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— Maraisa uma das meninas disse que o recheio daquele bolo de casamento não está legal. Está mole e na hora de colocar vai escorrer pelas beiradas.

— Calma, deixa que vou olhar.

Maraisa correu pra ver o recheio, mexeu com uma colher de pau e acrescentou alguns ingredientes. Em minutos estava espesso e macio.

— Pronto, deixe ferver e desligue o fogo. – falou com a doceira e saiu.

— Ô mulher arretada!

— Se precisarem de ajuda me chama.

Maraisa voltou para seu escritório. Tudo nele era a sua cara, nada rebuscado ou exagerado. Os poucos detalhes que tinham, eram sóbrios e sérios. Não dedicava seu tempo a futilidades. Sentou e recomeçou o cardápio novamente, minutos antes de sair da sala haviam ligado pedindo um coquetel completo para um evento em uma empresa de publicidade, a Rio Quality.

— Bom, eles pediram qualquer coisa com camarão, querem um canapé brasileiro, então vou usar carne seca. – falava sozinha. – No jantar acho que truta ao molho de...

—Falando sozinha, daqui a pouco é babar na gola e rasgar dinheiro. – chegou Maiara falando com a amiga e chefe.

— Oi Maiara, estou construindo o cardápio do coquetel da Rio Quality.

— Ui, que chique! Pra quando?

— Final de semana, sexta-feira, mais precisamente. Temos duas semanas pra isso.

— Moleza pra gente.

— Sabe que fiquei ansiosa? É a agência de publicidade mais famosa do país e esse coquetel deve receber gente de todo canto do mundo. Tenho que fazer bonito.

— Você sempre faz, fica tranquila. Seu nome corre o Brasil também ta?! Quem não conhece Maraisa Pereira?

Maiara falou e saiu e a deixou totalmente nostálgica.

Maraisa havia saído de casa com dezessete anos, sua mãe havia descoberto sobre sua sexualidade. Nem seus pais e familiares mais próximos aprovaram, então ela se mudou de uma cidade do interior de Minas Gerais para Niterói. Sempre tivera talento na cozinha e seu primeiro emprego lhe rendeu a confiança do chefe, dono do restaurante. Com isso pode fazer cursos e se aprimorar, foi passando de lanchonete à restaurante da alta gastronomia até abrir seu buffet. Não quis abrir um restaurante próprio, mas um café e que se tornara um dos mais aconchegantes e frequentados do Rio de Janeiro. Agora com quase trinta anos, ela tinha uma vida consolidada, era famosa no ramo e carregava muitas conquistas em sua bagagem. Só faltava amar alguém de verdade. E isso pra ela estava fora de cogitação.

Maiara entrou novamente em sua sala e a interrompeu.

— Quero saber se hoje você vai a inauguração daquele restaurante?

— Claro, se eu não for Juliano me frita na chapa. – riu.

— Então vou confirmar sua presença. Eles tão ligando direto, ou tá muito cheio ou vazio demais. Pela insistência. – fez uma cara debochada.

— Com certeza está cheio, depois que jantar lá, nunca mais vai querer comer em outro lugar. Ele é o melhor.

— Seu concorrente!

— Não vejo assim, aqui tem espaço pra todo mundo e ele seguiu pela culinária italiana. Estou mais pra brasileirinho, feijão com arroz. – sorriu.

— Ah sim, se servisse feijão com arroz aqui, teria uma fila de 10 quilômetros na porta. – riram as duas. – Vou confirmar sua presença e a minha tá? Não serei crítica de gastronomia, mas aceito um pratinho pra experimentar. – brincou e saiu fechando a porta.

Medida certa - Malila Onde histórias criam vida. Descubra agora