23| Her

8.2K 446 31
                                    

Fazia algumas semanas que eu estava 'morando' com Gavi. Consequentemente, precisava reabastecer o meu estoque de roupas.

Aproveito que os meninos estavam no treino e pego um Uber para ir até a minha casa. Era lógico que meu pai não estaria em casa, já que ele treinaria os meninos. Ou seja, a casa seria só minha.

Entro em casa com as minhas chaves com chaveiro de pom pom. A casa estava completamente silenciosa. Subo direto para o meu quarto, pegando algumas roupas, maquiagens, fotos, e coisas desnecessárias que eu não iria precisar, mas que tinham um grande valor emocional e sentimental para mim. Como o meu diário, ou o meu álbum de fotos e a minha polaroid também.

Verifico tudo mais uma vez antes de sair. Desço as escadas de casa indo em direção a porta. Me surpreendo ao ver que ela teria aberto sozinha.

— S/N? — ouço a voz de meu pai depois de semanas.

Merda, merda, merda...

— Eu já estou de saída. — sou breve e tento passar pelo mesmo. Meu pai segurou meu pulso delicadamente, me impedindo de sair do local. — O que quer?

— Conversar. — ele me encarou. — Faz dias que eu não te vejo. Não sabia como você estava... se estava bem... — ele disse preocupado.

— Estou bem. — afirmo o encarando friamente. — Era só isso?

— Poxa, filha. Eu estava preocupado. — ele esclareceu.

— Eu estou bem. — repito me soltando do mesmo.

— Olha, eu sei que o que eu fiz não tem perdão, e nunca vai ter... Eu só quero poder mostrar o meu lado da história. — ele pediu.

— Para que? Contar mais mentiras? Não, muito obrigada. — recuso.

Tento sair e novamente fui barrada pelo meu pai.

— Por favor, S/N. — ele segurava o meu braço. — Eu não vou te obrigar a ficar se não quiser, mas pelo menos me escute. Me de uma chance de concertar o que eu fiz.

— O que você fez não tem concerto! — afirmo cuspindo minhas palavras.

— Deixe-me pelo menos tentar. — ele quase implorou.

Eu queria sair o mais rápido possível daquele lugar, mas eu sabia que ele não me deixaria em paz.

— Você tem 5 minutos. — digo com firmeza e vejo o mesmo suspirar aliviado. — E então? O que tem para me dizer? — o encho de perguntas.

— Eu só quero mostrar a minha parte da história. — ele se afastou de mim e foi em direção a um móvel de madeira com gavetas na sala de estar. Assim que o mesmo abriu a gaveta, ele retirou uma caixa de metal velha. Meu pai voltou em minha direção a abriu a caixa.

— O que é isto? — pergunto enquanto meu pai tirava uma papel da caixa. Ao me aproximar pude ver que era uma fotografia.

— Está era a sua mãe. — ele me entregou a fotografia. — Foi a mulher mais encantadora que eu já conheci.

Ela era linda...

— Quando nos conhecemos ela tinha sua idade. — ele encarava a foto. — Eu tinha acabado de ser promovido como titular. — Ele direcionou o olhar para mim. — Nos conhecemos depois de um jogo em que o Barcelona havia ganhado... Seu pai era um brasileiro fanático por futebol, era um dos investidores do time na época. Sua mãe, ela odiava ter que ir aos jogos, ela estava emburrada quando nós vimos pela primeira vez.

— Ela não gostava de futebol? — perguntei.

— Ela não gostava de ser obrigada pelo pai de ir aos jogos. Assim como alguém que eu conheço. — ele apontou para mim. — Não demorou muito tempo para que começássemos a sair. Éramos adolescentes apaixonados... e muito jovens. Depois de alguns meses eu engravidei sua mãe. Ela ficou desesperada assim como eu na época, e então decidimos guardar segredo da mídia.

— E o que aconteceu? — pergunto curiosa.

— Infelizmente a notícia veio à tona. A mídia veio para cima de nós, nos sufocando. Foram 9 longos e dolorosos meses. Até você nascer. Você era a nossa princesinha, S/N. — vejo um lágrima escorrer pela bochecha do meu pai e logo vejo sua voz trêmula. — Você nos encantou, nossos corações batiam por você. — Ele estendeu sua mão para mim e eu a segurei. –– Alguns meses depois do parto, ela começou a trabalhar. Iniciou a carreira de modelo, a carreira que ela sempre sonhou. Foi incrível como ela se recuperou rápido depois da sua chegada.

— Ela era modelo? — questionei surpresa.

— Era, a mais linda de todas. E não demorou muito para que ela fizesse sucesso. — ele deu uma boa olhada na foto. — Quando você completou 2 aninhos, ela teve que fazer uma viagem a trabalho, enquanto ela dirigia, ela desmaiou e bateu em um poste. Depois que ela foi levada para o hospital descobriram o câncer. Tentamos de tudo para que o pior não acontecesse, mas ela não resistiu. — ele me encarou com os olhos marejados. — Ela se foi quando você tinha apenas 3. Depois disso seus avós voltaram para o Brasil e eu fiquei com você.

Sinto lágrimas involuntárias escorrerem pelo meu rosto. Depois de tanto tempo sem saber quem ela era, sem falar sobre ela, aquilo era como tirar um peso das costas, finalmente conhecê-la.

— Eu não suportei a culpa de deixá-la morrer... Então eu achei que de eu fingisse que ela fosse embora, seria menos doloroso. — Meu pai me encarava novamente.

Eu sentia um aperto no coração, algo inexplicável. Eu sei que não conseguiria
perdoa-lo, mas não consigo fingir que sinto ódio. Pois eu não sinto.

— Ela era linda, não era? — pergunto encarando a foto.

— A mais linda de todas. — ele afirmou. — Eu sinto saudades dela todos os dias. — meu pai não consegue segurar o choro e desabou. — Eu sinto muito, S/N. Eu não queria te fazer sofrer. Nunca quis... Só é difícil.

— Tá tudo bem, pai... — suspirei. — Eu sei que você não fez por mal. Agora eu sei. — reforço o abraçando.

Meu pai me retribuiu com um abraço forte. Um bem apertado para ser sincera. Conseguia sentir a sinceridade através de seu abraço.

— Me promete que vai voltar? — ele sussurrou.

Merda.

Pai, preciso te dizer algo! — me afastei com um sorriso forçado.

Rapidamente Gavi me vem à cabeça. Como eu digo para ele que eu estou namorando?

— Então diga. — ele me encarava ainda com os olhos marejados.

É agora que eu me jogo da janela e tenho uma morte rápida e dolorosa?

— Bem... nesses últimos tempos eu venho, Ahn... — penso. — Eu venho passando mais tempo com o Gavi. E bem...

— Você fizeram as pazes? — ele me interrompeu. — Finalmente, eu não aguentava mais fingir que eu não via vocês se 'matando' pelos cantos.

'Pera, 'pera, 'pera, ele já sabia de tudo?

— Você sabia disso? — o questionei surpresa.

— É! Na verdade todos sabiam. — ele explicou. — Vocês não são bons em se esconderem, e bem... eu prefiro que sejam amigos.

Amigos...

— Na verdade não somos amigos, pai. Nós somos...

Vixx, falo nada!

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Vixx, falo nada!

𝐈 𝐇𝐀𝐓𝐄 𝐓𝐎 𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐘𝐎𝐔; Pablo GaviraOnde histórias criam vida. Descubra agora