Desculpa, Raven. - Ela sorri, culpada. - Você pode repetir a última frase?

- Você estava secando o Sr. Quinn de novo?

Ela ri.

- Por que não estaria?

Margot tem o observado por meses, desde que ele entrou para substituir o velho sr. Howard, que acabou tendo um ataque cardíaco em sala. O corpo docente deveria saber que não ia dar certo colocar alguém com a beleza dele na frente de uma sala cheia de garotas.

Mas aqui está ela, sentada em uma das mesas no fundo, se mantendo o mais longe possível da tentação.

Tentando não sentir nada.

- Nós finalizamos Moby Dick na última aula... - O sr. Quinn caminha de um lado para o outro na frente da sala, os olhos no livro em mãos. - Deveríamos começar Shakespeare, mas estamos adiantados. - Ele sorri, metade da sala de aula suspira. - Portanto, acho que vocês vão gostar de ter uma folguinha da literatura masculina.

- Vamos ouvir Taylor Swift, então? - Raven faz piada, arrancando risadas de metade da sala.

- Apesar dela ser ótima, não. - O sr. Quinn ri. - Eu trouxe um pouco de Sylvia Plath. Quem conhece?

Todas as alunas levantam a mão, exceto Margot. Ela gosta de manter a pose de quem não sabe nada, é fácil fingir o desinteresse. Ela tem feito isso por anos, desde que entrou na escola, só para irritar os pais.

E assim, acabou com 19 anos, no último ano do ensino médio pela terceira vez. Depois de reprovar na GCSE pela primeira vez, ficou mais fácil de bancar a desinteressada.

- Sylvia Plath foi uma escritora americana dos anos 60. Ela é autora do romance autobiográfico “A Redoma de Vidro” e ficou conhecida por ser um dos principais nomes da poesia confessional.

- Mas só teve reconhecimento depois do suicídio. - Margot resmunga, rabiscando distraída no caderno.

- O que foi, Margot?

Ela limpa a garganta, deveria o ignorar, assim como faz com todos os outros professores, mas os olhos dele...

O que ele faria se ela começasse a tocá-lo agora?

- Eu disse que ela só começou a ser reconhecida depois do suicídio.

Os burburinhos se espalham pela sala, como se essas hipócritas nunca tivessem ouvido essa palavra antes.

- Sim, suicídio. - O sr. Quinn confirma. - Sylvia tinha depressão e acabou...

- Enfiando a cabeça no forno e se matando. - Margot completa. - O que só trouxe mais melancolia para a poesia e ela se consagrou como um símbolo feminista.

- Exato. - O professor sorri abertamente, finalmente tirou os olhos do livro e está a olhando.

O que ele faria se nunca fossem descobertos?

Margot se afunda na cadeira, quer fugir da atenção da turma, mas não da dele. Está adorando o fato do professor finalmente estar a olhando. Ele tem fingido que não vê o quanto ela o observa, o devorando com os olhos, desejando arrancar o terno de tweed e a gravata...

O que ele faria se eles nunca fizessem um barulho sequer?

O sr. Quinn continua com a aula, lendo as primeiras páginas de “A Redoma de Vidro”.

Raven se inclina em direção a mesa dela.

- Eu não sabia que você gostava de Sylvia Plath.

- Gosto. - Ela dá de ombros, como se não fosse nada.

O primeiro livro que ela leu inteiro foi a redoma de vidro. Margot devorou as páginas em uma madrugada, mal tinha idade para entender metade das coisas que estavam no papel, mas amou cada parágrafo.

Sylvia Plath foi a sua única companhia em várias madrugadas solitárias, sentada no banco da janela do quarto, ouvindo os pais comemorando alguma coisa no andar de baixo.

É, ela meio que gosta de Sylvia Plath.

- Acho que ele finalmente reparou em você. - Raven sussurra.

- Não da forma como eu queria. - Ela ri, baixinho.

- Raven? Margot? - O sr. Quinn chama. - Vocês querem compartilhar os comentários com o resto da sala?

Ela abre um sorriso para ele, mordendo a tampa da caneta.

- Claro, sr. Quinn. - Margot desce os olhos pelo corpo dele. - Eu estava explicando como a aula está interessante.

- Que bom que você acha isso.

- Você não faz ideia, professor.

- Eu imagino. - Ele responde. - Na verdade, já que a aula está tão interessante, você poderia vir aqui e continuar a leitura de onde eu parei?

- Não, senhor. - O sorriso não vacila.

Ele arqueia a sobrancelha, parece não acreditar na recusa.

- Margot, aqui. - O professor aponta para o livro que segura. Como se ela fosse a porra de um cachorro.

- Minhas pernas não funcionam. - Ela debocha, empurrando a cadeira para trás e colocando os pés em cima da mesa. - Sinto muito, professor.

O sr. Quinn respira fundo, apertando o arco do nariz. Ela mantém os olhos nele, o desafiando.

Ele volta a atenção para o livro.

Que chato, ela pensa, ele desistiu muito rápido.

Margot continua olhando, mordendo a tampa da caneta. O sr. Quinn desvia os olhos do livro por tempo o suficiente para pegar o olhar dela.

Ela apenas move os lábios para ele:

- Eu vejo você.

I Can See You × Joseph Quinn [Short Fic]Onde histórias criam vida. Descubra agora